quinta-feira, 7 de abril de 2016

Durante o jogo II


“- Treinador, venha aqui:
Eu quero sair do Time dos Tontos.
Eu preciso de um tempo, quero ficar fora de campo.
Desse jeito, não dá, treinador. Está ficando cada dia mais difícil.
Nosso time está fraco, treinador. Nosso time está exaurido.
O time dos Espertos está grande, cara. Os Espertos estão mais fortes. 
E eles têm patrocínio. 
Estão tomando Whey Protein, treinador. E nós suplementamos com o quê?
Eles tem GH, treinador. Têm em cápsula, têm injetável.
Olhe o tamanhos deles, cara.
Eles estão robustos.
Eles riem da nossa cara, treinador. Eles dominam o campo.
E fora daqui, nos apontam: ‘Olha aí, um dos Tontos’.
Eles se reúnem fora de campo, estão em festas, estão em todos os lugares, treinador. Usam todos os tipos de roupas, se misturam com os nossos. 
Ele têm jogadores infiltrados, que se fingem de Tontos.
Mas na hora da verdade, treinador, eles correm. E como correm rápido, hein?
O pior, treinador, não tem sido só eles se fingirem de contundidos, essa manha nós já pegamos, né? A nova tática dele é jogar a culpa em nós. 
Durante o jogo, eles nos derrubam, e nos levantam na frente do juiz, pra fazer bonito: Enquanto nos levantam, fingem também de arrependidos: ‘Desculpe se você caiu’. Como se a gente tivesse tropeçado, treinador! Eles no empurram, nos derrubam, passam a perna em nós e pedem desculpas pelo erro que nós cometemos ao sermos derrubados? Que tipo de desculpa é esse, treinador?
Precisamos fazer alguma coisa, treinador. Precisamos de mais gente no nosso time. 
Precisamos começar a treinar nossos filhos, porque os Filhos dos Espertos também estão crescendo. E os filhos Deles estão também convencendo aos Nossos.
Precisamos arranjar alguma forma de mostrar pra torcida que nosso Time não tem recurso financeiro, mas nosso Time tem paz no espírito.
Precisamos de mais técnica, treinador. Precisamos de mais tática. Precisamos de mais ginga. Precisamos de estratégia. Precisando de destreza. Precisamos de audácia, treinador!”

Treinador: “- Sendo assim, seríamos como eles.”

“- É verdade, treinador. Deixa pra lá. Foi só um desabafo.
Vamos jogar.”

Intertextualização da crônica Durante o Jogo de setembro de 2015

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