Sabe, entre tantas coisas que você me disse,
umas insinuadas, outras escancaradas,
você afirmou que, comigo,
umas insinuadas, outras escancaradas,
você afirmou que, comigo,
você não é você.
Pois bem, eu te digo, meu amor,
que ninguém com alguém é o alguém que já foi,
ou é, em seu íntimo.
Com alguém, a gente é outro alguém
todo nós, sem exceção,
porque com alguém, a gente não é só,
a gente vira “a gente” ou “nós”,
aí, meu amor, o jogo é jogado diferente.
O dia que o alguém for só aquele alguém que é só,
pode crer, esse alguém já está só faz é tempo,
e pode só não se dar conta disso.
Mas acontece, meu amor,
que na teimosia da nossa vaidade,
a gente insiste em achar que não joga jogo
quando se está com alguém.
Sinto em ser quem te informa
que a gente joga sim.
Joga o jogo do “a gente”
e nesse jogo a gente se torna outro,
aquele que a gente não sabe quem é
quando se está só.
E no jogo do ‘a gente”, a gente se transforma
e transforma o outro - veja só, que maravilha -
e mesmo se o jogo terminar,
quem vai embora do “a gente"
é alguém que já não é mais o mesmo que já foi.
Parece complicado,
mas explicar que a gente existe
em inúmeras formas é tão mais fácil
quando se percebe que a gente mudou.
Ahhh e a gente muda, o tempo inteiro
quando encontra alguém.
Basta alguém entrar na jogada,
que a gente vira outro
a gente se transforma
e o bacana desse jogo é - justamente -
deixar de ser aquele alguém que já se foi.
Então, eu te digo, meu amor,
você não é comigo quem você é
porque comigo você foi “a gente”
como eu mesma fui com você.
Só que você, agora, é alguém diferente,
porque, depois da gente,
você se tornou alguém com as mudanças
que a gente se fez,
como eu mesma,
também não sou mais aquele alguém
que já fui, antes da gente acontecer.
E se a gente não vale a pena,
a gente sai de cena e
- com sorte - a gente encontra outro alguém
que faça o nosso alguém virar
o “a gente” que valha.
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