quinta-feira, 17 de julho de 2014

Como em um conto de fadas


Eu tinha só 21 anos. 
Para quem tem menos que isso, parece idade sensata, quase madura. Aliás, para quem tem menos que 18, parece que depois dele, tudo será automaticamente adulto, fácil e responsável.
Mas hoje, tantos anos depois, vejo meus 21 com tanta pureza, que os vejo quase infantis.
Mas foi lá, aos 21 anos de idade, onde fui sozinha ao laboratório, fazer exame de sangue, Beta HCG.
E após 3 dias de nervosismo puro, abro o envelope, ainda dentro do carro. Misto de pânico e vontade. Positivo era o que estava escrito.

Descrever sensações de ser mãe nova, que vivia relacionamento conturbado, imatura, tomaria tempo demais, e daria audiência demais para fatores nada importantes perto do que aconteceu depois.
Aconteceu depois que meu sonho se realizou: Sempre sonhei em ser mãe. Quando criança, não me imaginava médica, ou bailarina, advogada... O que for... Tinha desespero em crescer e poder ser mãe. 

Eis que, no dia 17 de julho de 1998, meu sonho se realizou. Veio ao mundo, parte minha, parte do Adriano, o homem mais lindo que já conheci.
Menino que chegou ao meu lado, choramingando, e a pediatra, com toda a sensibilidade do mundo, apresentou: "Essa é sua mãe. Você morava dentro dela. Agora ela quem vai cuidar de você!"
A médica encostou aquela cabecinha em mim, eu senti seu calor e cheiro, percebi só naquele momento que tudo era verdade, e disse: "Oi Léo! Bem-vindo, meu amor! Não precisa chorar, está tudo bem." E ele pareceu entender ou reconhecer minha voz, e parou de chorar, com olhos que sentiam o peso de tanta luz, mas ouvidos que sentiam conforto naquela voz tão conhecida.

Nos meus devaneios em ser mãe, quando criança, me via conversando com um menino, e dizendo a ele que ele era uma 'figura'.
Acertei.
Eu o vi crescer, esperto, falante, sendo amado, carismático, inteligente. Fazendo associações e piadas desde sempre. Uma figura!

Vi o Léo passar por tantos momentos onde qualquer pessoa justificaria como traumático. Ao invés de reclamar, questionar... O Léo observava, às vezes, até fazia alguma pergunta pertinente para entender o fato, e concluía que ficar na dele, em paz, era o melhor remédio.
Vi um espírito, muito evoluído, crescer ainda mais.
Vi o cara crescendo rápido. Questionando corretamente. Indagando questões que nem para a sua idade eram pertinentes. 
Vi uma criança sábia, com destaque no estudo, com facilidade de aprendizado, ganhar o mundo e fazer muitos amigos. E ganhei um companheiro na mesma velocidade.
Vi este menino virando moço, falando de medos, de conquistas.
Participei de decisões dele, com a audácia de quem teria alguma coisa a mais para oferecer.
Conheci um homem sábio, que me interroga, das questões mais íntimas às questões mais complexas, como quem quer aprender sempre, mas na verdade, tem muito mais a ensinar do que a ouvir.
Recebi um companheiro que sabe falar de música clássica à metal. Sabe de autores literários  renomados à jogadores de basquete, futebol. Fala de biologia, química, sexo à mitologia grega. 
Ganhei um companheiro para piadas, ironia, sarcasmos da vida.
Um amigo pro meu futebol que tanto adoro.
Um filho tão atencioso, que despende parte do seu tempo para ouvir à mim.
Um parceiro que se desloca da casa do colega, para voltar pra casa, só para conversar comigo, por saber que eu preciso.
Um homem que se preocupa em perguntar: "você está feliz?" quantas vezes forem necessárias, até ele acreditar, de fato, que eu realmente estou.
Um homem que acompanhou minhas mudanças, e torce por elas.
Um cara que me elogia, incentiva, agrada. Faz surpresa, deixa carta, faz carinho, massagem e cafuné.

Eu recebi, como presente, há 16 anos, o relacionamento que todas nós, meninas que vimos contos de fadas, esperávamos acontecer.
Ele não veio em cavalo branco, nem apareceu na floresta, nem chegou cheio de ouro.
O homem da minha vida, chegou, quando eu tinha apenas 21 anos, e veio, literalmente, despido de qualquer bem material. Mas completo de amor. E nasceu de dentro de mim!

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