quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Vinte mil



Tudo muda o tempo todo, mas tem coisas que ficam dentro de nós.

Passe o tempo que for, independente da forma que este passar (arrastado ou voando), essa verdade de que o tempo muda tudo pode ser verdade para muita coisa, mas não para quem amou.

Seja por um milhão de motivos ou  por motivo único, tem sempre um alguém que chegou, arrebatou seu coração e se foi, levando este pedaço consigo.

A gente se reconstrói, mas a cicatriz é sempre latente, e o mundo nem sempre ajuda a gente, e coloca uma foto, uma música, uma lembrança, uma memória para fazer aquele amor doer.

Uma verdade que a gente já sabe é que um amor substitui ao outro, mas que não pega aquele lugar. Nesse lugar, não se senta no colo.

Mas a vida acontece, e o tempo passa e as pessoas vem e vão, com um embarque e desembarque constante, nas nossas plataformas imaginárias, e deixam um pouco de si em nós (isso quando não se deixam inteiras).

E a gente descobre mais verdades e felizes aqueles que descobrem que amor a gente recebe de quem tem para dar.

Amor não se pede, não se suplica. Amor não se esmola.

Amor acontece e só vem de quem está cheio dele para entregar.

Amor não se persegue, amor não se estiga.

Não se pleiteia, não se roga... amor não se demanda, nem se cobra.


Amor se deixa acontecer e tem que vir na forma que ele nasce. Seja devagarzinho, seja como um tufão que passa fazendo um alvoroço em nossos corpos... o amor chega, bate na gente e a gente gosta, porque reconhece imediatamente.

A gente com sorte, algum dia, conseguirá lembrar de todos eles com um sorriso no rosto. 

Quem sabe, quando bem velhinhos, contabilizaremos mentalmente todos os amores que já sentimos e todas as formas que estes amores foram vividos. Sem peso, sem dor... apenas com o amor, como ele já foi.

Ainda falando de sorte (e temos que ter sorte mesmo para não enlouquecermos neste mundo maluco), entenderemos ainda jovens que alguns amores só passaram por nós para nos trazer aquilo que precisávamos aprender, nem que seja apenas dor do rebuliço de um amor louco, que fará a estabilidade de um amor tranquilo ser um porto seguro (e delicioso de viver).

O amor não se escraviza, e quando deixamos um amor ir embora, abrimos espaço para que outro entre e comece tudo de novo, porque não há nada melhor que ter dentro de si muita história e muita memória.

Poderão ser vinte mil amores. Cada qual de um jeito, cada qual com sua fórmula.

O importante é começar cada um com espírito jovem, com o livro aberto, sem mentira, sem perseguição, sem melindres.

Que sejam vinte mil amores. Mas que cada um tenha seu devido sabor e lugar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário