domingo, 15 de fevereiro de 2015

Mães aladas



Eu queria poder ter certeza de nossa decisão de voar.
Queria afirmar, que essa decisão é a certa e que nenhuma de nós irá se arrepender.
Mas não sou dona da razão, não é mesmo? Pelo menos, não dona de todas as razões, porque cada uma de nós mora com sua própria.
Mas posso afirmar que sei o tamanho do sacrifício de deixar o ninho e sair para voar pelo mundo, enquanto nossos filhotes ficam a nos esperar.
Sei exatamente o tamanho da dor e a quantidade de força que se faz… do tamanho do planejamento e auto controle. 
Sei também que alguns dias são mais fáceis, outros nem um pouco.
Conheço o que é sair do lar, deixando o filhote febril, e precisando de colo e cuidados. Conheço o que é o olhar e o pedido de “por favor, fique!”
Sei das dores e de como as ocultamos. Conheço o nó na garganta, o quente do choro controlado, a voz embargada e a lágrima desobediente.

Como também descobri o quanto nos valorizam e se espelham em nós. 
O quanto admiram nossa capacidade, sagacidade, vivacidade.
O quanto podemos proporcionar trazendo em nosso retorno a saudade, misturada com a cultura, acesso e disciplina.
Conheço o caráter que nossa postura e doutrina forma. 
Vejo o espelho de nossas ações morais neles, em nossos filhotes.
Quantos princípios e regras nossa profissão nos faz honrar e o exemplo que neles é refletido.

Nós temos asas e eles sabem que saímos para voar.
Poderia fazer analogia com alguns símbolos alados que em seus pensamentos infantis, eles poderiam nos ver.
Poderiam nos comparar a grandes borboletas de asas coloridas, que as pessoas admiram e causam feitiço onde passam.
Poderíamos ser fadas, que fazemos pequenas magias e transformamos os seus dias em dias mágicos, cheios de encantos.
Poderíamos ser as fêmeas pássaro, que saem do ninho somente para voltar com o alimento no bico e satisfazer seus pequenos que as aguardam com fome e medo.

Talvez sejamos anjos.
Sejamos anjos que aprenderam a proteger nossos pequenos nem que seja à distancia, com o poder da oração.
Sejamos aquelas que planejam e executam o seu bem estar à distância ou ao lado.
Onde a voz e o colo tem o mesmo carinho confortante.
Onde a carícia tem significado de prêmio. 
Onde a saudade aumenta toda chegada. 
Qual sorriso tem poder de cura. 
Quais palavras tem peso de instrução e ordem correta. 
Onde coração entende distâncias e as minimiza.
Sejamos anjos que voamos libertos e os ensinamos, principalmente a amar.

Seja lá qual for a decisão da mãe alada… seja de abrir suas asas e sobrevoar o mundo, ou parar sua jornada e em seu ninho ficar… 

Saiba apenas que você gerou a um novo pássaro… e este, um dia, também aprenderá a voar.

3 comentários:

  1. mariani muito sábia suas palavras! vou compartilhar! !! me reconheci neste texto. muito obrigada. bjo ju

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    1. Adoro saber que meus sentimentos sao em comum, Ju! Fique a vontade para compartilhar! Muitos beijos!

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  2. sim...eles partirao...mas antes quero ensinar a chorar...a amar...a sentir...a ser um bom ser humano...

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