terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Eu pensei bem

Eu pensei em ser como outras.
Eu pensei seriamente em ser.

Pensei em ser fútil, pensei em ser monótona.
Pensei em ser egocêntrica, pensei em ser ciumenta.
Pensei ser a toa, em gostar de fofoca, de encrenca ou especulação.

Pensei em começar a me importar com o níquel,
com o carro, com o estilo, com a marca.
Pensei em dar importância para a herança, para o luxo, para o pecúlio.
Cogitei em ter menos transparência e ter algum melindre.
Pensei em ser política, em não ser polida e me dar direito ao chilique.
Pensei em ser menos empática. Pensei em ser falsa.

Pensei em parar de pensar e, simplesmente, me deixar levar pela mídia, pelo boato ou pela intriga.

E enquanto pensei tudo isso, morei dentro de alguém que desconheço, que tenho avesso.
Enquanto pensei que poderia ser tudo o que vejo ter inútil preço,
morei em alguém que enojo.

E então, pensei bem, e permaneci nesse alguém que desconhecem, quando não conhecem o que tem valor.


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