segunda-feira, 27 de abril de 2015

Só da Mel



Ela está doentezinha. Está com aquela gripe que todo mundo pegou essa semana, ou pegará na semana que vem. 
Cheguei em casa e vi seus olhos murchos, testa quente, mas mesmo assim soltou um sorriso daqueles tristes de quem está febril, e em voz com rouquidão, me disse: “Caramba, mãe, você está com uma cara de acabada!”

Essa é a Mel. Mesmo mal, tira uma onda, faz uma graça ou acha uma graça pra qualquer coisa. 
Não combina com ela essa tristeza chata da gripe que pesa os ombros e faz a gente se arrastar. Só por esse estado infeliz, mas mesmo assim com alguma graça própria, esse texto é só dela e de suas jóias recentes:

Eu: Mel, você me pediu para comprar kiwi, faça o favor de comer o kiwi que eu comprei. Ajude a fruta a cumprir a sua sina, que é ser comida.
Mel: Para com isso, mãe. Você não sabe se a sina dela era morrer na fruteira.


Ela andando rebolando, do quarto pra cozinha, da cozinha pro quarto.
Eu (com voz de amiga falsa): Voce está desfilando, querida?
Mel (com a mesma falsidade na voz): Não, querida, estou andando elegantemente.


Compramos sanduíches para viagem. Cada embalagem marcava o nome do sanduíche. Eu pedi um que não tivesse carne vermelha, porque não como.
No trajeto para casa a Julia percebe: “Mae, o seu sanduíche está marcado como vegetaliano!!!
Eu: Com L? Vegetaliano???
Mel: Lespeito, gente! O sanduíche é de flango!


Mel e sua vontade que eu comece a namorar. Começa o questionário a cada saída minha.
Mel: E aí, mãe, conheceu alguém?
Eu: Conheci sim.
Mel: Quantos anos ele tem? Ele é legal?
Eu: Acho que 36. É sim, é bem legal. Mas tem um defeito grande.
Mel: Qual?
Eu: É Palmeirense.
Mel: Vixi. Então mata ele.


Na mesa, durante o almoço… Ela com o novo corte de cabelo. Ficou linda! Uma princesa! E ela sabe, ela mesma gostou.
Eu (sempre espezinhando): Coitadinha de você. Você é feinha. Deve ser ruim ser assim. Como você se sente sendo tão feinha?
Mel: Como você.


E o último texto narrava uma situação como essa aí de cima, com brincadeira feita, onde eu provoco só para ouvir a pérola de alguém. Um rapaz ficou indignado comigo. Disse que eu irei traumatizar meus filhos. “Criança lembra, guarda”, disse ele. “Você fez sem querer, é claro, mas não faça mais. eles lembrarão”.
Eu (durante o jantar com as crianças): Gente, vocês acreditam? O cara brigou comigo! Falou pra eu não fazer mais! (E contei as exatas palavras do rapaz).
Mel: Ai, mãe, coitado. Deixe ele chegar perto, que ele vai ver. Minha mão vai bater no rosto dele. Sem querer, claro!


(continua…)


Nenhum comentário:

Postar um comentário