sábado, 21 de dezembro de 2013

A morte



A morte é uma passagem.
É o ato final de uma teatro chamado vida. É o fechar das cortinas.

A morte é vivenciada em cada cultura, em cada religião de forma diferente. Alguns a comemoram, por tratá-la como libertação.
Independente de nossa crença, em geral, olhamos para a morte (cada um com sua individualidade) como punição.
Principalmente quando o manto negro e a foice esbarram perto de nós... dentro de nossas casas ou a amigos próximos.
Em alguns instantes, reformulamos nossos conceitos, baseados na dor que sentimos, porque acreditamos ser o melhor para todos estarmos ao lado fisicamente de quem amamos.

A morte é fato. Ela vai acontecer. Comigo, com você, com nossos filhos.
A gente sabe disso, e até aceita.
O que não aceitamos, é o desmembramento de uma família, de forma cruel, causada por violência e ignorância.
Custamos a acreditar, que um sistema inteiro, custeado por nós, nos deixa de prover o básico: nossa segurança.
Vivemos cercados de alarmes, segurança, grades, controles, em prol de acreditarmos estar seguros em algum ambiente. Nos fazemos reféns de uma violência barata e sem sentido.

E quando a morte assim, chega perto de nós, a nossa reação é desacreditar no mundo, nas pessoas, no sentido de tudo isso...

Só sentimos a morte em dor, porque alguém, aquele que se foi, foi especial. Porque o amamos, admiramos, fomos eleitos para viver ao lado de seu sorriso. Porque aquele nos causava bem estar. Esse mesmo que se foi, fez parte deste mundo, pessoa que serviu de ombro, deu carinho, afago, compreensão. Sentiremos falta de sua companhia, alegria, palavras. Ou seja, porque há pessoas boas neste mundo. 

Devemos sim, quando presenciamos violência, juntar nossas forças e revolta em prol do direito que temos de viver em paz, com sossego, com tranquilidade. Devemos nos mobilizar de alguma forma e cobrar de nossos governantes o que nos foi prometido.

Porém, neste momento de dor, temos que repensar quantas vezes ainda teremos a chance de agradecer àqueles que amamos e ainda temos perto de nós. Temos que ser gratos ao amor que recebemos, temos que valorizar nossos bons momentos justos.
Temos que aprender a deixar de lado mesquinharias, rusgas, bobagens e orgulho. Porque nunca sabemos quando será o último ato. Nem o nosso, nem daquele que queremos bem.


A morte é uma passagem.
Passagem curta para quem se vai.
Estrada longa para quem fica neste mundo com o peso da saudade.



*Em memória da colega Marlise 

Nenhum comentário:

Postar um comentário