terça-feira, 13 de maio de 2014

Você deve morrer

Não é preciso ser poeta. É preciso entender a vida.
E entendendo a vida, em seus pormenores, acabamos por ver poesia nos acontecimentos em geral.
E toda poesia pode ter romance, pode ter drama, pode ter falha.

A vida é uma sucessão de acontecimentos ilógicos, que dizem, em algum momento, tudo fará sentido.
Talvez, esse momento seja único, seja aquele momento que alguns nos convencem, quando o filme passar à nossa frente, em velocidade gigante, quando definitivamente fecharmos os olhos para a vida em si.

Talvez nada precise ter sentido e sim só ser sentido.

Talvez, aprender a respirar com mais calma, aceitar as contradições e ter forças para seguir em frente, seja o único aprendizado, além do desapego, que é a lição maior da vida.

Quantas e quantas vezes já estivemos para alguém, e em algum momento que precisamos, nos vimos sozinhos, sem ter apoio? Esse fato definiria solidão? Esse fato conotaria revolta?
Pode ser um pouco dos dois.
Porém, em tempos diferentes, quem é que já não teve apoio de alguém que apareceu do nada, para fazer coisas que outros próximos foram incapazes de fazer?

A vida não é um banco. Aliás, nem mesmo em nossas contas bancárias onde depositamos 100 moedas, somos capazes de retirar as mesmas 100, um período depois. Existem os juros, as taxas e ao perceber, lá, naquela instituição física, onde você depositou o palpável, você não tem direito a receber de volta o que você colocou. 
Sendo assim: é muito provável que não recebamos de alguém o que já lhe demos. Pode ser que sim. Mas poder ser também que o retorno venha em outro formato, em outra configuração.
E ainda é importante estar com olhos atentos para entender, e agradecer ao Universo pelos frutos colhidos.

Parados, inertes, não recebemos nada. Onde não há doação, não há retorno. Isso é fato.
E um dos desafios da vida é aprender a seguir em frente, todos os dias, mesmo com as contradições e desapontamentos que vêm com ela.

"É preciso morrer algumas vezes antes de realmente viver": disse Charles Bukowski.

E ainda em maior proporção, é preciso aprender a renascer, mesmo quando parecer que todas as forças se esvaíram (isso sim é ledo engano). 
Não há como ter uma única força que empurre para baixo. Quando se chega ao fundo do poço, a única saída é para cima e é para lá que você deve ir.


“You have to die a few times before you can really live" Charles Bukowski - poeta, romancista (1920/1994)


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