terça-feira, 10 de junho de 2014

Quem conta um conto

Escrever é terapia.
É forma de deixar a alma transbordar.
Quem escreve ratifica em palavras, assina em documento o que pensa, o que respira, o que faz o coração vibrar.
Todos somos capazes de escrever. É só deixar tudo que temos no coração esvair.
Disse Ernest Hemingway (adoro citar esta frase): 

“There is nothing to writing. All you do is sit down at a typewriter and bleed.”

(Não há nada para escrever. Tudo o que você precisa fazer é se sentar em frente de sua máquina de escrever e sangrar).

Escrever é fácil, basta querer. Basta ter um tempo. Basta se expor.
Colocamos os dedos em um teclado, e deixamos a vida acontecer exatamente como ela tem que ser: com espaço entre ações, com pontos, com vírgulas, com reticências. Com letras maiúsculas e minúsculas. Com substantivos, adjetivos. Com artigos definidos ou indefinidos.
Quem escreve, assina a pessoa que é.
Só podemos diagnosticar aquilo que já vivemos ou que temos como memória/reflexo.
E apesar de todos os pesares, nada como um pesar para permitir sabedoria.
Sabedoria se adquire após acertos prudentes.
Prudência se adquire após acidentes.

E a vida acontece no meio disso tudo, enquanto se erra e se acerta.
Enquanto permitimos que pessoas entrem e saiam, e nos modifiquem.
Enquanto sangramos e cicatrizamos.
Enquanto sorrimos ou choramos.
Enquanto estamos acordados ou dormindo enrolados em nossos sonhos ou a alguém a nos aquecer (seja a alma, a memória ou o próprio corpo).

Para Pablo Neruda: "Escrever é fácil. Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca ideias." 

Para mim, fazer um conto é como viver. Quem vive a própria vida, intensamente, é capaz de escrever. Mas é ainda mais capaz de fazer história.

E melhor que escrever um conto qualquer, é poder ser história ou  fazer parte da história de alguém.

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