O dia que te matei, eu chorei.
Mas não foi daqueles choros quentes,
que deformam, que soluçam.
Esse choro eu chorei nos dias todos
em que me preparei
para você morrer.
No dia que te matei,
escorreu lágrima oca
de alma que jaze vazia
cheia de angústia.
Não foi choro contido
como tantos os outros sentidos.
No dia que te matei
morreu quem flutuava
em balões coloridos
que levavam para o céu infinito.
E agora só arrasta o látex puído
como correntes em punição.
No dia que eu te matei,
não matei por querer,
mas porque tantas vezes
você pediu para morrer.
Não foi doloso, foi culposo
de quem só
teve culpa por querer.
O dia que te matei,
você não morreu.
Morri só eu.
E passei a ser,
exatamente,
como todos os outros
que tem seus pés no chão.
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