terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Rigidez Natural


Foram tantos mensageiros 
de uma ordem vertiginosa
- onde a urgência da chegada 
e a fugacidade da partida -
fazem toda aproximação
superficial;

Já foi tanta verdade entregue
em troca de acercamento raso
que - onde havia dor sentida -
hoje existe generalizada expectativa
de que toda aparição  
seja nada substancial;

Talvez seja torpor breve
- uma proteção ansiosa - 
por tanta intensidade
consentida ou já vivida
em muita manifestação
sazonal;

E  em tanto contato conciso
e por tanto interesse frívolo
onde havia concessão, espontaneidade,
 - e lisura expressiva -
agora faz habitação  
uma rigidez natural;







domingo, 1 de janeiro de 2017

Em qual mundo




Eu devo dizer que não sei mais o que esperar.
Melhor expressando, devo anunciar que o certo é não esperar.
Mas sei que o Mundo anda diferente, e que dentro de tanta gente tem um mundo individual. E a mistura de cada um deles, tem feito o todo uma loucura só.
Ainda, dentro de cada loucura, existe uma cultura. E essa, quando mistura com as demais, se torna um devaneio, um tormento ou provocação.
Eu sei mesmo é que o Mundo anda esquisito, mas o pobre do mundo físico só sofre as consequências daqueles que o habitam.
E esses seres, têm feito uma confusão gigantesca entre o Mundo real e o mundo próprio, onde aquelas loucuras, ditas ali em cima, dominam, segregam e diferem os loucos uns dos outros.
Esse Mundo está perdendo a noção de valor sentimental, e a cada dia se banaliza com declarações vagas, de quem mal conhece sentimento ou empatia, mas profere essas palavras em mais diversas fontes em um outro mundo - sim existe o terceiro - um tal virtual.
E nessa tanta mistura, de mundo(s) com loucura, estamos nós, perdidos ou acuados, entre o que acreditávamos existir e assistindo ao que existe de verdade, onde nada é palpável, mas rasga a pele e alma com sentimentos dilacerantes.
Esses sim, são reais - o tais sentimentos. E a cada dia, mais loucos machucados fazem questão de propagar o que se tem de dolorido, afinal, acreditamos na loucura de que, a dor divulgada minimiza a nossa própria.
E entre tanta loucura, tanta dor e tanto mundo, o que menos se vê - ou se sente - é aquela dor quente, que aconchega, embrulha e minimiza, e nos faz acreditar que vale a pena, que tudo tem sentido. Um tal de amor.
Porque o amor, minha gente, não está escrito nas linhas, não está sentido na superfície.
O amor, tem profundidade e quantidade suficiente para perdurar, mas deve ser escavado, semeado, cuidado. E não assim, divulgado em qualquer letra, para qualquer um, em qualquer mundo que não seja o real.
Eu não sei o que esperar do Mundo. Não sei, na verdade, nem em qual devo me encaixar.

Mas sei que o Mundo é muito mais bonito quando o meu próprio mundo está recheado de paz e amor.