quarta-feira, 12 de março de 2014

Promessa



Hoje, não sigo religião alguma.
Mas acredito em todas. Em todas que são base para o homem encontrar uma  Força Maior. 
Acredito em energia. Acredito em retorno de boas ações. 
E por acreditar em retorno de boas ações, me dei ao despeito de fazer um pedido ao Universo.

História 1:
Uma vez, há muito tempo, uma colega querida (queridíssima) foi à uma igrejinha em Arona (Itália), e depois de lá estar, me contou que ao entrar na igreja, ela só pensava em mim. Disse ser sensitiva, e me orientou em alguns comportamentos. Em uma das orientações, ela me disse: quando você precisar de alguma coisa, jejue! Nada mais poderoso que um jejum!

História 2:
Estou eu triste. Muito triste. Pós pior acontecimento conjunto de minha vida. E estou trabalhando, rumo à Itália, com outra querida colega, que tem marido judeu. E ela me conta: em seu retorno, prepararia tudo para um dos dias mais importantes do calendário judaico: Yôm Kipur. Dia de introspecção. Dia do perdão. Onde o judeu fica 24 horas em jejum total, e ela, por respeito, acompanharia o marido.

História 3:
Cheguei em Arona, e quando dei por mim estava frente à pequena capela católica construída a Santa Ana. Lembrei da Lilian (história 1) e entrei. Ao entrar, fui domada por lágrimas. E fiquei lá, ajoelhada até aquela sensação passar. Um misto de emoção e auto piedade (sei que é feio, mas é verdade). Chorei muito,  muito, até que comecei minha oração.
Lembrei da Lilian e do jejum mencionado. Lembrei da Denise (história 2) e do Yôm Kipur. Lembrei que, sempre que pedimos alguma coisa, precisamos entregar outra. 

E com todas as minhas forças, com toda minha fé: fiz um pedido. E uma promessa.
 Prometi ficar sem comer açúcar refinado (e tudo que contém açúcar, até mesmo os salgados) por seis meses. E ainda prometi que o faria para mostrar ao Universo (e aos seus Regentes) quanto eu queria aquilo que eu pedia. 'Eu faço daqui e vocês fazem daí', pensei. 
Pedi com força. Com necessidade de quem não tem mais de onde tirar energias.

Pode parecer besteira, mas este foi o ultimo dia que fiquei triste ao extremo. O ultimo dia que pensei uma grande besteira.
O ultimo dia que quase desisti. A partir deste dia, meu coração foi abrandado, talvez pela certeza que criei em saber que seria correspondida no pedido que fiz. 

Hoje, é o dia. Hoje faz seis meses que parei completamente com o açúcar. Confesso que sofri nos dois primeiros. Teve um dia que eu até chorei, por causa de coloridas jujubas, ridiculamente, eu chorei...

Você deve estar curioso. Ela foi atendida? Seu desejo se realizou?
A resposta é Não.
Não fui atendida e meu desejo não chegou nem perto. Não tenho expectativa alguma, nem um cisco, nem um pouco. Nem uma faísca.
Até agora: nada. 

Ás vezes, entristeço. Ás vezes, tenho ainda mais fé. Meu sentimento oscila. Mas eu continuo esperando... E só quem já esperou alguma coisa que quer demais, sabe quanto tempo tem dentro do tempo em si. Parece que mais que o dobro.
Porém, eu ainda espero.

Só tenho um pouco de medo do tempo: porque das poucas coisas que eu já sei, com certeza, é que o tempo e a distância mudam tudo. E se com o passar do tempo, eu deixar esse sonho para trás,  é sinal de que eu mudei demais. Ou que meu sonho ficou distante. Ou que me tornei impotente... Ou... Que cansei...

Enquanto isso, outras certezas:
Dá para viver sem açúcar. E isso não significa que a vida não tem doce. O paladar da gente muda. E outras sensações são sentidas com maior prazer. A impressão que eu tenho é de que o açúcar adormece o paladar , e os outros adocicados ficam sem sabor.
Após esse tempo todo, já é possível saborear outros gostos com mais ênfase.

Outra certeza: eu sou capaz de cumprir mais metas do que imaginava. Muitos ao meu lado se espantaram com o que abri mão. Todos diziam: "nossa! Eu não conseguiria!". É... Mas a verdade é que eu também não sabia se conseguiria. 
E mais: mais difícil que tirar o açúcar da minha vida, foi mudar o hábito que tinha. Nossa! Quanto doce eu consumia sem perceber!

Emagreci dois quilos e meio nestes seis meses. Pode parecer pouco, mas, para quem me conhece de perto, sabe que a minha luta, dieta e exercícios, são para o ganho de peso (principalmente depois de ter sido anoréxica). Mesmo aumentando as refeições em vezes e quantidade, para justamente não perder peso: não teve jeito... Esses dois quilos se foram.

Enfim: a vida continua. E eu sigo nela. Hoje é o ultimo dia da promessa.
Não preciso mais recusar ao açúcar. Não preciso mais dizer "não como nada com açúcar". Não preciso mais ver os olhinhos arregalados das pessoas quando menciono isso.
Mas a verdade é que eu não sei. Não sei se continuarei sem. Não sei se consumirei com moderação. Nao sei.

Só sei que a vida é muito mais doce quando estamos felizes. E não é o açúcar o responsável por  isso. São nossos sonhos realizados.

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