E quem nunca pegou uma peça de roupa que não era sua e a vestiu, mesmo o modelo sendo antigo, mesmo estando puída?
Quem nunca pegou uma peça que já foi de alguém e pensou em algum momento: se eu consertar, parecerá nova?
Quem nunca pegou um pedaço apenas (que seja) de pano, e viu nele todas as possibilidades, sendo visionário e inovador, e nele colocou todas as esperanças de renovação?
Da mesma forma, ao contrário, quem é que já não foi a peça que substituiu aquela que o outro não tem mais?
Quem nunca entrou no lugar daquilo que não servia e havia sido jogado fora?
Quem já não foi remendado e recosturado, alinhavado, com moldes antigos, com antigas medidas que não lhe pertenciam?
Quem nunca foi cerzido, emendado ou remodelado?
Quem nunca foi feito em pedaços, depois de não servir mais, e virou apenas retalhos?
*poema produzido para a peça "Casa de Retalhos" de Marcio Azevedo
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