sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Talvez minha leitura



Querida amiga,

Eu fiz uma promessa que escreveria, e em algum momento, me dei conta… não sei mais escrever.
Pensei em tantos assuntos que eu poderia abordar, mas percebi também que não quero citá-los, não quero dar audiência à eles.
Percebi que tenho andado mais quieta, na minha, não criando confusão, pra ver se a minha confusão interna se organiza.
Percebi que tenho sentido muito, no sentido literal e que, literalmente, esse sentimento todo só confunde a escritora que não sou.
Entendi que tenho estado acuada e medrosa, com certo melindre, movimentos todos quais eu mesma já critiquei.
Descobri que estou imperfeita em tantos sentidos quais já aprimorei e, de repente, eles eclodiram em tamanho e velocidade das quais eu não tenho força física ou espiritual para conter.
Descobri que minha respiração anda bem profunda, mas não é um suspiro qualquer não, porque eu tenho para mim que o suspiro real enche com ar nosso pulmão e de esperança a nossa alma… esse meu, não tem sido assim: ele infla um órgão que está defasado exatamente destes itens e talvez, provavelmente, ele use esse recurso para que eu não me esqueça de mantê-lo ativo.
Percebi que estou exausta, exausta mesmo, por todas aquelas funções que sou obrigada a ser: por ser obrigada a ser madura, atenda, organizada. Por ser líder, mãe, e mulher. Por ser obrigada a sorrir e estar disponível. 
Estou exausta de abordagens frias, de pessoas grosseiras ou superficiais.
Estou exausta da falta de carinho, da falta de compaixão ou falta de empatia.
Exausta de engolir sapo, e farta de usar um desentalador. 
Estou exausta, justamente, em manter tanta calma em momentos que eu quero gritar.
Estou exausta de tantos altos e baixos e do tempo que tenho que esperar para isso tudo fazer sentido, sendo que tenho sentido profundamente esse tempo todo passar.
Descobri, querida amiga, que eu entendo o que é a tristeza e que eu sei lutar contra ela, mas que estou mesmo, precisando que alguém ocupe o meu lugar. 
Eu só sei do tal sentimento, que eclode todos os dias, e eu, teimosa, insisto em dizer internamente: “fique calma, isso vai passar”.
Perdoe-me, minha querida. Queria poder ter escrito um texto lindo, recheado de motivações e ouvir você responder que era exatamente isso que você esperava ler. Mas descobri há pouco, eu não sei mais escrever, só sei sentir o que sinto e não sei mentir, nem mesmo tentando, porque meus dedos não digitam o que minha alma não refletir.

Então, eu não ofereço à você uma crônica, eu te ofereço meu sentimento, já que a escrita foge à mim, talvez a minha leitura sirva à você.

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