sexta-feira, 10 de junho de 2016

Leões virtuais



Essa semana, eu me espantei.
Tenho esse blog há dois anos e meio, e repostei em rede social, uma crônica escrita há dois anos.
Narra uma viagem de São Paulo a Belo Horizonte, onde, por função da escala, ocupava assento como passageira (condição quando precisamos assumir programação em outro destino). 
Nessa narrativa, conto sobre uma criança incrivelmente inteligente e simpática qual fez-me companhia na trajetória do voo.
Nada mais fiz do que relatar, sem muitos detalhes, o prazer e a delícia que tive em passar aquela hora e meia ouvindo aos encantos do mundo daquele menino português.
Para minha surpresa, após repostagem da crônica, esse blog foi acessado mais de 3.000 vezes, quantidade espantosa e incomum, para tão pequeno blog (O próprio Google permite que eu saiba quantos acessos diários, qual a origem dos acessos (por Países) e quais os textos acessados).
Um menino de apenas seis anos fez com que muitas pessoas entrassem em contato, de muitas formas, para agradecer ou elogiar o quanto sentiram emoção naquela história pequenina.
Eis porque eu estou pasme: porque a narrativa nada mais fez além de descrever a adulta impotente que fui dentro de tanta emoção vivida pelo garoto novo.
Eu me perguntei muitas vezes, nesses últimos quatro dias, o por quê tantas pessoas se mobilizaram e tiveram interesse em conhecer os outros textos. Ainda não cheguei a uma conclusão, mas o que parece à mim, pelos feedbacks recebidos é que o mundo está carente de amor. 
Amor nós sabemos que existe não é? A compaixão também. Mas, ainda indago se não caminhamos em lado oposto do que nos seria natural quando enfatizamos ou damos audiência para o que é negativo, que claro, existe, não podemos nos cegar.
Mas a comunicação, nos últimos tempos, e a velocidade espantosa que as noticias são propagadas, têm acentuado ao que é devastador para o crescimento da alma humana: mortes são contabilizadas e viram estatísticas, animais são sacrificados e viram divertimento ou análise, pessoas são estupradas e viram só mais uma notícia… entre tantas outras coisas, que a própria internet facilita para que todos deem sua opinião, seja ela a favor ou contra: todos tem uma e as declaram abertamente, muitos sem sequer cogitar o quanto incitam ou propagam ao mal.
O Mal existe, senhores. Mas não é maioria. O Bem está aqui, conosco, ao nosso lado, mas principalmente dentro de nós. Nós somos quem decidimos se devemos realçar ao Diabo ou ao Anjo que nos habitam.
Pessoas fazendo o bem e vivendo incríveis histórias, estão espalhadas por aí, aos montes, e só não tem a oportunidade, o tempo ou habilidade para escrever sobre elas.
E a internet e suas rede sociais, deveriam ser armas benéficas para que nós ressaltássemos o quanto evoluímos como seres, e não o contrário: jogarmos aos leões virtuais aqueles que não tem como se defender nesse circo cibernético.
Sejamos defensores e leitores de histórias como a do pequeno Rafael, criança amável, gentil, inteligente e extremamente educada. Sua pouca idade estava cheio desses itens.
Não deixemos que as pedras que já carregamos, as cicatrizes que tivemos, as experiência negativas que vivemos, enrijecer nossos corações e almas. Todos já fomos um inocente Rafael.
O mundo está cheio de Rafaéis, e outras histórias incríveis para que nossos corações se acalentem com afago e carinho.
Sejamos propagadores delas, da forma que pudermos ser. 

Ahhh… e, principalmente, paremos de alimentar esses leões famintos por más noticias, com opiniões fomentadas em negativismo, ocupando assento na platéia teórica.

Crônica citada:
http://marilazari.blogspot.com.br/2014/06/eu-conheci-o-rafael.html

Um comentário:

  1. Parabens!!!! O mundo precisa de mais amor e nao de apoio a esses leoes virtuais. Belo texto!!!

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