quarta-feira, 11 de julho de 2018

Felicidade levada a sério

Recebi um vídeo lindo de um amigo desses raros, conectado através de algo maior que a nossa irmandade conhece.
Nesse lindo vídeo, propaganda de uma malharia, uma história de um menino, estimulado por sua mãe em sua tenra infância, a viver a vida da forma certa. 
O vídeo chamou-me atenção, claro. Mas meus pensamentos foram para a atriz qual protagonizou a mãe do menino...

Eu a conheci  em mil novecentos e não sei quantas, lá pelos meus 16 anos, em um concurso de beleza.
Essa moça, hoje não mais tão moça,  ganhou o concurso e eu fiquei em segundo lugar.
Um dos jurados, dono de uma agência de modelos, me contatou pós resultado, oferecendo uma oferta de emprego e ressaltando: “- Você não ganhou porque não levou à sério. Estávamos em dúvida a quem dar o primeiro colocado, mas a sua postura não te ajudou. Você sorria demais, estava solta demais. Você precisa aprender a se conter, a mostrar seus ângulos, a fazer pose.”

Enquanto assisti ao vídeo, fiquei indagando se não poderia ser a mim lá no lugar da modelo/atriz. Afinal, a acompanhei de longe, e ela seguiu a carreira de modelo e atriz e assim trabalha desde sempre. 
Pensei que eu poderia ter sido menos solta ou mais contida e ter conquistado outros momentos ou pessoas.
Voei com meus pensamentos sobre todas as outras coisas, eventos e pessoas qual não me “classifiquei” por não levar “à sério”.
Lembrei do namorado que não tive porque sou extrovertida demais.
Lembrei do cargo que não permaneci porque não poderia cumprir normas quais não aceito.
Do relacionamento que partiu porque eu sou livre demais. 
E dos relacionamentos qual não participo porque são sérios demais, presos demais, chatos demais ou contidos demais. 
Lembrei de muitos outros eventos quais eu precisei ser contida, impedida, comedida. Lembrei de tantos momentos que fui avaliada, advertida. 
Relembrei as sensações que envolvem todos esses momentos onde o outro pede para eu que deixe de ser tão leve, ou tão sonhadora, ou tão alegre ou tão feliz. 
De tantas vezes que sou acometida pela frase “mas você não vê o lado ruim nunca?” Ou qualquer coisa que indague sobre minha escolha de tentar seguir essa linha de viver de forma simples e inadvertidamente feliz. 


E então, dei por mim, que nada disso poderia acontecer de qualquer forma comigo. 
Porque se eu tivesse repreendido, ou calculado ou qualquer outra atitude que impedisse de deixar o riso solto, a mente fresca e o coração livre, eu não teria sido eu mesma. 
Entendi que dentro de mim existe um universo inteiro incrível, único, feliz e do bem. E de bem com a vida.
Entendi que eu levo sério a vida sim. Mas da minha forma. Que não há desrespeito ou descompromisso em meu comportamento. Eles só não são entendidos por quem não os compreende por não serem assim também

Ao final do vídeo aparecem as frases
 “Viva com todo seu coração.”
“A vida é boa quando você é bom.”

E sei que eu não sou a atriz, mas exerço exatamente as palavras que a personagem ensina ao filho no citado vídeo. 
Afinal, sou atriz de outros espetáculos. 
E dei por mim que não fui eu que não tive à “eles”.

Na verdade, foram “eles” que não tiveram à mim.
Porque ser feliz é algo muito sério para mim. 

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