segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Será que dá tempo?

Já perceberam como o tempo tem passado mais rápido? 
Principalmente para nós, que já passamos dos trinta e muitos... o tempo está correndo. Está correndo de nós e nós, esbaforidos, tentando alcançá-lo com todas as armas possíveis.

Pensando nele, na sua velocidade, me lembrei da minha infância, antes dos 10 anos, o quanto esse bendito colega demorava para ir para frente. Passava tardes inteiras olhando o tiquetaquear do relógio que insistia em ser lento. Fazia desenho, brincava com o que tinha, mexia com os gatos e olhava para ele: passou só 5 minutos!
Era incrível como ele era lento e eu o percebia.

Ficava com raiva porque queria que ele corresse para eu alcançar minha maioridade e eu ser livre.

Depois dos 10 até os 17 anos, mais ou menos, eu tentei enganá-lo. Me ocupava com toda atividade possível. Fazia aulas de inglês, ballet, jazz, sapateado, manequim, dança polonesa, dança de rua. Ainda teve uma época em que meus pais tinham uma padaria e eu dava um 'palhinha' como caixa (bom para mim, aprendi a dar troco rápido). Mesmo assim, o tal tempo só me deixava exausta. Mas nada de fazer minha independência chegar.

Aos dezoito anos, trabalhava durante o dia, estudava à noite e o tempo só passava mais rápido quando, por ironia do destino, eu estava prestes a  perder o ônibus (o último, claro, que me levaria à pensão mequetrefe em que eu morava). Nessa hora o tempo corria. Não podia bobear um assunto a mais ao final da faculdade que o tal ônibus desapareceria (mesmo o motorista já sendo meu camarada e descendo mais devagar a tal ladeira de São Caetano do Sul  onde eu sempre aparecia enlouquecida, atravessando a rua, ora rindo, ora derrubando caderno... mas nunca, nunca organizadinha como seria uma menina decente).

Enfim... de repente, não sei dizer em qual momento... Pam! Já era adulta, dona do meu nariz e das minhas contas. Com filhos, escolas, casa, trabalho e tantas outras coisas que um adulto fêmea tem que cuidar. 
E só aí, só nesta fase eu fui perceber... o tempo corre.
Corre de mim e quando eu vejo... fim... acabou-se um dia e eu, mais uma vez, fiquei com coisas pendentes para fazer.
Isso porque hoje, acesso meu email e blog do meu celular, recebo cartas pelo celular, falo com quem preciso a hora que precisar pelo celular... e tenho todas as outras facilidades de uma vida moderna: descongelar um frango demora só 5 minutos, fazer um macarrão rápido também.
 A fome dá para se matar com uma tranqueira na hora do aperto. E carro, trem, metrô, avião nos levam para todos os lugares que precisamos.
Fico imaginando uma pobre mãe há 100 anos, tentando fazer um terço do que eu faço hoje... não seria possível. Nem liquidificador ela tinha. Bater bolo era na mão mesmo e cozinhar dependia da lenha.
Mesmo com tudo elétrico e eletrônico a meu favor,  o tal tempo corre e eu não dou conta de fazer o que preciso. 
Às vezes ele corre tanto, que os três minutos que a embalagem do condicionador pede para ficar em ação, viram uma eternidade... quem é que pode ficar 3 minutos inteiros de bobeira esperando um creme agir no cabelo?

E ainda por cima, algumas revistas escrevem que é possível você trabalhar fora, malhar, cuidar das crianças, cozinhar, depilar e ter um tempinho para cuidar da beleza, para fazer uma surpresa para o 'maridão' que te espera em casa... e ao final do dia, animação para um sexo sensacional.
Desculpem-me as tais revistas. Não dá para fazer isso tudo porque o tempo não deixa. Não é porque eu nao quero. É porque não dá.

Ou seja, ele (o tempo) continua aprontando comigo.
Mal sabia eu, há vinte anos, que quando atingisse minha maioridade, viraria escrava. Dele.

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