quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Após o assalto


Quando se é assaltado, fica aquela sensação de impotência.
Amargo na boca, desespero interno, adrenalina correndo por todo corpo.
Um grito preso ou talvez um grito solto, de quê nada adianta, resolve ou melhora.
Um vazio gigante, em peito apertado, um desconforto como se ficasse nu.
E o pior de todas as sensações: o martírio da culpa por você não ter se protegido, se preocupado mais ou desconfiado.

É assim quando alguém vai embora.
Aquele alguém qual você abriu mais que sua casa.
Abriu a vida, a alma... a sua verdade.
Aquela pessoa qual participou dos seus sonhos, da sua vontade.
Quem fez parte de seus projetos. Quem você investiu nos projetos.
Aquela pessoa que te leu por inteiro, sem tirar nem por.
Aquela que colocou esperanças de que tudo tem sentido: a espera, a longevidade, os caminhos sinuosos.

Aquela que parte seus desejos, expectativa e coração ao meio.

Quem vai embora e leva consigo a sua melhor parte, a parte mais bonita, a parte mais inocente.
Aquele alguém que te assalta, rouba sentimentos dos quais, você imagina, nunca mais recuperar. 
Aquela que vai embora e logo após o furto, você pensa não ser passivo de ter de volta bens tão preciosos (e em seu íntimo, promete com muita força, que se os recuperar, não os irá entregar a mais ninguém).

E você deseja, em seu sentimento puído, se preparar mais:
Mais insulfilm e blindagem.
Mais cercas, talvez até uma elétrica.
Um muro mais alto, uns cachorros grandes para latir bem forte.
Identificadores, câmeras e autorizações.
Alguns seguranças, quem sabe, até algumas armas.
E claro, não menos importante, um olho mágico... pra dar aquela última espiadinha, antes de abrir o coração.


2 comentários:

  1. Ninguém sabe lidar definitivamente com os sentimentos f. Nem mesmo você. Achava que não amava e amava perdidamente. Vá ver. É sempre bom dar uma espiadinha.

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    1. Olá Sr Campista. Começo agradecendo a sua leitura. Obrigada por compartilhar um pouco dos meus pensamentos.
      Dentre tantas respostas possíveis, escolhi a seguinte: Definitivamente, eu aprendi que não sou dona da razão (dos outros). Mas da minha própria, sou dona, autora e responsável por. Assim sendo, qualquer observação que eu fizer sobre sentimento, será sempre do meu ponto de vista e sentido, que (mais uma vez) definitivamente, é diferente do seu. Por amar perdidamente, e somente por saber amar assim, sei descrever situação como deste texto, qual não usei a primeira pessoa do singular, em momento algum.
      Ainda penso que a vida é feita para ser sentida, e tudo só fará sentido, quando todos os sabores forem provados, inclusive os amargos (como mera mortal não posso me abster deles).
      Mas, já que é para expor ainda mais meus sentimentos, posso te dizer: uma das minhas maiores desilusões foi ter acreditado que algumas pessoas poderiam sentir por mim o que senti por elas (um amor absoluto, infinito e incondicional). Portanto, fica aqui testemunho de quem, por ser tão verdadeira em seus sentimentos, às vezes prefere a solidão, do que viver qualquer coisa mais ou menos. Aí, você terá meu silêncio, é certo.
      Felizes Campos para você e que sejam cheios de sabores coloridos. Até mais.

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