quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

É no silêncio que você descobre...


De repente, você percebe... Você não é mais a mesma pessoa que já foi.
O mundo te modificou e você permitiu.
Permitiu que algumas felicidades te moldassem, da mesma forma que as desilusões fizeram.
Você não é mais jovem. E nem gostaria de ser. Mas gostaria de ter um corpo jovem.
Você enxerga ao mundo com menos tolerância para a violência, para a ignorância e fica cada vez mais indignado.
Fica indignado por não poder mudar um propósito do mundo que você jurava não fazer parte. Mas pode ser que faça. E no seu íntimo, você sabe, se calar é uma forma de permitir que o mundo te corrompa.
Você entristece com menos facilidade, mas também permite que menos pessoas entrem no seu círculo. E cada dia mais também percebe: seu círculo está menor. Muita gente que estava nele, você excluiu ou se auto-excluiu.
Você passa a dar valor a coisas que, um dia, você nem se importou. As aventuras na praia, barraca, saco de dormir, por exemplo, não são escolha em vista do seu colchão, travesseiros limpos e sua ducha quente.
A sua casa, que na sua juventude já foi motivo de felicidade poder estar longe dela, em algum momento, vira o refúgio mais seguro do mundo, onde você pode ser completamente seu e que você passa a, simplesmente, maravilhar seu conteúdo (independente de quanto conforto material você tenha).
Você vê o transito de outra forma, dirige com mais calma, com muito menos euforia. Você aprende a dar passagem e começa a se lamentar o porquê outros não o fazem.
Você olha para seu lixo sabendo que você não o "joga fora", simplesmente o remove de lugar. E passa a cuidar até do que se desfaz também.
Você descobre que 'esperar' e 'aguardar' tem significados completamente distintos. E aguarda apenas o que te faz bem. O resto, é resto... E este, você se desfaz com prazer.

Você descobre que a morte, não está tão longe, não é tão inevitável. Percebe que é uma realidade e passa a não mais temê-la, mas sim, a admirá-la. E modifica sua forma de viver porque é tudo que tem a acontecer antes da sua própria morte chegar.
Você, em algum tempo, descobriu que precisa de mais músicas, mais livros. E aprende a adorar o silêncio.
Descobre que, no silêncio, é onde você encontra a única pessoa que você realmente é capaz de mudar. Que você tem que cuidar, com tamanha propriedade, para que o silêncio não vire um turbilhão de vozes a te enlouquecer.
E quando no silêncio, você consegue suspirar longamente e sorrir: eis aí! Você aprendeu a se amar.

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