segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Será que dá tempo?

Já perceberam como o tempo tem passado mais rápido? 
Principalmente para nós, que já passamos dos trinta e muitos... o tempo está correndo. Está correndo de nós e nós, esbaforidos, tentando alcançá-lo com todas as armas possíveis.

Pensando nele, na sua velocidade, me lembrei da minha infância, antes dos 10 anos, o quanto esse bendito colega demorava para ir para frente. Passava tardes inteiras olhando o tiquetaquear do relógio que insistia em ser lento. Fazia desenho, brincava com o que tinha, mexia com os gatos e olhava para ele: passou só 5 minutos!
Era incrível como ele era lento e eu o percebia.

Ficava com raiva porque queria que ele corresse para eu alcançar minha maioridade e eu ser livre.

Depois dos 10 até os 17 anos, mais ou menos, eu tentei enganá-lo. Me ocupava com toda atividade possível. Fazia aulas de inglês, ballet, jazz, sapateado, manequim, dança polonesa, dança de rua. Ainda teve uma época em que meus pais tinham uma padaria e eu dava um 'palhinha' como caixa (bom para mim, aprendi a dar troco rápido). Mesmo assim, o tal tempo só me deixava exausta. Mas nada de fazer minha independência chegar.

Aos dezoito anos, trabalhava durante o dia, estudava à noite e o tempo só passava mais rápido quando, por ironia do destino, eu estava prestes a  perder o ônibus (o último, claro, que me levaria à pensão mequetrefe em que eu morava). Nessa hora o tempo corria. Não podia bobear um assunto a mais ao final da faculdade que o tal ônibus desapareceria (mesmo o motorista já sendo meu camarada e descendo mais devagar a tal ladeira de São Caetano do Sul  onde eu sempre aparecia enlouquecida, atravessando a rua, ora rindo, ora derrubando caderno... mas nunca, nunca organizadinha como seria uma menina decente).

Enfim... de repente, não sei dizer em qual momento... Pam! Já era adulta, dona do meu nariz e das minhas contas. Com filhos, escolas, casa, trabalho e tantas outras coisas que um adulto fêmea tem que cuidar. 
E só aí, só nesta fase eu fui perceber... o tempo corre.
Corre de mim e quando eu vejo... fim... acabou-se um dia e eu, mais uma vez, fiquei com coisas pendentes para fazer.
Isso porque hoje, acesso meu email e blog do meu celular, recebo cartas pelo celular, falo com quem preciso a hora que precisar pelo celular... e tenho todas as outras facilidades de uma vida moderna: descongelar um frango demora só 5 minutos, fazer um macarrão rápido também.
 A fome dá para se matar com uma tranqueira na hora do aperto. E carro, trem, metrô, avião nos levam para todos os lugares que precisamos.
Fico imaginando uma pobre mãe há 100 anos, tentando fazer um terço do que eu faço hoje... não seria possível. Nem liquidificador ela tinha. Bater bolo era na mão mesmo e cozinhar dependia da lenha.
Mesmo com tudo elétrico e eletrônico a meu favor,  o tal tempo corre e eu não dou conta de fazer o que preciso. 
Às vezes ele corre tanto, que os três minutos que a embalagem do condicionador pede para ficar em ação, viram uma eternidade... quem é que pode ficar 3 minutos inteiros de bobeira esperando um creme agir no cabelo?

E ainda por cima, algumas revistas escrevem que é possível você trabalhar fora, malhar, cuidar das crianças, cozinhar, depilar e ter um tempinho para cuidar da beleza, para fazer uma surpresa para o 'maridão' que te espera em casa... e ao final do dia, animação para um sexo sensacional.
Desculpem-me as tais revistas. Não dá para fazer isso tudo porque o tempo não deixa. Não é porque eu nao quero. É porque não dá.

Ou seja, ele (o tempo) continua aprontando comigo.
Mal sabia eu, há vinte anos, que quando atingisse minha maioridade, viraria escrava. Dele.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Tsunami


Você está vivendo a sua vida, que não está nem esplêndida, nem um terror... você só está vivendo e deixando as coisas acontecerem.

E então, vem uma notícia ruim. Qualquer coisa que faça sua cabeça fervilhar.
Você pensa... caramba! Como resolver isso?

Você passa parte do dia tentando resolver este primeiro evento que te angustia. Mas segue...
E aí, vem uma outra notícia. Não tão boa também e você aprende a lidar com dois desconfortos ao mesmo tempo.

Acontece que tudo tem um motivo e uma razão, e de repente, você lida com uma terceira, quarta situação (ou mais),  onde até o mais certo saiu do controle.

Ação: não existe forma de controlar tudo ao nosso redor, não é mesmo? A gente tenta acertar, mas vai errar em algum momento com alguma coisa ou alguém. E não tem erro maior que tentar "estar no controle" de tudo, mesmo porque, quando algo sair do eixo, o responsável é só você.
Culpa: bendita mania de punição que nossa sociedade exige. Mesmo nos menores erros, é sempre importante encontrar um culpado... para quê? Apenas para eximir o seu próprio erro? Já paramos para pensar o quanto o outro errar faz o nosso erro menos importante?
Punição: Não bastando a nossa consciência e nosso sono afetado, ainda temos que sofrer castigo sobre os erros que cometemos, mesmo acertando inúmeras vezes. E eu me coloco a pensar... quanto importante seria o elogio a cada acerto e que as vitórias fossem pontuadas.
Consequência: fica um agravante em seu curriculum, sobre o seu erro, mesmo você administrando uma vida inteira sozinho. Você deve ser retificado, analisado, julgado e isso sempre é normal quando acontece com os outros, mas só doí ,de fato, quando for com você (e você se sente injustiçado, claro).

Enfim, em algum momento da vida, vem um tsunami e te derruba. Derruba pra valer, leva tudo que é estável, mexe com sua estrutura inteira e te faz recomeçar. 
Recomeçar do zero, pode ser oportunidade da própria vida, para que você faça um outro fim para sua história.
Levantar-se depois de grandes tombos, deixa cicatrizes mas a certeza que somos capazes de enfrentar muito mais situações do que nem mesmo nós nos achávamos aptos.

Para esses tsunamis, talvez a receita seja boiar. Boiar até a grande onda devastadora levar tudo. Você fica sem muita reação mas também não se cansa mais, tentando nadar contra uma correnteza forte da qual você não pode superar. 
Enquanto boiamos, podemos colocar ideias em ordem e deixar a "vida nos levar", citaria alguém.

O lado bom? O lado bom de um tsunami é que nele já acontece tudo de uma só vez.
Melhor do que provar pequenas marolas que nos derrubem constantemente, esfolando nossos joelhos e nem permitindo cicatrização.

O tsunami é grande, faz estardalhaço mas te faz recuperar o fôlego e se perceber muito mais potente do que você imaginava.
A marola só faz nos deixar cansados e, muitas vezes, nos faz desistir de sonhos.




quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A questão é...

A questão não é beleza, riqueza, força ou conforto.

Precisamos de quem nos pegue pela mão e diga: 
"Hoje é por aqui que vamos". 
"Deixe que eu cuido de você."
"Você não precisa decidir."

"Deite aqui em meu colo."
"Ouvi esta música e lembrei de você."

A perfeição não está em pessoas perfeitas. Está em ações exatas.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Serendipity...

Eu desejo a você com toda minha alma:   

Desejo que você possa perceber o quanto é uma pessoa especial. 

Desejo que você possa ver beleza em todas as menores coisas que a vida nos presenteia: na pequena lagartixa que sobe a parede, no botão de flor que nasce, no brilho dos olhos dos animais que te cercam.


Desejo que você durma bem, tranquilamente, com pensamentos amenos e despreocupado, que seu sono recupere sua energia e que esteja deitado ao lado de alguém que te ame profundamente.


Desejo que sua vida tenha muitas cores, muitos sabores...


Desejo que você receba afagos, abraços, beijos e seja muito acariciado. 


Desejo que você faça muito amor. Amor onde duas almas se completam, se encaixam e mesmo sendo tão carnal (cantaria Zeca Baleiro) ainda assim continue sendo celestial e te leve sempre às nuvens.


Desejo que seus bens sejam sempre protegidos por anjos e que você entenda que a posse deles não te faz mais especial. Que saiba usufruir o material, mas não se apegue a ele...lembrando sempre que, um dia, você os deixará aqui.


Desejo que você tenha forças para mudar a rotina, para que sua vida não seja monótona e sem gosto.


Desejo que você seja pessoa melhor a cada dia, mesmo quando a vida lhe causar um tombo... que  você não perca esperança e continue em frente. 


Desejo que você continue a acreditar nas pessoas, que desenvolva a capacidade de lê-las e não julgá-las e que você sempre se lembre que nunca entenderá os motivos pelo qual as pessoas se comportam diferentes de você... elas tem suas razões.


Eu desejo que você seja amado e celebrado. E que a certeza disso  sejam sorrisos que se abrem quando você chegar em qualquer lugar.

Desejo que você saiba reconhecer seus erros e em mesmo grau, saiba perdoar a si, para que seus fantasmas não te amedrontem e não estrague seu sono e não enruguem sua pele.

Desejo que você saiba perdoar, mesmo àqueles  que te fizeram desacreditar, até mesmo àqueles que quase conseguiram cortar seu vínculo com uma Força Maior.

Desejo que você seja grato ao abrir os olhos todos os dias, mesmo em dias nublados, mesmo quando as nuvens forem internas,  porque foram dias cinzentos que fizeram você superar o que parecia insuperável.


Desejo que você tenha, ao menos, um grande amigo e que este amigo te dê ouvidos, ombro e te acolha quando você precisar chorar.

Desejo muitas lágrimas de alegria, muitas conquistas, muitas vitórias. Muito mais além do que você já conquistou até hoje.


Desejo boa saúde para usufruir das delícias que a vida tem.


Desejo que você tenha pressa: pressa em realizar seus sonhos, pressa para alcançar seus objetivos, pressa para ser feliz... Lembre-se: a gente morre a cada minuto que passa e esperar demais pode ser perda de tempo (e de felicidade).

Desejo tudo de melhor que o Universo possa te dar. E desejo que Ele (o Universo), devolva todas as boas ações que você fizer... 

Ainda... desejo boas surpresas e que você encontre sempre felizes acasos, mesmo sem procurar.


Te desejo SERENDIPITY.




terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Um dia... há muito tempo, eu pedi atenção. Insisti. Fui atrás. Convenci.
Depois, precisei "relembrar" todo o tempo que precisava de carinho.
Aprendi que não posso convencer ninguém a me dar o que esta pessoa não tem (e que eu preciso!). 
A consequência é minha responsabilidade.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Se você quiser...

Se você quiser ser famoso/a, faça um funk e aprenda a rebolar.
Se você quiser ser inesquecível, alimente-se de bons livros, converse sobre todos os assuntos, perca a necessidade de ter sempre a razão, tenha um sorriso largo e motivos para fazer o coração dos outros vibrar.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Seria culpa do Walt Disney?

Não sei quem foi...
Não sei se foi o Walt Disney, lá na nossa infância ou qualquer outro romancista que nos convenceu disso.
Ou seriam todos, cada um em um momento devido de nossas vidas, cada um com um poder de persuasão diferente...
Não sei quem nos convenceu que temos uma 'tampa para nossa panela', 'um sapato velho para nossos pés descalços', 'a outra metade da laranja' ou qualquer outra expressão de palavras rasas, porém com significado amplo... 

Enfim... não sei mesmo, mas sei que esse desejo existe. De achar um alguém com respostas e razões para que nossas vidas tenham sentido em serem compartilhadas.

E sendo um desejo existente (eu diria, até onde sei, na maioria das pessoas) passamos a acreditar que, em algum momento, chegará alguém que trará tanto bem estar, tanta certeza, tanto conforto... itens imprescindíveis para se viver ao lado, que erramos em muitos outros momentos, projetando sonhos e desejos em quem não tem esse perfil.

Erramos em creditar em algumas pessoas nossas vontades, nossa intimidade...e quando percebemos (no momento que nosso coração se aquieta...): nem eram aquilo tudo que imaginávamos. 
Nesse instante, pode ser que a gente passe a desacreditar que exista, de fato, alguém com as características que gostaríamos... com a personalidade, idoneidade, gostos e músicas iguais a nossa.

Conheço pessoas que ficam nesse 'círculo vicioso' e conhecem, ao longo da vida, mais de dez almas gêmeas, e ao darem conta de si, percebem que não era o outro quem lhes trazia paz de espírito...e sim, seu próprio espírito que se aquietava em qualquer colo, por carência ou dependência.

Enfim... sendo esta busca verdadeira ou não, sempre encontraremos em alguém (nem que seja um único alguém) qual nosso coração sobressalte, que faça a voz  ficar mais mansa, que relaxe nossa alma e o sorriso saia mais largo.

Prova disso é ver o que vi hoje... um casal recente, que provou na vida diversas experiências, ora sozinhos, ora acompanhados, e que o Universo deu conta de colocá-los frente a frente no momento que suas almas estavam maduras o suficiente para entender de que era 'aquele' outro a quem procuravam. 

Casal lindo, de sorrisos transparentes, gargalhadas fáceis... almas unidas hoje (sem cerimônia, sem pompa, sem escândalo)... unidos em sua primeira conquista... que irradiavam felicidade em um apartamento ainda vazio, com cheiro de tinta fresca, mas com muito, muito amor e felicidade perfumando o ar.

Esses dois, me provaram mais uma vez, que seja lá quem tenha sido o romancista ou o sistema de uma sociedade que induziu a procurar em alguém aquela faísca que incendeia um coração inteiro, que isso EXISTE. É possível encontrar aquele que te acaricie os desejos todos e que permita saciar a vontade de compartilhar todas as conquistas, intemperanças e felicidade. É possível querer viver ao lado de alguém porque este alguém te faz vibrar todo o ser e, por ele, você abrir mão de viver uma vida solitária confortável (porque, vamos combinar, é muito mais fácil omitir os nossos erros quando não tem alguém para percebê-los).

A esse casal: MUITO OBRIGADA! Esse amor de vocês reinará, certamente, em suas vidas e de quem estiver próximo. Porque tudo que é verdadeiro não tem como não ser especial. 
E o que vocês merecem, o que todos nós merecemos, é que nossos sonhos se concretizem ao lado de companheiros que valorizem o esforço que fazemos para melhorar...
O que todos nós merecemos (esteja bem escondidinho no nosso íntimo ou não) diria o próprio Walt Disney é um:  " E foram felizes para sempre..."


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A parte ruim da solidão.


Descobri há algum tempo que ser só e feliz, é possível.

Aliás, descobri muito mais e já citei isso, inclusive: entendi que é na solidão que descobrimos quem somos e na solidão combatemos nossos monstros.
Nela, somente nela, é possível se perder e se encontrar, sem poder julgar de quem é o erro, sem ter quem culpar.

A solidão prova para você quem você é e te põe à prova. E é nos seus dias só que você percebe o quanto os outros  precisam ser tolerantes com você, afinal, na solidão você é obrigado a se enxergar na íntegra e não consegue escapar dos seus sentimentos mais verdadeiros.

A solidão é excelente em muitos âmbitos, a ponto de entendermos muitos por quês. Porque na solidão ninguém nos cobra, não existem máscaras, nem regras, nem convenções... ou esteriótipos e modelos. Não existe um padrão a ser seguido. Ela é sua e você é dela, simples assim. E esse casamento deve ser delicioso, afinal, a responsabilidade é toda sua... senão essa relação pode ruir. E será a sua parte que desabará.

Mas, novamente, tenho o tempo como meu professor e ele, junto com a solidão, me ensinaram outra coisa (que eu confesso, já desconfiava, porque nada é perfeito) e entristeci: Descobri que é horrível estar doente e só. Ainda mais com dores físicas.
Das tristezas que a solidão já me impôs, de todas que eu já vivenciei, até hoje, me reergui: achava que a solidão não me venceria visto que nela me descobri, conheci minha capacidade e me reconstruí.
Mas com dor e só, eu me permiti ficar triste.

Não só porque a vida não para e minhas responsabilidades estão todas aí para serem feitas, não só porque não tenho quem substitua meu cotidiano, principalmente ao que diz respeito aos meus filhos e lar.

É porque neste tipo de solidão reforcei o que já sabia: não nascemos para ficar sós. Acredito que ninguém nasceu. Em algum momento precisamos de alguém para cuidar da gente.

E mais: descobri que chamego, carinho e cafuné são mais potentes do que qualquer analgésico existente.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Alimento

Saudade alimenta a alma. Mas só sente saudade quem já se nutriu com amor.

Amor versus razão

Nós não precisamos só do que é certo, do regular, do óbvio, do calmo ou do pudico... Às vezes, tudo que precisamos, é do que despenteia, do que te bagunce, de quem te domine, que tem te faça perder o controle e te prove, por seus suspiros aleatórios, que vale muito a pena amar. 
Porque amar é uma insanidade do homem onde é deliciosamente sensato perder a razão.


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Quero tudo que um amor traz

Quero tudo que um amor traz.

Quero sentir prazer ao vento rufar em meus cabelos.

Quero sorrisos soltos, sem motivos, como carimbos que autenticam felicidade.
Quero música que faz fechar os olhos. Música que transporta para outro lugar em um segundo.
Quero abraço apertado, que acolhe, protege, abraço que diz mais que muitas palavras. Abraço que enlaça, que reforça.
Quero mãos que acariciam, que afagam, que tateiam, que encontram... Mãos que apoiam e seguram.
Quero beijo quente, demorado, com afeto. Beijo sem segredo, com carinho, com muito desejo.
Quero olhar de leitura, que admira, que conversa e que descobre. Olhar que sorri.

Quero suspiros de uma alma completa. 

Quero lágrima de felicidade. 
Quero Sorrisos. Surpresas. Sabores.

Quero ouvidos e histórias. 

Quero muitas viagens. 
Quero muitas fotos.
E muita memória.

Quero tudo.

Quero tudo de bom.
Quero tudo que o amor pode me dar.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O dia do perdão


Tenho consciência dos meus erros. E sofro muito com eles.
Tenho consciência da minha humanidade também, mas ainda não aprendi a me perdoar por não conseguir ser evoluída em muitos quesitos.

E me cobro... me cobro muito para errar menos, porém alguns sentimentos fazem parte da minha humanidade e hoje, meu maior desafio é aprender a viver com eles sem tentar a minha santificação.

Sempre tive péssima memória. Por um lado é excelente porque posso rir da mesma piada mais que uma vez, assistir um filme com o mesmo interesse e perceber somente no meio dele que já o assisti. E ainda, esquecer quem algum dia já me fez mal.

Como qualquer outra pessoa, já fui enganada, já fui traída. Mas com esta péssima memória (e sempre achando que também tinha bom coração) perdoei, esqueci e tudo se resolveu.
Mas como nem tudo são flores em nosso caminho, havia uma pedrinha. Um rancor, que se estendeu nos últimos sete anos. 

Tive uma funcionária, trabalhou conosco (eu ainda era casada) por cinco anos. Cuidou das minhas crianças.Cuidou dos meus bebês e nossa confiança nela sempre foi mais que 100%.
Se mostrava sempre muito gentil, querida, atenciosa. 
Um dia, por diferenças religiosas, ela deixou de fazer parte de nossa casa. Nesse momento, uma mágoa se instalou em mim. Mal sabia eu, que depois de alguns dias, receberia uma convocação para audiência trabalhista, onde a tal funcionaria alegava fatores que não eram reais.
Tal processo não foi tão dolorido porque suas acusações eram infundadas e foi percebido que era apenas mais um caso de um advogado mal intencionado, com um acusador mal instruído. Porém, o fato desta pessoa nos acusar de tantas coisas ruins sendo que a verdade era que nós a ajudávamos no que podíamos (muito, muito além de nossas obrigações) foi o que mais me causou dor.

Na época, quem enfrentou tudo foi meu ex-marido porque eu não tinha condições sequer de olhá-la. E esse amargo se transformou em rancor. O único que me lembro pulsar em meu coração por tanto tempo.

 Mas hoje, uma coisa incrível aconteceu.

Uma pendência de sete anos se desfez.

Recebo o telefonema desta mesma pessoa que só disse o seguinte: "Mariani, estou te ligando para pedir perdão."
Após minha mudez de alguns segundos, ela repete a frase. Minha cabeça fervilhou com tantos pensamentos, tantas respostas, tantas coisas que eu queria dizer para ela nestes anos todos. 
Queria dizer a ela o quanto me magoou, o quanto me fez desacreditar em tantas outras pessoas, em quanto medo me pôs, nos remédios que tomei quando fiquei muito triste, em quantas respostas inventadas para meus filhos que sentiam saudade dela, em quanto me senti traída... foram tantas, tantas respostas que eu decidi respirar fundo, ouvir meu coração e respondi: "Está perdoada". Lembrei do meu ex-marido e falei por ele também porque sei que seria isso que ele faria.

Desligamos o telefone depois de uma conversa breve, mas nada superficial. Dentro de mim houve um implosão. Um sentimento escuro se esvaiu em pó, lavou minha alma e meu rosto em lágrimas.
Entendi mais uma vez que para tudo existe uma solução. E agradeci ao tempo por trazer acontecimentos incríveis em minha vida.

Esse tal Universo é mesmo incrível, o tempo é mesmo travesso, e eu sou mesmo muito grata por estas características.

Esse é mais uma desabafo, eu sei. Mas eu ainda acredito que boas coisas devam ser compartilhadas. Porque aprendo todos os dias que erro tanto e tantas vezes...e que, em todas elas, eu só gostaria de ser perdoada.


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Desistir por amar demais ou desistir de amar demais?



"Fico cá com meus botões, traçando comparações entre experiências vividas e começo a perceber uma porção de novas possibilidades.
E entre estes devaneios inconclusivos, penso que posso ter, finalmente, alcançado uma conclusão:
De que nós só desistimos daquilo que realmente amamos.
Com um pouco de calma da sua parte, tentarei explicar.
Vivemos inúmeros tipos de relacionamentos e em cada um deles 'depositamos' no outro uma porção nossa. Variamos o valor do depósito dependendo da importância que damos ao outro ser.
Relacionamentos mais superficiais, depositamos nossos créditos de bons costumes, como os 'bom dias', por exemplo, e até comentamos algo pessoal esporadicamente, mas nada que seja mais profundo ou íntimo.
Aos pais, depositamos a confiança e a certeza de obter todas as respostas de qualquer questão ou adversidade da vida. Certeza que qualquer mãe ou pai estará pronto para indicar o caminho que você deve seguir, sabendo-se ainda, que é ganhado um cafuné ou aconchego extra, se a questão foi realmente delicada e te abalar.
Aos amigos, contamos com os momentos compartilhados de alegria e ainda uns vexamezinhos da vida.
Aos amores, entregamos a vontade de sermos preenchidos, completados, compreendidos, valorizados, admirados, surpreendidos. Depositamos neles nossa intimidade, nossos desejos, nossos sonhos, vontades obscuras. E esperamos que eles tenham a capacidade de ler em nossos olhos o que nossa alma reflete.
Aos grandes amigos, aqueles poucos, pouquíssimos, que se contam nos dedos (de uma mão só, claro)... entregamos muito mais. Para estes poucos, compartilhamos segredos, projetos e a esperança de estarmos juntos a cada vitória. A estes amigos, honramos nossa lealdade, visamos o crescimento, abraçamos no choro e na alegria. Coisa pra poucos mesmo.
Enfim, em cada nível de afeto, desde o menos importante, até aquele que tem capacidade de scannear o seu cérebro, entregamos à outra pessoa o que podemos e aguardamos, sinceramente, o reconhecimento do nosso melhor, com o melhor que o outro possa dar.
E quanto mais se ama ao outro, mais se oferece. Sem melindre, sem manha.
É um projeto de amor continuo e árduo, como uma construção, que deve ser estruturada desde o alicerce.
Até que, um dia, você percebe que, não é de hoje... Seu amor não é correspondido. Há algum tempo, você vê que sua entrega é grande, cria alguma expectativa, porque ao final das contas, alguém que te conhece tão bem, deve ser incapaz de não perceber do que realmente você precisa.
E seu amor continua a ser projetado, mas o retorno começa a ser uma angustia e um certo questionamento pessoal.
E se desta forma continuar, você se exaspera e percebe que não é tão amado quanto ama.
Chateia-se, irrita-se, ofende-se e...
Desiste.
Desiste de entregar tanto a alguém que tanto te conhece e tão pouco te dá.
Desiste, numa esperança louca, de que exista uma mudança radical no comportamento do outro, e de que, neste momento que você vira as costas, algo se transforme e você possa sim, continuar amando.
Você desiste, gritando inconsciente, em seu íntimo, que tudo que você espera, é que este outro te peça pra ficar. Que este outro te olhe nos olhos e diga o quanto importante você é, te peça perdão por não ter dito isto antes. Ou que traduza tudo isso em um abraço e um "eu te amo" sincero, a ponto de encher seu coração novamente.
Deseja que este alguém, complemente todo o amor entregue em um único gesto seu, o maior de todos, que foi desistir.
Desistir simplesmente porque se ama demais."