terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O dia do perdão


Tenho consciência dos meus erros. E sofro muito com eles.
Tenho consciência da minha humanidade também, mas ainda não aprendi a me perdoar por não conseguir ser evoluída em muitos quesitos.

E me cobro... me cobro muito para errar menos, porém alguns sentimentos fazem parte da minha humanidade e hoje, meu maior desafio é aprender a viver com eles sem tentar a minha santificação.

Sempre tive péssima memória. Por um lado é excelente porque posso rir da mesma piada mais que uma vez, assistir um filme com o mesmo interesse e perceber somente no meio dele que já o assisti. E ainda, esquecer quem algum dia já me fez mal.

Como qualquer outra pessoa, já fui enganada, já fui traída. Mas com esta péssima memória (e sempre achando que também tinha bom coração) perdoei, esqueci e tudo se resolveu.
Mas como nem tudo são flores em nosso caminho, havia uma pedrinha. Um rancor, que se estendeu nos últimos sete anos. 

Tive uma funcionária, trabalhou conosco (eu ainda era casada) por cinco anos. Cuidou das minhas crianças.Cuidou dos meus bebês e nossa confiança nela sempre foi mais que 100%.
Se mostrava sempre muito gentil, querida, atenciosa. 
Um dia, por diferenças religiosas, ela deixou de fazer parte de nossa casa. Nesse momento, uma mágoa se instalou em mim. Mal sabia eu, que depois de alguns dias, receberia uma convocação para audiência trabalhista, onde a tal funcionaria alegava fatores que não eram reais.
Tal processo não foi tão dolorido porque suas acusações eram infundadas e foi percebido que era apenas mais um caso de um advogado mal intencionado, com um acusador mal instruído. Porém, o fato desta pessoa nos acusar de tantas coisas ruins sendo que a verdade era que nós a ajudávamos no que podíamos (muito, muito além de nossas obrigações) foi o que mais me causou dor.

Na época, quem enfrentou tudo foi meu ex-marido porque eu não tinha condições sequer de olhá-la. E esse amargo se transformou em rancor. O único que me lembro pulsar em meu coração por tanto tempo.

 Mas hoje, uma coisa incrível aconteceu.

Uma pendência de sete anos se desfez.

Recebo o telefonema desta mesma pessoa que só disse o seguinte: "Mariani, estou te ligando para pedir perdão."
Após minha mudez de alguns segundos, ela repete a frase. Minha cabeça fervilhou com tantos pensamentos, tantas respostas, tantas coisas que eu queria dizer para ela nestes anos todos. 
Queria dizer a ela o quanto me magoou, o quanto me fez desacreditar em tantas outras pessoas, em quanto medo me pôs, nos remédios que tomei quando fiquei muito triste, em quantas respostas inventadas para meus filhos que sentiam saudade dela, em quanto me senti traída... foram tantas, tantas respostas que eu decidi respirar fundo, ouvir meu coração e respondi: "Está perdoada". Lembrei do meu ex-marido e falei por ele também porque sei que seria isso que ele faria.

Desligamos o telefone depois de uma conversa breve, mas nada superficial. Dentro de mim houve um implosão. Um sentimento escuro se esvaiu em pó, lavou minha alma e meu rosto em lágrimas.
Entendi mais uma vez que para tudo existe uma solução. E agradeci ao tempo por trazer acontecimentos incríveis em minha vida.

Esse tal Universo é mesmo incrível, o tempo é mesmo travesso, e eu sou mesmo muito grata por estas características.

Esse é mais uma desabafo, eu sei. Mas eu ainda acredito que boas coisas devam ser compartilhadas. Porque aprendo todos os dias que erro tanto e tantas vezes...e que, em todas elas, eu só gostaria de ser perdoada.


4 comentários:

  1. Aff, pare de escrever assim, senão vou desidratar... :)

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  2. Lindaaa mensagens....Perdoar eh.uma virtude,são p poucos...
    Bjs

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    1. Linda Sonita, fiquei mesmo feliz em conseguir perdoar. Mas a maior alegria foi saber o que tempo cura tudo, até mesmo aquilo que pensava ser incurável. Obrigada pelo seu carinho! Bjs

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