sábado, 25 de outubro de 2014

Na falta de um tema

Achei que precisava de um tema.
Descobri, depois de muito escrever e apagar, que tudo que não precisava era de um tema.
A proposta seria escrever e diria Ernest Hemingway: "Não há nada sobre escrever, basta sentar-se à máquina e sangrar."
Mas o que eu não queria mesmo, era escrever sobre amor.
Fica difícil escrever sobre o amor depois de tanto tempo com ele trancafiado e com as minhas borboletas amarradas ou acorrentadas em qualquer canto dentro de mim, onde não sei identificar. Pior ainda é falar sobre o amor, tendo tanto dele dentro, quase explodindo e sem ninguém com capacidade (ou coragem) de extraí-lo.
Medo de esgotar sobre as palavras de amor, depois de tanto amor jogado ao léu (sentido, explicado, sofrido, cantado e escrito).
Precisaria falar daquele amor, aquele que reflete pequenos choques em nosso corpo, aquele real, que inunda a alma de esperança.
Uma vez, um amigo querido me disse: "O amor verdadeiro é como fogos chineses." É sim, é isso mesmo... Somente quem já presenciou tais fogos pode saber a que me refiro. O amor são esses fogos: não adianta descrevê-los. Somente quem presenciou consegue vislumbrar-se com tal imagem.
O amor tem isso. Ele é lindo, completo, colorido e indescritível para quem não o sentiu.
E traz consigo sensações, que nem mesmo nós, donos de nossos corpos, imaginávamos poder sentir.
Amor existem vários. De todos os tipos, em muitas formas, em muitos seres. Cada qual com seus próprios fogos, os quais nos permitem continuar em seus fascínios.
Mas também, já escrevi outro dia: o amor não vivido é castigo. E esse momento só entenderá o que digo aquele que já sofreu. Seja calado, em lágrimas ou escondido, a todos os arrebates que um martírio como esse tem.
O amor de verdade deveria apresentar-se somente como aquele que preenche a alma, o coração. Deveria vestir ao nosso corpo como uma segunda pele, e ali permanecer, nos aquecendo.
Esse seria o amor verdadeiro, onde não há vazio, onde não há ausência...  De  nada adianta cama quente, a cadeira ao lado preenchida, um papel assinado em contrato, uma companhia para cinema, se esse espaço todo couber apenas companhia e não um companheiro/a.
Esse vazio quente não preenche. E chegará uma hora, ele incomodará.
Pensando nisso tudo... Buscando apenas por um tema, descobri que não é um tópico que me falta.
Preciso do que me faça suspirar profundamente.
Preciso do que me encha o pulmão.
Não preciso de um tema: preciso de inspiração! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário