quinta-feira, 16 de julho de 2015

Cofre destrancado



Sentou-se frente ao computador.
Respirou fundo à procura de uma chave que abriria seu cofre fechado em modo auto proteção.
Os vidros que deveriam auxiliar na leitura, embaçam com choro quente de quem revive muitos anos em poucos segundos.
As suas borboletas flanam desencontradas, batendo umas contra as outras, enquanto estômago se contrai em busca de qualquer esperança.
Só há lembrança e desejo. E vontade de transcrever muitos sentimentos.

“Voltou ao momento que o ônibus para em terminal distante e o coração aumentava seu compasso. Noite mal dormida, drogada por anti-histamínico, para que 12 horas fossem distancia mínima entre a aquisição inapropriada, violação de conduta e desejo de reencontro.
Caminhou pela Avenida Santa Rita, com taquicardia desconhecida, subiu escadas em desalinho, com troca de roupa para apenas um dia.
Adentra apartamento com odor conhecido: misto de produto de limpeza que camufla álcool e tabaco da noite anterior.
Tenta esconder em sorriso a ansiedade e a vontade de uma recepção calorosa.
Encontra apenas dissabor, em leito conhecido, provocado imprudentemente, por vaidade e falta de coragem…”

Volta para tela branca, com letras em fonte helvética, e desespera-se em ver que nada consegue além de saudade e tristeza. 
Sente-se perdida e impotente. Sensação exata desde fatídico dia da Republica Gineceu.
A ânsia era outra. 
Intenção era apenas fazer sorrir. E descrever que distância e tempo não impedem ao amor. E que existe muito mais amor além de intervalo e espaço.
O propósito era relatar afeto castiço. 


E noticiar que, deu-se conta em súbito: as borboletas flanam felizes, coloridas, em cofre destrancado há tempos.

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