terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Todo dia é dia


Todo dia é dia.

O tempo não para nunca e ainda não entendo o porquê temos que esperar um evento, uma data, um acontecimento para agradecer, homenagear, enaltecer aquele que nos fez bem nem que seja em um único gesto. 
O tempo pode ser ilusão para muita coisa, mas uma coisa que é sabida é que ele continua, e traz para nós (ou leva embora) a todo instante pessoas, coisas e fatos importantes.

Para quê esperar chegar o último dia do ano para dizer a alguém o quanto este é especial, sendo que se for considerado o calendário gregoriano, você tem outros 365 dias num mesmo final de data, para olhar nos olhos, falar sobre amor, abraçar com carinho , mostrar ternura e afeto?

Não adianta esperar o dia 01 de janeiro. Ele sim é uma ilusão. Ilusão de recomeço. Ele é só mais um dia, de outros tantos que terão 24 horas para você tentar melhorar a pessoa que você constrói a cada dia.

Pra quê esperar um só dia para falar de amor e desejos sendo que a cada segundo, tudo pode mudar e aquele que você ama pode não mais estar aqui?… E veja bem, não falo só da morte, aquele evento que pega a gente e acorrenta num infinito de questões. Falo de qualquer distância física, que deixa um buraco na gente, e também aprisiona o amor, enjaula numa sela sufocante, onde não há mensagem ou vídeo que substitua a vontade de abraçar longamente.

Não espere que os anos mudem de número finais para olhar para uma data lá por 2045 ou mais, e arrepender-se do que poderia ter sido feito lá trás, em tempo que não volta mais. Nessa hora, não adiantará pensar “poderia ter amado mais, desejado mais, querido mais, tido mais coragem…” Essa hora, o tempo terá deixado seu rastro nos corações daqueles que ficaram com nossa mudez (e este rastro pode ser irreversível).

Não perca tempo porque o tempo dura muito para quem vive triste e o arrependimento tem um terço de tristeza embutido.

Não espere aquela oportunidade, não espere o momento certo, não espere o dia seguinte, não espere a próxima chance, não espere o próximo ano, não espere a sua velhice… porque a espera paralisa, congela e esfria.  E pode impedir você e mais outras pessoas de serem felizes. 


Feliz dia de hoje.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Carta para o Bom (?) Velhinho



Querido Papai Noel,
venho por meio desta, documentar pedido, visto que, nos últimos anos, não tem adiantado muito eu ser só menina boazinha.
Em início de documento, informo que este está registrado no Cartório de Notas da minha cidade natal, averbado sob número A6547383 em 19/12/2014.

Devo dizer que deve estar acontecendo algum erro de comunicação entre os pedidos e as chegadas deles. O senhor sabia que existem inúmeros programas de computador que podem ajudar no recebimento e entrega dos pedidos? Aplicativos também, para o senhor acompanhar pelo seu telefone celular… O senhor precisa se modernizar, Noel! Bota esses duendes aí pra trabalhar… modernize seus meios de comunicação, porque a coisa está feia pro seu lado. As pessoas estão deixando de acreditar, e eu sou uma delas.

A começar por quem anota os pedidos. Está na cara que o sujeito é estagiário, e a gente sabe Noel, estagiários tem tendência a fazer merda. Eles não anotam direito, ou anotam errado, ou não entendem o que a gente quer. Para um estagiário, tem que pedir tudo nos mínimos detalhes. Eles se confundem. E a gente já não tem mais paciência pra esses carinhas aí que estão começando na função… O povo aqui está achando que você é o gagá na história. Melhor colocar um mais graduado pra anotar pedidos.

Está na hora Seo Noel, de você dar uma forcinha em geral. A gente está precisando de um monte de coisa por aqui, e você bem poderia dar uma força com suas magias. Está faltando de tudo um pouco pra esse povo, principalmente aqui no Brasil. Está faltando segurança, educação, boas maneiras. Boas escolas, hospitais, transporte decente, boas estradas. Na verdade mesmo, Noel, está faltando muita vergonha na cara das pessoas que governam esse povo tão carente e o senhor bem poderia tentar fazer alguma coisa. Não tem aquele pozinho mágico que faz as renas voarem? Deve ter algum pozinho que o senhor possa jogar aí de cima naqueles que precisam de alguma mágica (ou milagre) para fazer um bom trabalho. Se não tiver o tal pozinho, pode jogar um machado na cabeça de cada um mesmo… serve. De repente, abrindo a cabeça deles, a gente consiga enfiar lá dentro o que eles precisam fazer.

Ainda falando de bens materiais, Seo Noel, está faltando dinheiro. Pra todo mundo. Pra mim também. Não tem coisa pior que trabalhar tanto e não poder usufruir de lazer porque a grana está apertada… e tem bem poucos podendo aproveitar o dinheiro que ganham. A maioria de nós só fica lambendo com a testa e está difícil ser feliz sem poder respirar fundo e relaxar de vez em quando… estamos meio tensos.

Está faltando compaixão, Noel. Está faltando empatia. Está faltando olhar pro lado e entender que não estamos sozinhos. Está faltando conscientização sobre o lixo que produzimos, sobre a água que consumimos, sobre o quanto jogamos fora enquanto tantos têm nada.

Está faltando um tal amor, meu Bom Velhinho, e está todo mundo desesperado por ele, tentando ser bonito via computador e sendo muito feio com quem está ao lado. 
Estão cobrando que a gente faça tudo imediatamente, Noel, e a gente tem recebido carinho eletrônico, cafuné em tela, e isso serve muito pouco.

Está faltando aquela magia que deveríamos ter o ano todo. A gratidão por termos uns aos outros, a felicidade de termos emprego, família, saúde, etcetera e tal. Estamos meio presos a um sistema que temos que entregar muito, receber pouco e ainda sermos gratos por não sermos aqueles que nada têm. Na minha opinião isso não está certo.

As pessoas estão andando cada vez mais cabisbaixas, com olhares distantes, com semblantes tristes… é só olhar envolta… Estão cobrando demais do nosso povo, estão abusando de poder, e as pessoas começaram a ficar descrentes, céticas.
Está difícil Seo Noel, e o senhor bem poderia dar uma força para, pelo menos, a gente acreditar, nessa época que as pessoas ficam mais sensíveis, de que vale a pena tanto esforço. De que vale a pena sermos bons, de que vale a pena acreditar no amor e que seremos retribuídos pelo melhor que distribuímos.

Feliz Natal pro senhor e para os seus.

P.S.: Dê um jeito nesse seu estagiário aí por favor, ele, definitivamente, não tem anotado certo meus pedidos. 
Um beijo





segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Quanto vale esse sorriso

Sorrisos sinceros de: Tadeu Veloso, Gustavo Bonadio, Paulo Campos, Tati Souza, Ismail Junior, Amanda Prates, Caio Medici, Ana Carolina Martinez, Vanessa Von Marées, Juliana Franquis,  Fabiola Cardoso, Lissiane Ribeiro,  Caroline Eugenia Guerra, Ricardo Mendes e o meu!



Ei, você… que recebe o meu sorriso…
Olhe bem para mim e veja quando amor eu tenho para lhe dar…

Sabe, esse amor, esse querer bem é por você mesmo. Mesmo eu nunca tendo te visto antes, nem você à mim. Esse sorriso transmite um pouco do carinho que eu tenho para oferecer, transparece um pouco da pessoa que sou, transmite a alegria de amar o que faço, e oferece o aconchego que você precisa para se sentir bem e seguro, aqui em cima, junto das nuvens (e mais perto de Deus).

E veja bem, esse meu sorriso não é uma obrigação, não. Apesar dos pesares, eu amo estar aqui. Mesmo abrindo mão das minhas pessoas especiais, estar aqui foi uma escolha minha e eu sorrio porque eu sou feliz.
Confesso que também sorrio para te confortar. Sorrio também para me confortar. Afinal, já que não posso estar ao lado de um ente querido, em data tão especial, ofereço a você a minha melhor parte, pra eu lembrar pra mim mesmo que sempre tenho uma boa parte para entregar, seja para quem for.

Lá embaixo, estão meu amores. Lá longe, ficaram meus amados. Diferente de você, que quer ir para longe, e comemora essa conquista, eu engulo a seco a minha despedida dolorida, me caracterizo com o profissional que tenho que ser, me preparo para meus deveres para com todos e venho cheio de mim, com toda minha alma, entregar a quem nunca vi, parte do que gostaria de deixar para aqueles que também me amam.

Esse sorriso não tem mágoa , não. Esse sorriso tem muita conquista. Conquista de quem lutou muito para aqui estar. De quem se prepara há muito e de quem se atualiza, estuda, se esforça, dedica… De quem abdica dos seus, para entregar a outrem… e o faz com o peito aberto e com muito carinho.

Faz parte da minha escolha estar aqui. 
Pode ser que eu tenha desejado uma outra condição, afinal, alguns de nós, com alguma sorte, consegue passar data tão importante dando colo, carinho, atenção e presentes aos seus amados.

Mas isso não te faz menos importante porque, para mim, você o é. E nesse sorriso você recebe o meu melhor. Receba minha atenção, minha disponibilidade, meu afeto, meu querer bem, minha entrega e minha dedicação.
 Afinal, quando sorrio para você, entendo o quanto vale o meu sorriso... nele entrego todo amor que tenho em mim.





Agradecimento especial aos meus amigos lindos e seus lindos sorrisos. Por confiarem a mim as suas imagens, na tradução dessas palavras.


domingo, 14 de dezembro de 2014

Os mais ricos



Ah, como seria bom se todos pudessem reconhecer o que é a riqueza, e o que se tem de mais rico no mundo.

A riqueza e a fortuna são condições que, infelizmente, não caminham juntas e muitas pessoas são incapazes de reconhecer.

As pessoas mais afortunadas que conheci, desconhecem o que é sentir amor, visto que não sabem administrar o que não é palpável.

Ainda, acreditam que a tristeza seja pertinente à sua condição de pessoa rica($), já que todos os outros ricos($) que conhecem, abriram mão da felicidade para administrar suas fortunas. Pior ainda, todos os ricos($) que conheci, acreditam (mesmo não tendo consciência disso) que presentes e dinheiro podem compensar sua ausência.

Perdoem-me os que se pensam ricos($)… vocês não conhecem a riqueza.

Vocês não sabem o que é ter um amigo porque sim, porque ele é seu parceiro, porque te quer bem, porque gosta da sua companhia, porque tem afinidades com você.

Vocês não sabem o que é contar moedinha, fazer uma vaquinha, ou não ter grana, e não poder fazer nada e mesmo assim poder suspirar profundamente, com a alma cheia de querer bem, deitado no colo de alguém especial.

Vocês não sabem o que é só estar junto e não precisar de teste, comprovação, garantia de que aquilo que se sente pelo outro é verdadeiro.

Vocês não sabem estar a pé, e caminhar feliz ao lado de alguém.

Vocês não sabem o que é receber carinho, atenção e dedicação, tendo certeza que é sem interesse, seja por notas ou cifras, ou acesso.

Aliás, vocês não sabem que a riqueza não tem papel, não tem fórmula, não tem garantia, não se guarda em cofre, não precisa de blindagem, nem de segurança 24 horas.

O que existe de mais rico no mundo não se investe a longo prazo, não se preocupa com a alta ou baixa, não se protege com anti vírus, não se deposita em conta corrente, não se entrega à uma instituição, nem se faz nota promissória.

O que se tem de mais rico não se compra, nem se vende. Aliás, o que se tem de mais rico, se dá, da forma mais pura e mais simples possível.

O que faz o homem mais rico, se sente de olhos fechados, arde o meio do peito por alguns segundos, esquenta em calor fervoroso, esfria em arrepio refrescante, e borbulha o estômago com uma revoada louca de borboletas coloridas.

O que se tem de mais rico, não se compensa com outra forma a não ser um beijo quente, uma abraço apertado, um olhar carinhoso, um aconchego de proteção (e em último caso, uma memória latente).

Perdoem-se os ricos de dinheiro, vocês não conhecem o que é ser rico se vocês não sabem receber, entender, aceitar e reconhecer o amor.



segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

A menina marcada em estrela

Desde pequena, enxerga por dentro dos outros.
Tem capacidade de scanear a alma daqueles que se relaciona.
Ela fecha os olhos e transcende para outros mundos.
De olhos abertos, vê os brilhos e luzes que são emanadas.
Ela sorri, e de sua expressão, não vem só a beleza de quem transmite alegria… mas vem uma brisa suave rara daqueles que suspiram longamente por gratidão.
Lá dentro dos seus olhos, vê-se um Universo inteiro de verdades e descobertas. Vê-se alma transparente e sagaz. Cheia de energia, fibra e dedicação.
Ouvidos atentos a qualquer pedido de socorro. Principalmente aos não ditos. Ainda assim, emana luz aos silenciosos que gritam em aflito.
Questiona a tudo, e por essa razão, ensina mais do que aprende.
Mantém-se alerta aos sons, aos recados e aos aprendizados. Não perde nada que acontece ao seu redor.
Estende a mão a quem passa, se compadece por quem precisa, constrói pontes para os desesperados.
Veio nessa vida para ajudar. Nasceu para crescer ainda mais a alma antiga, sábia e amorosa.
Recebeu em sonho, outro dia, a mensagem que explicava seu nascimento…


“Em fila de espera para entrada em outro universo, o anjo feminino recebeu uma ordem às pressas: um mestre chegou correndo e ditou as regras antes da sua partida dali: “ - Faça o bem. Veja o bem. Semeie somente o bem.”
E antes que o anjo descesse, o mestre a beijou na testa, e deixou ali uma estrela.”


Então, ela entendeu sua missão, e foi…

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Onde não couber palavras...


Tanto a dizer.
Mas palavras apenas tentam descrever sensações vividas. Palavras tentam descrever sentimentos.
Palavras são apenas palavras, são letras soltas para o vento, letras soltas no espaço… que tentam justificar aquilo tudo que preenche o espaço dentro de nós.
Qualquer que seja o texto a ser usado, ele não define o tempo que foi passado, o ardor ou calor.
Não existe forma ou cursiva. Não inventou-se maneira de deixar explodir o que se sente ou se sentiu… o que tem dentro da gente…
Tentamos, desesperadamente, utilizar as mais belas para honrar aos sentimentos mais nobres. 
Pode ser que seja em vão, porque as palavras não cabem neste vão infinito… fenda profunda de um coração que se faz abrigo de tanto amor.
Mas a necessidade de explicar o que se sente se faz implícita e infelizes nós, os que pensam designar em letras, a saudade, a vontade, o desejo, o carinho e a admiração.
Mas Alguém foi muito mais sublime, algum dia, inventou o amor colorido… 
Esse Alguém, semeou em nós o amor, e ao limpar as mãos, batendo-as uma na outra, fez com que o restante das sementes caísse em terra fértil e produziu aquilo que faria traduzir em beleza, a beleza do querer bem.
Esse Alguém nos ensina, que alguns momentos poderão ser silenciosos, mesmo com muito barulho interno.
E que para esses momentos, não caberão palavras.

Onde não couber palavras, caberão flores.


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Aos tolos de plantão



A gente não sabe de tudo nunca e, em alguns casos, é bem melhor continuar não sabendo... afinal, quando se descobre algumas verdades, corre-se o risco de entristecer.

Sabe-se pouco, mas uma das coisas já sabidas é que ninguém é cem porcento, e nada melhor que um dia após o outro para a gente conhecer quem é realmente quem.
Uma das verdades que aprendemos é que muita gente é bonita até a pagina 5.

Mas isso não nos limita em conhecer a fundo alguém. O problema é quando antes mesmo da sexta página, você já descobre o que o outro tem que te incomoda, ou que não corresponde à você. Se for assim, o melhor mesmo é já fechar o livro e esquecer o que vem no próximo capítulo.

Para aqueles tolos, que são de verdade, que acreditam em todos, a vida é um pouquinho rude.

Somos bobos, fazer o quê?

O problema da gente é que a gente pensa que os outros entregarão, no mínimo, aquilo que se dá. E nem sempre é assim.

Mas ressalto, que nós somos bobos mesmo, porque se alguém tem culpa quando se decepciona é só porque criou expectativa. E já disse algum sábio, de forma mais verdadeira, algum dia por aí: "A expectativa é a mãe da merda."

Palavras não tão brandas pra mostrar como as coisas são quando a decepção é grande: como um soco no estômago, que deixa a língua amarga, a cabeça tonteia e a alma escurece.

A expectativa quem fez, fomos nós, tontos assumidos, porque para pararmos de nos machucar, o certo seria começarmos a enrijecer, fazer o jogo deles, ficar com o pé atrás, entregar pouco, ouvir mais, receber mais e falar e doar muito menos.

Mas a burrice dessa espécie tola está na forma em manter-se crente que se pode encontrar gente da mesma espécie. Quem sabe com sorte se consiga achar um igual ou semelhante.

Enquanto isso não acontece, a gente ensina aos filhos a olharem com mais doçura e tolerância aos outros. Nossa burrice é tamanha, que nós a multiplicamos.

Porque o importante, para estes bobos iludidos é continuar acreditando que algum dia, quem sabe, a gente encontre aquele que corresponde o que se entrega. Quem também pense que ser humano é ter mais alma, mais coração.
Para nós tolos, conhecer algumas pessoas a fundo pode ser desencorajador. 

Para esses casos, nossa ignorância seria uma benção.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Vinte mil



Tudo muda o tempo todo, mas tem coisas que ficam dentro de nós.

Passe o tempo que for, independente da forma que este passar (arrastado ou voando), essa verdade de que o tempo muda tudo pode ser verdade para muita coisa, mas não para quem amou.

Seja por um milhão de motivos ou  por motivo único, tem sempre um alguém que chegou, arrebatou seu coração e se foi, levando este pedaço consigo.

A gente se reconstrói, mas a cicatriz é sempre latente, e o mundo nem sempre ajuda a gente, e coloca uma foto, uma música, uma lembrança, uma memória para fazer aquele amor doer.

Uma verdade que a gente já sabe é que um amor substitui ao outro, mas que não pega aquele lugar. Nesse lugar, não se senta no colo.

Mas a vida acontece, e o tempo passa e as pessoas vem e vão, com um embarque e desembarque constante, nas nossas plataformas imaginárias, e deixam um pouco de si em nós (isso quando não se deixam inteiras).

E a gente descobre mais verdades e felizes aqueles que descobrem que amor a gente recebe de quem tem para dar.

Amor não se pede, não se suplica. Amor não se esmola.

Amor acontece e só vem de quem está cheio dele para entregar.

Amor não se persegue, amor não se estiga.

Não se pleiteia, não se roga... amor não se demanda, nem se cobra.


Amor se deixa acontecer e tem que vir na forma que ele nasce. Seja devagarzinho, seja como um tufão que passa fazendo um alvoroço em nossos corpos... o amor chega, bate na gente e a gente gosta, porque reconhece imediatamente.

A gente com sorte, algum dia, conseguirá lembrar de todos eles com um sorriso no rosto. 

Quem sabe, quando bem velhinhos, contabilizaremos mentalmente todos os amores que já sentimos e todas as formas que estes amores foram vividos. Sem peso, sem dor... apenas com o amor, como ele já foi.

Ainda falando de sorte (e temos que ter sorte mesmo para não enlouquecermos neste mundo maluco), entenderemos ainda jovens que alguns amores só passaram por nós para nos trazer aquilo que precisávamos aprender, nem que seja apenas dor do rebuliço de um amor louco, que fará a estabilidade de um amor tranquilo ser um porto seguro (e delicioso de viver).

O amor não se escraviza, e quando deixamos um amor ir embora, abrimos espaço para que outro entre e comece tudo de novo, porque não há nada melhor que ter dentro de si muita história e muita memória.

Poderão ser vinte mil amores. Cada qual de um jeito, cada qual com sua fórmula.

O importante é começar cada um com espírito jovem, com o livro aberto, sem mentira, sem perseguição, sem melindres.

Que sejam vinte mil amores. Mas que cada um tenha seu devido sabor e lugar.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

O tal português

Só sei que foi há muito tempo.
Está tudo registrado... ele chegou por aqui e resolveu ficar.
Chegou com toda pompa que é característica de um bom europeu. Vestido em veludo, camisa com franjas e jóias... veio reinar mesmo: o português.
Ficou encantado com a beleza desse lugar. Encantou-se com o clima descrito em seu modo mais formal: "(...) a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados (...)."*
E decidiu aportar de vez...

Com o passar dos anos, o português foi se misturando, em todos os sentidos, em todos os gostos, em todos os âmbitos.
Misturou a pele com o índio e virou caboclo, virou mameluco.
E já que já era meio índio, pegou o que já estava aqui para si, mesmo porque, antes de chegar, ele nem os conhecia:
Pegou mania de dormir na rede, de tomar banho todo dia, usar enfeite, se pintar... comeu mandioca, abacaxi... subiu na árvore para colher  pitanga, caju. Fugiu da  jararaca e da sucuri. Conheceu a saúva, o tatu e o jabuti. E fez o tupi ser mais europeu.(1)

Em seu reinado, aceitou toda gente, do mundo inteiro que veio aqui também aportar, seja forçosamente ou não. E continuou sua mistura:a pele continuou a colorir, e já se fazia cafuzo, mulato.
E foi descobrindo o quanto  misturar é bom... mas ainda querendo dominar tudo, pega para si o que vem de outras terras e faz como se fosse seu.
Danado esse tal português.

Da África, roubou o quitute, como o feijão, acarajé, cachaça, chuchu, mugunzá, quiabo, vatapá,  canjica... ainda se tratando de comida, da senzala roubou a feijoada, bem regada no dendê e ainda jura que foi ele mesmo que inventou. Pra comemorar estas aquisições  nada melhor que um samba. Nesse angu todo, aceitou até o candomblé e tem certeza que Iemanjá é filha sua.(2)

Dançando balé roubou tanto jargão, achando chique ter decoração em cabaré com abajur e  buquê. Fez madame usar maquiagem, cachecol, bijuteria... virando até clichê. É tanta pose, tanta etiqueta herdada da elite... que até o leite pasteurizou.(3)


Pra mistura ficar mais genial, cozinhou o espaguete, a lasanha, o nhoque sem confetes do maestro italiano, com seu pitoresco piano a ostentar.(4)


Pro seu folclore, sem ciceronear, arrebatou o biquíni e os efeitos que este traz. Nocauteou as outras terras com seu esporte: futebol, voleibol, basquete... tem tanto craque no seu estoque, que  repórter nenhum consegue decorar o recorde

Misturou tudo num sanduíche. E se atualizou nas magazines onde pulover e tenis eram bem melhor usar.(5)

Herdou do Oriente o alfaiate quem trouxe algodão, e o embebedou de alfazema, para perfumar seu ambiente. Aceitou o cuscus e temperou essa algazarra com muita azeitona. Aderiu ao bazar e nele vende tâmaras, xarope, lima, café... coisas pra muçulmano nenhum botar defeito.(6)

Aqui ele não conheceu a guerra, mas sabe as consequências de uma guerra interna, de norte a sul. Tomou um vermute em sua embaixada, se sentindo rico por agasalhar tantas palavras de seus irmãos.(7)

Já celebrava em outras bandas a tal Páscoa, e já dava aleluia à Jesus e Maria, de segunda à sábado. Domingo ele resolveu descansar (quem nunca?).(8)

Já se escondeu em biombo,  foi derrubado no judô. Mas ainda assim se fez samurai e tem gueixas de olhos menos esticados.(9)

Tomou vodka, mas jura que a caipirinha boa mesmo é feita de sua cachaça.(10)

Ele aceitou tudo, aceitou todos... mas de um tempo para cá, anda meio cabisbaixo.
Ele se sente 'deletado', em uma inclusão digital, com tudo computadorizado e ele tem sido  deixado para trás.
Fizeram um 'control alt del'  no seu sistema, e ele anda confuso. Não se encontra nem por um corretor automático. 
Não tem mais aqueles que o defendam... Rui Barbosa, Aurélio... eles jazem esquecidos. Os poucos que o conhecem de fato são chamados de chatos, exigentes. 
Hoje, ele nem sabe mais onde ficar. Não sabe onde se encaixa, não sabe quem lhe escreve, aliás, hoje em dia, ele nem sabe mais se 'quem' se escreve com 'qu' ou com 'k'.
Ele só sabe que está preguiçoso, que está picotado, e que é aceito de várias maneiras, mesmo porque, o que menos sabem é como falar com ele ou escrevê-lo.
Ele não sabe mais onde tem hífen, espaço ou acento.
Ele já pegou o seu assento e se retirou, com vergonha dele mesmo.




* Trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha em 1 maio de 1500
(1)palavras de origem tupi
(2)palavras de origem africana
(3)palavras de origem francesa
(4)palavras de origem italiana
(5)palavras de origem inglesa
(6)palavras de origem árabe
(7)palavras de origem alemã
(8)palavras de origem hebraica
(9)palavras de origem japonesa
(10)palavra de origem russa

fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Portugu%C3%AAs_brasileiro

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Plástica




Em busca de beleza eterna, nos submetemos a tudo e todos os procedimentos que conhecemos para envelhecer menos ou adiar o inadiável.
Já é sabido há tempos que não existe pessoa feia, existe quem não tenha dinheiro para investir nestes procedimentos estéticos, cada dia mais acessíveis desde pequenos coiffeurs à grandes clínicas renomadas.
Pílulas, cirurgias, drenagens, aplicações, plataformas, choques, cremes, pedras... Faz-se qualquer coisa para evitar a queda do colágeno, e os efeitos que surgem com a natureza e seus passar de anos.
Ainda, na busca pela beleza eterna, e com a tecnologia dando uma forcinha com novos recursos e aplicativos, sempre há uma forma de 'melhorar' a aparência dando um retoque final à foto antes de postá-la e mostrar ao mundo o quando somos belos, em poses selfies, como cartazes que anunciam "vejam como sou feliz", "elogiem minha beleza", "continuo jovem" ou qualquer outra pequenice interna que ratifique o quanto somos especiais ou melhores ou mais felizes.

No entanto, tem-se esquecido quanto o que, de fato, faz pessoas bonitas... Com o passar do tempo, atitudes simples, mas que mostram valores, ficam para trás, numa busca incessante pela auto propaganda digital.
Chegar no horário marcado; 
Dar passagem à idosos e mulheres;
Interagir com as pessoas as redor;
Falar bom dia para quem passa;
Dar a mão para quem desce do veículo ou a escada depois de você;
Observar quem precisa de ajuda;
Cumprir com promessas;
Não deixar esperando;
Telefonar;
Responder às mensagens;
Ser gentil;
Colocar-se à disposição;
Ter empatia;
São exemplos de atitudes que esvaem-se gradativamente e mostram a verdadeira beleza interior.

As redes sociais nos unem por lindas fotos de fotógrafos amadores cada dia mais voltados em exibir uma felicidade aparente, com poses e paisagens que zelam suas belezas, enquanto o mundo paira num limbo de pessoas que precisam ser aceitas pelas outras a todo custo.
Caras e bocas e poses e frases de efeito complementam as, digamos, qualidades, de quem se expõe.
Vivemos uma era de pessoas esteriótipos, com a pele mais lisa, mais lustrosa, corpos malhados, linhas definidas, maquiagens impecáveis que escondem em seus corpos a beleza oca de ser alguém vazio.
E o mundo aplaude (e incentiva) em suas telas HD, touchscreem, high tecnologie a futilidade de ser famoso, ou exposto nem que seja por um clique, por um like ou por um só momento, enquanto o planeta precisa é de mais atenção, mais amor, menos futilidade. Precisa-se de seres mais vivos um pouco menos humanos.
Precisa-se de seres mais belos.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Espalhando Mel por aí.


Eu me lembro bem... (o que já é um fato incrível para quem se esquece de tudo) mas me lembro da sensação que senti ao comprar o exame na loja, do caminho ate o hotel. Me lembro das mãos trêmulas ao abrir o pacote com aquela caneta estranha... da sensação engraçada em fazer xixi e acertar o ponto certo... e dos 5 minutos eternos entre o tal xixi e os dois riscos azuis que apareceram nas janelinhas da tal caneta... O sinal era um POSITIVO, que eu via sozinha, no banheiro frio de um hotel em cidade bem distante de casa.

Com você, nada, nunca teve frescura... das chatices e crendices que ocupamos nos seus irmãos, para você foi executado com outra fórmula. Nada de esterilizar demais, nada de limpar enlouquecidamente. Nada de frescura com separação de roupa ou comida. Nada daquelas bolsas gigantes de bebê. 
Não teve berço só seu, nem quarto só seu, decoração só sua.
Tudo seu veio dividido ou já usado, porque tínhamos todos os aparatos básicos que uma criança requer, e aplicamos em você nada mais que o necessário para ser um bebê saudável, alimentado, quente e acolhido.
Você nos fez aprender que o ser humano precisa apenas do que todos os seres vivos tem direito: a uma casa, higiene, alimento, saúde e amor.
Você não chegou revirando nossas vidas de cabeça para baixo: ao contrario, mesmo sem a expectativa de uma nova gestação, pensamos "vamos em frente" e desejamos você em nossas vidas.
Desde o primeiro dia você foi bebê calma, que não deu trabalho... comia e dormia bem, a ponto de pensarmos: "era tudo tão simples assim e nós éramos os complicados?"
Foi crescendo com uma expressão que já identificamos desde seus primeiros dias. Tem um olhar de esperteza, sagacidade, alegria e curiosidade.
Nos surpreende com expressões não usuais, perguntas oportunas e uma educação deliciosa de conviver. Um misto maluco de inocência e maturidade, daquelas que somente as grandes almas antigas têm.
Você nos completa e nos alimenta com ingredientes deliciosos de saborear. Enche as nossas vidas de sorrisos que fazemos sozinhos quando cantarola as músicas mais extraordinárias possíveis (segredinho só meu: eu gravo quase todas as musicas que te ouço cantar, bem escondidinha...).
Mostra uma independência incrível e ainda assim faz questão de ver bem estar ao seu redor.
É amável e debochada na medida certa.
Você é uma mistura, menina! Uma mistura de tudo de melhor que alguém pode ter.

Nesse dia quatro de novembro, reforço meus desejos.
Eu desejo que você seja feliz. Mas não daquela felicidade clichê, que as pessoas pregam, com status e moralmente corretas... eu desejo que você seja apenas você mesma, do jeitinho que já é, e que sorria e ria sempre, da forma mais pura que já faz. Desejo que continue espantando a tristeza em poucos minutos, e continue debochando das infelicidades com danças e canções.
Desejo que ouça sempre e pergunte ainda mais, e que continue a ter dúvidas, porque não tem nada pior do que ser um adulto que pense já saber de tudo.
Desejo que você saiba perdoar as pessoas que não conseguem entender a sua alegria interna. Acredite em mim: existirão essas pessoas, e a cada vez em número maior, porque muitas são incapazes de alcançar o que você já possui.
Desejo paz interior, mas não ao ponto de te deixar conformada com os patamares que você alcançar. Desejo que você deseje sempre mais, porque você pode alcançar.
Desejo que seus dias acompanhada de outras pessoas sejam tão cheios de vida como os dias em que estiver só.
Desejo que você descubra como multiplicar essa fórmula mágica e continue a espalhar sua doçura por aí.

E desejo que perdoe a minha ausência num dia tão especial como esse. Você verá, que quando crescemos, alguns pequenos enganos, se transformam em um arrependimento. E eu, como humana, cometi um erro que me ausentou de você hoje, e me faz passar data tão especial na mesma cidade qual, com muita felicidade, vi os dois risquinhos na caneta/exame.
Não estou com você hoje, princesa linda, mas estarei em todos os outros dias possíveis desse seu nono ano de vida. E com você dentro de mim em um amor infinito em tempo integral.
Espalhe seu Mel pelo mundo. Não é `a toa que seu nome seja esse.
Feliz idade nova, meu bebê.

















domingo, 2 de novembro de 2014

O dia de quem não morreu

O dia de finados é dia de celebração eterna daqueles que já faleceram. É dia de celebrar o amor, e renovar os votos de amor àqueles que já se foram.
Os cristãos, desde o século 1º criaram o costume de visitar os túmulos de seus mortos e rezar por seus falecidos.
A partir do século 4º iniciou-se a celebração da missa em Memória dos Mortos. E depois do século 5º a Igreja Católica dedica um dia do ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e/ou dos quais ninguém se lembrava.*

Finados é data qual renovamos votos de amor incondicional.

Dia qual revivemos ainda mais intensamente o amor de alguém que se foi.
Finados é um dia que tradicionalmente, pessoas dirigem-se a jazigos e lamentam pela perda de um grande amor.
Sempre é muito importante lembrar-se de um grande amor e fazer da saudade abrigo de aproximação de quem gostaríamos que estivesse perto.
Mas deixo aqui pergunta que não encontrei em site de busca, em pesquisa ou ensinamento....

Ainda não descobri quando se celebra o amor perdido, aquele que se esvaiu, fugiu ou sumiu. Aquele amor latejante que habita pessoa viva que o carrega pra longe, e se mantém distante.

Aonde colocamos os túmulos daqueles que gelam nossos corações com um mar de amor? E se encontrarmos sítio para tal ação, o que escreveríamos em suas lápides?
"Aqui jaz parte da minha vida, da esperança, do meu ser"?
ou "Enterro aqui a parte mais bonita de minha vida"? ou "Que a dor desta perda possa mergulhar nesta profundidade qual enterro"?
Quais palavras escreveríamos para tal amor vivo que deve ser enterrado junto com a crença de que ele realmente existe? E de quantos outros objetos deveríamos por neste esquife para enterrar tal amor? Quantas fotos, cartas, perfumes, roupas, memórias deveríamos colocar lá?
Em qual dia, podemos nos ajoelhar frente a um amor enterrado, e só agradecer por ele ter existido, sem a dor e os cortes e cicatrizes que eles nos trouxeram?
Alguém, por favor, saberá dizer como se faz para enterrar este amor vivo? E alguém também me responda se é no dia de hoje que, por este amor, eu devo rezar?
Melhor ainda dizendo... alguém, por acaso, sabe como se faz para fazer este amor morrer?



*Fonte: arquidiocese-sp.org.br

sábado, 25 de outubro de 2014

Na falta de um tema

Achei que precisava de um tema.
Descobri, depois de muito escrever e apagar, que tudo que não precisava era de um tema.
A proposta seria escrever e diria Ernest Hemingway: "Não há nada sobre escrever, basta sentar-se à máquina e sangrar."
Mas o que eu não queria mesmo, era escrever sobre amor.
Fica difícil escrever sobre o amor depois de tanto tempo com ele trancafiado e com as minhas borboletas amarradas ou acorrentadas em qualquer canto dentro de mim, onde não sei identificar. Pior ainda é falar sobre o amor, tendo tanto dele dentro, quase explodindo e sem ninguém com capacidade (ou coragem) de extraí-lo.
Medo de esgotar sobre as palavras de amor, depois de tanto amor jogado ao léu (sentido, explicado, sofrido, cantado e escrito).
Precisaria falar daquele amor, aquele que reflete pequenos choques em nosso corpo, aquele real, que inunda a alma de esperança.
Uma vez, um amigo querido me disse: "O amor verdadeiro é como fogos chineses." É sim, é isso mesmo... Somente quem já presenciou tais fogos pode saber a que me refiro. O amor são esses fogos: não adianta descrevê-los. Somente quem presenciou consegue vislumbrar-se com tal imagem.
O amor tem isso. Ele é lindo, completo, colorido e indescritível para quem não o sentiu.
E traz consigo sensações, que nem mesmo nós, donos de nossos corpos, imaginávamos poder sentir.
Amor existem vários. De todos os tipos, em muitas formas, em muitos seres. Cada qual com seus próprios fogos, os quais nos permitem continuar em seus fascínios.
Mas também, já escrevi outro dia: o amor não vivido é castigo. E esse momento só entenderá o que digo aquele que já sofreu. Seja calado, em lágrimas ou escondido, a todos os arrebates que um martírio como esse tem.
O amor de verdade deveria apresentar-se somente como aquele que preenche a alma, o coração. Deveria vestir ao nosso corpo como uma segunda pele, e ali permanecer, nos aquecendo.
Esse seria o amor verdadeiro, onde não há vazio, onde não há ausência...  De  nada adianta cama quente, a cadeira ao lado preenchida, um papel assinado em contrato, uma companhia para cinema, se esse espaço todo couber apenas companhia e não um companheiro/a.
Esse vazio quente não preenche. E chegará uma hora, ele incomodará.
Pensando nisso tudo... Buscando apenas por um tema, descobri que não é um tópico que me falta.
Preciso do que me faça suspirar profundamente.
Preciso do que me encha o pulmão.
Não preciso de um tema: preciso de inspiração! 

terça-feira, 21 de outubro de 2014

O amor muda de nome

Eu sinto saudade. 
E não é nada mentira eu dizer que morro de saudade.
Cada minuto que o tempo passa (e eu sei bem quanto tempo tem dentro de cada minuto pesado desse) eu me esvaio, escureço na alma, na esperança e no desespero em não te ver.
Todo suspiro, toda memória, todo segundo tem um pouco de você.
Tem uma palavra ou música, ou cheiro, ou todos os outros espaços do mundo onde você ocupa por inteiro.
Quisera eu, conhecer fórmula, que pudesse tirar esse peso da sua ausência do meu peito: lugar ocupado onde mais ninguém senta no colo.
Eu sinto todos os sentimentos possíveis, ora ódio, ora desejo. Ora vontade, ora repulsa. 
Mas em todos eles tem lá você, com esse jeito manso, com voz doce, olhar carinhoso... todos os ingredientes que me fez te amar tão completamente.
E como morro a cada segundo, desejo que essa morte fosse mais rápida, menos dolorida, menos venenosa, menos sofrida.
Morro tão rápido e tão lentamente, que somente a sua ausência me faz pensar como pode um sentimento ser tão completo:
No amor se nasce, no amor se morre.
Por amor se renasce, por amor se mata.
O amor, sentimento bendito só para quem o tem completamente: ao lado, com direito a cheiro, abraço.
Porque o amor não conduzido, o amor retido, não vivido, muda de sabor e de nome:
O amor vivido, se chama amor.
E o impedido chama- se punição.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Entre a guerra e a empresa

Me espanto com os relacionamentos atuais. Melhor dizendo, me espanto, com a fórmula que as pessoas usam para se relacionarem.
Dos mais variados conselhos que escuto, o mais frequente é “se envolva menos”. Como é que é?
Desculpe aí, minha gente, mas tem como se envolver moderadamente em sentimento? Existe controle disso? Sério?

Eu consigo entender que possa não haver interesse mútuo por não acontecer o “click”. Sabe a que me refiro? Aquela sensação gostosa de quando alguém se torna interessante mesmo você sabendo que ela não é perfeita.

Mas, ao contrário disso, pelo que entendi até agora, estou errada no meu ponto de vista.
Parece que as pessoas estão preparadas todo o tempo para uma guerra. 
Armadas ou escudadas. Estão prontas para atirar, e protegidas o tempo inteiro. Na trincheira, à espreita de qualquer ameaça ou ataque. 
Estão cheias de regras e armadilhas. Estão mesmo esperando um inimigo.


Nessa regra nova, dizem, não se pode mostrar por inteiro. 
Nem ansiedade. Nem disponibilidade.  
É preciso esperar 3 dias para mandar uma mensagem.
Como assim? Você precisa esperar 72 horas para dizer para alguém que gostou da companhia? Como assim? Desde quando foi estipulado que é preciso esperar um ‘tempo’ para se envolver, como se tivesse algum período cronometrado que diagnosticaria quem pode ser bacana para você?
Me disseram, é preciso fazer um certo jogo. Ficar ‘cool’. Ter mistério.

Então, pelo que entendi, não se pode ser verdadeiro. É isso? Precisa ter algo mascarado, camuflado? Precisa de ensaio? Frase pronta? 
Precisa de controle, alguma falsidade?
Pra mim, isso se chama melindre.
O melindre é feio, é ardiloso.
Se você não demonstra o quanto se interessa pelo outro, como o outro há de saber?  
E se você não demonstrar, e como você, o outro também tiver a fórmula própria, em precisar que seja demonstrado rápido, isso quer dizer que vocês são condenados a não se conhecerem direito por causa de regras pré-existentes?
Essas fórmulas novas, que foram inventadas, só servem para afastar as pessoas, que cada vez mais preferem contato virtual, ao real.

E num mundo protegido por uma tela, tantas coisas acontecem que não são reais… 
Ter alguns interessados em site de relacionamento, está longe de significar ser popular. 
Ser popular está longe de se tornar pessoa interessante. 
Ser interessante está longe de ser alguém acessível. 
Ser acessível está longe de ser apenas quem está online, assim como, mandar apenas uma mensagem está longe de demonstrar interesse real.

Telefonemas, visitas surpresas e flores, são raridade nesse tempo de guerra.
Pode ser, que mesmo com tudo isso, alguma parte não queira acontecer. Pode ser que não bata o encanto. O tal “click”. 
Todo relacionamento tem um quê de magia, não é verdade? E pode ser sim, que a magia não aconteça para alguém. Mas isso só pode ser sabido depois de algum investimento. E nessa hora, que se mostra inteiro, é quando se percebe o que quer, se te cabe, se te serve. Não tem sensação pior que descobrir uma pessoa meses depois de conhecê-la. A impressão, quando se sabe a verdade tardia, é de que todo o restante era mentira.

Enquanto isso, se fica nesse jogo de sombras, onde é preciso esperar, controlar, manipular, criar expectativa. Na boa, pra mim isso tudo é balela.
Não tem atitude mais bonita que ser verdadeiro, espontâneo. Deixar-se conhecer e mostrar quem somos também.

São poucas pessoas que procuram a perfeição, graças a Deus, uma grande maioria ainda procura apenas aquela tal conexão que acontece por química…o estalo, o badalar de sinos. Tem meia dúzia por aí que quer uma fórmula exata, mas pra esses doidos também tem parceria. Tem parceria pra todo mundo.

Só não encontra um companheiro aquele que pré determina tanta fórmula, monta tanta estratégia, que acaba vivendo em seu arsenal, cheio de planilhas e rotas de fugas. Esse, meus amigos, não está afim de se relacionar, não. Esse, está afim mesmo, é de ter uma empresa. O que nesse caso, já seria um sócio.