quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Gergelim

Amigos são amigos. E ponto.
Considero que temos amigos em níveis diferentes (maior grau e menor grau), porém, quando a afinidade das almas é relevante, a ponto de qualquer momento ser bom ao lado de alguém, pode-se considerar amigo. Tentando não ser piegas, é obvio que, não existirá tempo ao lado de alguém que seja 100% prazeroso, considerando as variações de humor e estímulos que recebemos, e considerando ainda mais, se um dos lados for dotado de ovários (consequentemente, seus hormônios e intemperanças).
Mas existem, sim, pessoas que, mesmo em tempo de adversidade, você estar ao lado, será prazeroso, pelo simples fato de você conseguir enxergar e extrair de quem você gosta, o melhor que aquele tem.
Considero a aviação a maior escola de amigos que pude fazer. A rotatividade de pessoas com quem trabalho e a diversidade de culturas, personalidades, e a carência nata, me fez ter amigos em todos os graus possíveis, com um dom ainda maior: o de não precisar estar em contato todo o tempo.
A aviação têm me presenteado com grandes e amados amigos, que não posso, em virtude das nossas vidas/escalas, estar ao lado sempre. 
Eis a grande lição.
Amigo é para estar dentro. 
Adoraria poder estar mais perto daqueles que tanto gosto. Mas, o verdadeiro amigo, vai te oferecer o que você precisa, no momento que você precisa. E te mostrar que, o amor, pode estar em qualquer lugar.

Lembrei de um dia , há algum tempo, eu passava por uma fase ruim,  estava bem chateada, mas sempre próxima de um amigo chamado Paulo.
Relatei para o Paulo Pino, ao chegar na casa dele, uma nova descoberta: eu tinha assistido a  um programa de televisão sobre alimentos, e sobre os efeitos que alguns dos componentes destes  faziam em nosso organismo. Fã incondicional da culinária japonesa, me chamou a atenção o atum, que teria componente X (ai gente, não lembro mesmo... memória fraca também é consequência da aviação), e tal vitamina agiria na ansiedade, diminuindo-a. E logo depois, falaram do gergelim, rico em magnésio (esse eu lembro) e que, o magnésio, liberaria sensação de felicidade.
Como uma criança que descobre justificativa para seus gostos, conto para o meu amigo: eu deveria comer mais comida japonesa... 
Paulo, artista plástico, sensível, amigo, companheiro, corre até sua cozinha e traz dois saquinhos de gergelim (um torrado, outro não), presos por aqueles pregadores de cozinha. Estende-os para mim e declama: "- Eu te desejo toda a felicidade que eu tiver!".
Chorei como um bebê.
A partir daquele dia, percebi  que, amigo deve exercer exatamente esse papel: o da torcida, com cadeira cativa, com toda sinceridade e amor que puder oferecer , seja o momento que for. Seja em linguagem falada, em escrita, ou linguagem figurada.
Hoje, exatamente, faz 9 meses que não vejo o Paulo, porque viaja a trabalho. Algumas poucas vezes nos falamos por mensagem. Porém, o amor que sinto por Paulo, não diminui com a distância, porque sei que ele está aqui dentro, tanto quanto eu sinto que todos os outros amigos amados, me completam e  me aquecem com suas amizades. 
E que, a grande sabedoria, está em perceber que, todas as vezes que a vida nos presentear com um reencontro, será como degustar alguns quilos de gergelim: cheio, cheio de sensação de felicidade!

Um comentário:

  1. Divido o meu gergelim c vc... afinal sem vc ele não teria graça mesmo. É bom ter vc por perto mas não estou... como vc disse: amigos mesmo longe, trazem a felicidade do reencontro... te amo

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