segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Quando a vida é justa

A vida é sempre justa.
Mas nem sempre da forma que entendemos…
A vida, às vezes, é tão justa que aperta, sufoca, prende… e nós somos obrigados a aprender a vestir a nova roupa (mesmo que temporária), mas que deve ser usada porque é aquilo que se tem para hoje.
Dentre tantas formas de crescimento que o ser humano pode vivenciar, ainda se evidencia como uma das maiores maneiras de crescimento a morte iminente.
Todas as nossas perdas nos moldam, porém a informação de que sua vida pode se esvair e que esta está fora do seu controle, pode ser uma das maiores possibilidades de crescimento da alma que temos presa em nossos corpos.

Quando experimentados dessa oportunidade, temos duas alternativas: esvair ou lutar. 
E é nessa hora que a vida realmente aperta: que a decisão deve ser tomada, e seguida, segundo pós segundo, como prova dos leões que temos em nós, mesmo quando em pele de gatinhos.

Pra quem decide esvair… a própria decisão diz por si, e a consequência pode ser lenta, mas será fora do controle tal e qual qualquer outra forma de viver… tudo acontece como tem que acontecer e o papel, nesse caso, é somente esperar.

Para quem luta, fica a responsabilidade de esforçar-se a cada momento, vencer medos, dogmas e preconceitos. Driblar a mente,  fazendo uso de todos os artifícios, espirituais ou medicinais… afinal, a tecnologia e a ciência, também dão uma forcinha para a melhora da medicina.

Basta? Não, não basta. 
Deve-se não contentar-se. Deve-se desrespeitar a tal lei da natureza e qualquer desventura física que com ela viver. Deve-se encará-la, como os grandes lutadores fazem e mostrar quem tem mais força. Deve-se tornar o predador, a quem a própria doença tem medo.

Todas essas palavras, para elucidar a uma grande vencedora da vida. A uma pessoa qual, um exame, daqueles de rotina, se transformou na maior batalha de sua vida (e de todos que estavam ao redor).

Um câncer foi diagnosticado e a primeira frase anunciada: “Eu não sou esse punhado de células ruins… eu sou um zilhão de células boas.”

A vida foi justa? 
Foi. Em aperto, em incômodo, em prisão, em sufoco. 
Mas o mais importante, é que a decisão de justiça, foi feita por aquela qual decisão enfrentar todos os paradigmas de uma doença considerada fatal, foi o primeiro grande golpe, de muitos outros quais essa lutadora precisou utilizar.
Ela vestiu a nova roupa, sendo justa mesmo e foi.

Venceu.
A hora chegou para essa guerreira e ela foi uma das grandes vencedoras das possíveis injustiças da vida (seria certo falar assim? Será?).

Somos todos, familiares e amigos, gratos por sua insistência, garra e força em querer vencer. Aprendemos todos com a sua determinação. E somos muito felizes em poder comemorar sua vitória sempre.

À você, Marceli: desejos de que as roupas da vida sejam sempre leves e soltas, como batas confortáveis. Quando à vida em si: desejos de que seja justa em retorno de todas as batalhas enfrentadas e vencidas. Mérito mais que merecido.




*texto em homenagem à Marceli Fernandes Lazari, minha irmã... mãe dedicada, filha querida, engenheira florestal, vencedora de um câncer de mama e aniversariante em 26/01.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Renascimento

Toda época que permeia meu aniversário, eu fico assim: introspectiva, avaliando como foi este último ano... afinal, a data do meu nascimento marca o início do meu ano novo, da minha nova idade.
Números nunca foram um problema para mim. Tenho orgulho dos meus. Não me incomodo quando alguém pergunta quantos anos tenho, aliás, nem entendo o porquê tanto melindre e desculpas para essa curiosidade.
Enfim, completo 39 anos. E fiz uma revisão do que vivi nestes últimos.

Nos últimos seis anos da minha vida, vivi mais sentimentos do que havia vivido nos 33 anteriores.

Foram tantas sensações contrárias... muita chibatada... muito carinho também... claro que em proporções desiguais...
-Conheci pessoas espetaculares, educadas, polidas. Da mesma forma, conheci gente cheia de razão e ensinamento, mas que na prática, era só teoria.
-Fiz amigos em 5 minutos. Amigos que passaram a ocupar meu coração imediatamente.
Me desfiz de amigos de anos, que estavam sempre nas festas, nas comemorações, mas que não hesitaram na chance que tiveram de me achincalhar publicamente.
-Conheci também que a distância e o tempo não mudam em nada quando se existe amizade verdadeira: o reencontro será sempre um presente.
-Vi meus filhos crescerem e se transformarem em pessoas. Cada um com sua personalidade, cada um com seu jeito. Ganhei meu companheiro fiel assim: sendo parceira do cara que saiu do meu útero.
-Vi a morte chegar. A vi pegar na mão da minha filha. Depois ela sondou minha irmã, depois meu irmão. Não contente, me convidou também. Eu ouvi sua voz bem de perto.
-Vivi um casamento e uma separação cheio de respeito. Mas também vivi a sombra do luto do divórcio, mesmo sendo quem o desejou. Paguei por essa adaptação com o estômago e com meu sono.
-Conheci a espiritualidade de forma ambígua: com muito amor e também com muita manipulação. 
-Tive amigo fiel, que chegou com voadora no meu peito, mostrando a realidade do caminho errado que escolhia... tive que engolir a seco meu orgulho, e aprendi a respeitar ainda mais a coragem de quem me ama.
-Trabalhei de forma cada vez mais dedicada. Vi colegas pelo mesmo caminho, enquanto outros seguiram o meio contrário.
-Conheci o amor que os grandes romancistas citam. Descobri que ele existe e é lindo demais. Mas acontece com ele exatamente o que os grandes autores contam. 
-Trabalhei como nunca imaginei que conseguiria trabalhar: em turno dobrado, triplicado. Uma vez para uma formação rápida, caso minha filha precisasse de mim por perto e não nos céus. A outra, para segurar as pontas nas contas de uma casa com quatro pessoas sob minha responsabilidade. Descobri que, neste caso, é melhor cortar gastos do que comprar remédio. Trabalhar demais adoece.
-Me tornei quem planeja, coordena e executa todas as operações do lar. Acho esse trabalho o mais difícil, mais cansativo, mais desgastante, porém, o que se vê mais resultado: na educação do filhos e harmonia dentro de casa.
-Me apaixonei. E caí de cabeça na paixão. Mas não fui correspondida na intensidade que tenho. Aí, saí fora com o rabinho no meio das pernas, coração dolorido, mas certa de que não tenho que convencer a ninguém quão boa companhia sou, já que não encontraram isso em mim.
Da mesma forma, não me apaixonei por quem se apaixonou por mim. E questionei o Universo trocentas vezes: por quê tem que ser assim?
-Conheci gente que administra dinheiro da melhor forma possível, mas que ficam atônicas quando o assunto é não palpável.
-Reencontrei gente importante. Reencontrei meu passado. Reencontrei grande amor. E descobri que tudo tem uma razão por ter ficado lá trás. Percebi que o passado contém fadas, mas também fantasmas que jazem adormecidos... não é tão bom mexer neles.
-Me diverti muito. Chorei de rir, literalmente. Aprendi a ser mais relaxada em alguns quesitos. Descobri fórmulas que me levantam quando não estou bem.
-Aprendi a ser tatu bola. Mordo o rabo e me enrolo em mim, quando tem alguma desordem interna. E fico quietinha olhando pra dentro, até a hora que encontro paz no meu travesseiro novamente. Não existe culpa no outro, sou eu quem tem que aprender.
-Fui ouvido e ombros para quem me procurou. Assim como, usei muito ombro emprestado por aí. Às vezes, de gente que nem tinha tanta intimidade, mas que estava cheia de carinho para dar... aprendi com isso também.
-Vi o tempo passar lento, em dias tristes. Como já o vi sair correndo quando tudo está bem.
-Já tive que sacudir a poeira da alma, já tive que engolir um vazio oco.
-Tive amigos que viveram uma vida comigo e não me ajudaram quando eu precisei, nem se importaram. Como tive mão, ombro e acolhimento em pessoas lindas de olhos transparentes e coração puro, que havia conhecido há pouco.
-Me cobraram presença sem respeitar minha individualidade, meu trabalho e minha família. Tentei até onde eu pude provar que amor não tem distância. Pra alguns, eu não convenci: desistiram de mim. E eu, desisti também, mas não guardei rancor.
-Amei, intensamente, a tudo que pude amar.
Me arrependi amargamente por entregar tanto a quem nem sabe o que fazer com este amor. Mas continuei a o distribuir. Não conheço outra fórmula. 
-Fui ao céu, em forma mais pura. Como conheci o lugar mais negro que existe em nós.
Senti na pele, e em outras tantas partes, o que é ser abandonado ou ignorado. Entendi, com toda força da alma, o que é ser traído (mesmo da forma que pareça mais banal).
-Acreditei em tudo que ouvi, em tudo que me disseram. Tenho essa mania estúpida de achar que as pessoas não mentem. Doeu quando eu descobri, em todas. Mas continuei a acreditar nas pessoas.
-Tive quem me lotou de amor e de carinho, mesmo estando longe. Também tive quem me enchesse de vazio estando ao lado.
-Fui perdoada por quem errei. Perdoei também algumas feridas latentes.
-Convivi com pessoas que fizeram a voz do 'anjo'... aquelas que te indicam a direção certa, o sentimento correto. Como presenciei quem me instigasse a usar o lado negro que existe dentro de cada um de nós (desses, eu me afastei).
-Me deparei com gente corajosa, de fala segura, de ímpeto forte. E vi essa mesma gente se escondendo ao menor sinal de desconforto. Como conheci outras, sensatas, sensíveis, e que enfrentam a vida com o peito aberto, cheias de coragem.

Deixei a vida acontecer, seguindo meu coração, que nem sempre é tão esperto, mas sempre é muito sincero, e cheguei onde estou.

Mesmo com cicatrizes, ou alma rota, tudo ainda funciona dentro de mim. E eu conheci aquela quem eu teria que admirar, respeitar integralmente e amar, mesmo com defeitos, porque com ela, eu me deito para dormir e acordo, todos os dias, sendo a única responsável por sua felicidade.
Morri e renasci inúmeras vezes e entendi que a reforma própria é muito mais complexa do que a construção.
A reforma íntima demanda coragem, persistência, resiliência... Ela não é nada fácil de fazer acontecer.
Ainda faltando muito, penso que mereço parabéns. Porque eu renasci muito mais vezes do que o número 39 que entitulará a  minha idade. 









terça-feira, 13 de janeiro de 2015

O que falta


É… minha gente… ainda está faltando muita coisa.
Está faltando muita coisa pra este planeta ser bom.
Está faltando muita atitude, de nossa parte mesmo, para ser um lugar bom de se viver integralmente.

Está faltando olhar para o lado e perceber no outro a necessidade que ele têm. Às vezes, para aquele que está ali perto de você, só falta um segundo para tudo se resolver. Somente um segundo pode ser tudo que ele precise. E ele terá, se você abrir espaço pra ele passar. 

Está todo mundo cheio de pressa. Isso é verdade? Será que temos tanta pressa assim? Pressa de quê quando se está preso no trânsito, por exemplo? O que melhora quando se xinga, esbraveja, faz gestos, balança pernas e mãos, quando não se pode ir a lugar algum? E onde melhora sua vida e se resolvem todos seus problemas, quando se fecha a passagem de alguém que espera por um espaço pra entrar na sua via? Ainda não sei dizer.

Está faltando gentileza. Está faltando caridade.
E olhe que caridade não precisa ser, necessariamente, levando cesta básica pra instituição, não…(claro que esta também é necessária). Mas falta a caridade de parar um pouco sua vida, olhar para quem está ao redor e entender que este precisa um pouco de você. Pode ser um segundo, pode ser um sorriso, pode ser um ouvido. Pode ser que o outro só precise ser notado, ouvido… quem sabe, não seja você quem tem a frase certa pra lhe passar?

Faltam ‘bom dias’. No elevador, na calçada, na recepção, no escritório, na farmácia, no hospital. Aonde já se viu, alguém enfiar um palito na sua garganta sem ter a coragem de te olhar nos olhos primeiro, pra saber verdadeiramente como você está?

Falta coragem… ohhhhh… essa falta muita. Falta coragem em dizer a verdade, em ser claro, em expor os medos. 
Tem muita coragem falsa através de tela de computador, gritando verdades e excrementos para o mundo, pedindo para ser interpretada por uma carapuça. 

Falta amor como falta água doce.
As pessoas usam, jogam fora, deixam vazar, desperdiçam… e depois reclamam quando ficam solitárias envoltas no que restou de sentimento impuro.

Falta magia, falta encanto… enquanto as notícias sobre guerra, morte, desastre e desgraças ganham audiência… estratégia de quem precisa ver o sofrimento alheio para banalizar o próprio.

Falta educação em tudo… no pedestres, motoristas, no transporte, na escola, na academia... Nos líderes e nos liderados. Falta educação em todo lugar.
Faltam boas maneiras… e não precisa se chegar ao nível de saber qual talher se usa com o quê, não é essa etiqueta que falta. Falta, simplesmente, entender que o mundo é feito por toda essa gente junta e que se o outro se dar mal, não te faz bem ou melhor, porque somos um conjunto. 

Falta carinho, admiração, simplicidade, honestidade, conduta, idoneidade, sossego, paixão e aventura.
Está faltando tudo que faz um ser humano melhor e mais feliz. 


Falta acreditar que a vida é muito mais que o próprio umbigo e que juntos, seríamos pessoas melhores, porque podemos nos apoiar, crescer, lutar e sermos mais fortes em conjunto.

O que falta no mundo é humanidade.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Solstício de saudade


Em dias como esse, 
eu me pergunto quanto vale essa passagem,
com sentimentos nada equinócios.
Dias quais as horas tem mais peso, 
cada minuto mais validade, 
cada gesto mais sentido, 
cada sentimento mais dor.

Nestes dias doloridos, 
a pele sente mais frio, 
enquanto coração sente calor distante. 
Não é o fogo do desejo, 
qual se sacia em qualquer extintor.

É saudade que queima a garganta e corta a alma. 
Esmigalha, aos poucos, cada pedaço de um lugar onde, algum dia,  já morou um coração.

Esses dias são infinitos, 
com ar rarefeito que não preenchem pulmões rasos, 
nem mesmo oxigenam pensamentos sadios.

Esses dias serão como solstícios 
onde as luzes quentes do calor do sol,
se ofuscam pela escuridão da dor chamada saudade.


sábado, 10 de janeiro de 2015

"Saudade é bom, porque junta duas partes distantes. Mas a saudade boa é só aquela que você sabe que, daqui a pouco, não vai mais sentir. A outra, não se chama saudade. A outra, é só dor mesmo."

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Trocadilhos incidentais

Tenho uma paixão pelo escritor Mario Prata.
Paixão platônica, claro. Ele nem imagina a existência da mera mortal que eu sou.
Tenho quase todos os livros por ele publicado, e um deles, entitulado “Os cem melhores contos de Mario Prata (que na verdade são 129)”, está entre meus preferidos, para quando preciso dar uma mudada rápida de humor. Adoro a ironia do Prata, adoro as piadinhas nas entrelinhas e em pautas escancaradas.
Enfim, nesse citado livro, o primeiro conto fala sobre algumas palavras que ele mesmo entendeu errado ou que alguém entendeu disforme. Cita as palavras e o que o sujeito criou como seu significado. É super divertido, vale muito a leitura. Risada fácil.

Me inspirando neste conto do Prata, resolvi criar meu próprio, com as palavras que ouvi dos meus filhos pequenos (criança fala cada coisa!) ou que alguém próximo falou errado e eu incorporei pro meu dicionário informal (aqueles momentos que você pode falar errado que o outro entende que é brincadeira).

Maxilar: minha amiga de escola, me contou em segredo que não entendia como tinham conseguido colocar a palavra maxilar dentro de uma música. Eu perguntei: - “Mas que música é?” E ela: “- aquela assim: …agora não tem jeito, cê tá no ‘maxilar’…” ( Como Eu Quero - Kid abelha).

Taporex: essa era a empregada da minha amiga Mariana, que dizia: “Dona Márcia, a comida que sobrou eu coloquei tudo no taporex e deixei na geladeira”. Essa mesma figura colocava a roupa para ‘transcifugar’ e ficava ‘misturada’ naqueles dias desagradáveis de período menstrual. Uso todas, rindo sempre.

Trocando de biquini: essa pérola é minha mesmo, que ficava imaginando uma mulher espremida naquelas cabines provador, suando, nervosa, indecisa, na escuridão da madrugada (isso eu não entendia por quê)… quando ouvia “…na madrugada a vitrola rolando um blues, trocando de biquini sem parar…” (Noite do Prazer - Claudio Zoli)

Trauma: uma colega de trabalho, engraçadíssima, brincava com a palavra traumatizada. De toda situação inesperada, ou que dava errado, ela dizia “aí eu traumalizei”. Incorporei. ‘Traumalizo’ sempre também, aliás, ‘traumalizei’ com a palavra em si, que devo pensar duas vezes antes de pronunciar, se o assunto for sério.


Das crianças de casa:

Acasuva: O Léo, pequenino, pergunta do nada, o que significava acasuva. “Essa palavra não existe filho”, eu expliquei. Ele insistiu que existia sim, o moço canta na rádio. “Canta pra mim?”, eu pedi. E ele, naquela voz doce: “…Acasuva me proteger, enquanto eu andar distraído…” (Epitáfio - Titãs) A explicação só aconteceu depois de um abraço bem longo.

Salada: ainda o Léo, resolveu colocar na música do Rappa, uma salada lá no meio. Não tinha nada a ver, mas ele achou divertido e cantava sozinho sempre: “ …faltou luz mas era dia, o sol invadiu a salada”. Não é tão engraçado, mas pra mim, tem salada até hoje, mesmo na versão com a Maria Rita. ( O Que Sobrou do Céu - O Rappa)

Cogumelo: preparando um strogonoff, a dispensa ficava longe e o auxiliar único era o Leonardo com seus 2 anos e meio. “Sabe o que é cogumelo filho?”, ele fez com a cabeça que sim. “Você pode ir lá na dispensa pegar um pote de cogumelo pra mim?” E ele foi serelepe… demorou um tempão pra voltar e voltou com saquinho de coco ralado. Eu perguntei: “Você sabe como isso se chama?” E ele, com olhos brilhantes: “COCO MELO!!!”

Leite dilensado: esse é da Julia, que não comia fruta de jeito algum. Mas, era só adicionar o “leite dilensado, vó”… aí, ela mandava ver! Ela adora leite dilensado, até hoje. Aliás, ela come leite dilensado com fruta, e não o contrário. Nada boba, essa Julinha.

Tô feita: chatice essa parte de educar filho, que dura 24 horas por 7 dias da semana. Não dá pra dar brecha, não tem intervalo. Durante o almoço, de olhos nos três comendo, uso do talher, do guardanapo. A Mel se levanta, pede licença. “Onde você vai mocinha? Ainda não terminou de comer!” E ela: “Tô feita, mãe”.

Desde então, todos nós ficamos (satis)’feitos’, depois de almoçar. 

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O que é?

Fiquei pensando no que é ser mau. 
E tentando cá com meus poucos botões entender o que faz alguém mau e o que é ser bom.

Cheguei na conclusão que todos somos, no mínimo, um pouco de tudo. De tudo aquilo que sentimos por não sermos celestiais: por termos carne, osso e sentimento.

Tentei classificar os tipos de maldades, apenas na forma que são sentidas, porque ações más, essas são quase impossíveis de se classificar.
Não seriam o ciúme, vaidade, inveja, raiva, possessão... sentimentos maus? E todos nós não somos passivos de senti-los? Isso nos torna pessoas más?
E as nossas boas ações? Elas anulam os nossos não tão bons sentimentos?
Como seríamos classificados?

Tudo depende, não é mesmo? Depende de quem nos vê e não necessariamente de transferência de experiência, mas da experiência que fizemos o outro sentir em nós.

Todos nós já fizemos mal a alguém, em algum momento, propositalmente ou não. Mas já fizemos alguém doer, chorar, sofrer, magoar ou qualquer outra coisa que tirasse seu sossego ou sono.
Da mesma forma que já nos foi feito tudo isso e não foram pessoas essencialmente más. Foram atitudes controversas à nossa vontade apenas, que nos fizeram mal. E só.

Imaginei, como boa resposta, que a diferença entre as boas pessoas e as más, está na escolha. Está na chance... naquele momento que temos a chance real de fazer uma maldade... seja em palavra, ação ou pensamento e optamos por não fazer.

Optamos por não fazer porque a melhor ação nos fará deitar em paz, cabeça com pensamentos amenos e sentimento brando. 
E isso tudo, pode não ser porque somos bons ou praticamos o bem, mas sim, porque somos tão maus a ponto de só querermos nos sentir bem.

Será?