quarta-feira, 24 de junho de 2015

Juízes em tela fria

Somos todos juízes, e julgamos: 
o mundo está cheio de maluquices. E de malucos. 
Mas também cheio de gente boa, de bons costumes e de boa índole.
Em qual dos perfis você está?

Seja qual lado você pertença, para o perfil contrário, você estará errado e será o avesso ou o oposto. E de uns tempos para cá, não que antes não acontecesse, mas, em um período curto tornou-se comum o ataque à opinião ou atitude oposta.
Estamos todos com acesso a todo tipo de informação: temos em tempo real os acontecimentos desde o Japão até da casa geminada à nossa... fotos, fatos e pareceres, permitindo que possamos entrar num comitê julgador onde, de dentro de nosso conforto, e com nossa visão limitada, exercemos a vez de juízes da vida alheia, qual (em verdade absoluta) nada nos cabe.
O acesso à informação e ainda, a chance de opinar protegidos por uma tela, tornou o homem um ser que luta contra a própria espécie.
As opiniões e pareceres são jogados ao mundo de forma agressiva, narradas com desbravamento. Pessoas incitam, fomentam, instigam discórdia como se elas mesmas não fossem responsáveis pelo mal estar geral que domina o mundo que habitamos.
Pareceres e teorias são escritas em tela fria, como que gritadas para todos, e a tradução dessa imagem seria alguém dando socos no ar, gritando consigo, mostrando rebeldia e ira… que nada mais faz além de repelir a quem está perto ou afastar quem poderia se aproximar.
Não seríamos então todos malucos ao imaginarmos que quando proferimos certas opiniões seremos exatamente essa imagem descrita acima, de uma pessoa rodopiando em volta de si, esbravejando e gritando, gastando energia à toa, assustando quem passa?
As telas nos protegem de sermos classificados como malucos quando afirmamos teses ou opinões contrárias a de outrem?
E as nossas opiniões? O que formam? Nos tornam antagonistas daqueles que queremos bem ou por perto? Nos fazem hostis perante uma sociedade ou um grupo?

Seja qual for a resposta ou a desculpa que tivermos para nossas declarações, uma grande verdade é que percebemos do mundo apenas aquilo que conseguimos entender. Que muitas vezes, estamos limitados a perceber mais do que somos, vivemos ou vivenciamos. 

Talvez o mundo fosse populado por menos malucos se todos nós guardássemos nossas opiniões em uma caixinha secreta, e tentássemos viver em harmonia com o nosso mundo individual. 
Ou se percebêssemos que nossa avaliação sobre o outro reflete mais de nós mesmos do que do outro em si. 






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