quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Nós também temos camarotes.

Li a reportagem sobre os Camarotes.
Depois de ver tanta gente espantada sobre o conteúdo da reportagem, me vi na obrigação de, ao menos, entender sobre o quê tantas pessoas estão indignadas.
Li, reli e não entendi.

Primeiro, me choquei por uma revista de tão grande circulação, fazer reportagem sobre assunto tão desinteressante, enquanto tantos assuntos importantes acontecem ao mesmo tempo. Assuntos sérios que mexem, aí sim... no meu, no seu, no nosso bolso... assuntos sobre o nosso futuro. Sobre a economia de um país moralmente doente.
Não entendi o porquê de tanto estardalhaço sobre tamanha banalidade.

Pode ser simplista esta minha visão, mas é muito básica: oferta e procura. É uma lei.
Se existe camarote a se vender por aquele preço, é porque tem gente com poder aquisitivo de compra, porque tem procura. Se tem quem o use (e o mais bonito, o assuma) para chamar atenção das mulheres, é porque tem mulheres para este público (e pelo jeito, tem de sobra).

Quisera eu ter dinheiro suficiente afim de gastar com quem bem entendesse, da forma que bem entendesse, onde e quando quisesse... Nesta parte, senti um pouco de angústia por ter que contar moedas todos os meses, fazer contas, revirar fontes, dizer 'nãos', gastar tão pouco ou quase nada em lazer. 
Não senti inveja. Pelo fato simples de saber que dinheiro também aprisiona, maltrata, enjaula.
Mas vontade de ter um pouco mais, senti sim. E mais uma vez, meu pensamento voltou para a economia desbalanceada, para a educação escancaradamente não investida, para a saúde pobre. 
Voltei meus pensamentos para a desigualdade em geral e para quanto o texto desta revista encobre todos esses assuntos de suma importância... e mais uma vez caímos como patinhos... é melhor ficarmos com raiva de um único sujeito, a lembrar que temos tantos outros, eleitos por nós mesmos, que estão descuidando do que é nosso por direito.

Fui até mais longe... pensei em quantos camarotes, nós reles mortais, também ostentamos... claro que, com maior simplicidade, mas também temos meios de chamar a atenção,  nos fazermos aparecer. 
Muitas vezes, em redes sociais, ostentamos a nossa felicidade, o lugar que visitamos, a família perfeita, nossa moral elevada.
Ou ainda, ao conhecermos nova pessoa, exaltamos nossos méritos: formação, trabalho, aquisições ao longo da vida.

Para mim, a grande verdade é que todos nós temos camarotes: cada um com seu valor agregado. Cada um com seu conhecimento ou acesso. 
E esses camarotes, são a forma que encontramos de nos fazermos interessantes.

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