quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Positivo


Estava sozinha, no banheiro de um hotel em Miami.
Havia saído para passear com algumas colegas e, já com uma pulguinha atrás da orelha, decidi, discretamente, comprar um daqueles exames de urina caseiros.
E, com o coração dando pulinhos de ansiedade, deixei o tal exame, que mais parecia uma caneta, pousado sobre o balcão do banheiro nada acolhedor.
Resolvi esperar no quarto pelos três infinitos minutos prometidos para o resultado, e segurei ainda mais uns dois minutos extras, para ter certeza que não teria me adiantado e não visse resultado errôneo.
Nas duas janelinhas da caneta/exame, havia uma faixa azul, que significava: positivo.

Entre as tantas dúvidas que perturba a mente de uma mãe, existem os vários medos e ânsias para que a gestação  dê certo, que o bebê seja saudável, e a vida seja amena para a família em geral.
Ler um positivo pela terceira vez, não trazia os mistérios de uma gravidez, mas ainda sim, novidades e novos desafios.
A começar por conhecer sua presença estando sozinha, em terra distante e sem ter acontecido planos para sua chegada.
Em explicar para seus irmãos que havia mais uma pessoazinha em breve e que a atenção deles seria ainda mais dividida.
Na responsabilidade de conduzir um lar, com dois tripulantes sendo responsáveis pela criação de três filhos: nossas ausências tantas e a saudade muita.
Na adaptação toda da chegada de um bebê, que dessa vez, aconteceria com uma mudança de casa, mudança de apoio, mudança de estrutura.

Aqueles medos todos, a ansiedade alta e as possíveis inseguranças esvaíram-se quando as 22 horas do dia 04 de novembro, aqueles olhos azuis me olharam pela primeira vez. E desde então, permaneceram com a mesma expressão de atenção.

Chegou atenta a tudo e a todos, e cativando, com sua sagacidade e desenvoltura, àqueles que a conheceram de perto.
É impossível citá-la , sem colocar todas suas qualidades em pauta. E quem disse que é uma menina sem defeitos? Não, não é.
Mas é uma menina com virtudes em dimensões que muito adulto não consegue alcançar, e que essas qualidades se sobrepõem aos poucos defeitos humanos que têm.

É menina que aprendeu rapidinho a espantar seus pequenos monstros, que chora de tristeza, mas que em poucos minutos canta alegremente e nessa fórmula contagia a todos.
É pessoa que observa, avalia e questiona, sem sentir melindre, mostrando uma maturidade acima de sua idade.
É menina ácida, com velocidade de pensamento espantosa, e cheia de ironia quando precisa se proteger.
É brincalhona, divertida. É contagiosa na maneira de viver.

Está crescendo percebendo todos os venenos que existem no mundo e aprendendo a se defender deles. Entende com precisão inúmeros sentimentos que muita gente barbada não consegue distinguir. 

Ela foi uma novidade. Uma novidade para todos, chegou chegando, quebrando todas as antigas teorias, os imaginados conhecimentos.
Ela chegou num misto de ingredientes positivos, que o tal exame inicial não detectou.

Ela trouxe doçura, carisma, rapidez, vivacidade, alegria e astucia. Uma mistura maravilhosa, que refletem seus olhos claros, e que somente quem convive e consegue provar seus sabores, descobre quão diferenciado esse mel é.

Ela é um positivo em toda extensão da palavra.

Seu nome é Mel. Mas quem vive de suas doçuras e prazeres, somos nós.







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