quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Do mar


A cigana me disse
em cartas marcadas
que seria chegada 
a onda do amor

Para quem não tem nada
pretensão ou jangada
aguardei a chegada
com certo temor

Porque de água salgada
já cumpri minha jornada
e de sal, quero nada
a não ser o sabor

da minha alma lavada
de quem é levada
- e também amada -

 pelo navegador.


domingo, 18 de setembro de 2016

De suspiro e de saudade


Me desculpe mundo
essa falta de ar
esse ar rarefeito
mas é que dentro 
do meu peito
um suspiro renasceu.

E esse tanto suspirado
é um tanto retirado
do restante
do tanto todo
que de tanto esperar
o suspiro feneceu.

Mas não me importo
com o todo
porque de resto
meu suspiro
- um dia -
também morreu.

Mas é que hoje
o mundo todo
cabe dentro
de um peito
que de suspiro
e de saudade
- e de repente -
reviveu.



sábado, 10 de setembro de 2016

De nós



Todo presente tem um laço
todo laço tem um nó
se do nó eu me desfaço
desfazer-me de ficar só

da solidão vem um cansaço
conhecido esgotamento 
quando aquecida em abraço
olvida em esquecimento

do tempo em desamparo
amargura ou sofrimento,
no abraço, o reparo
em enlace, aquentamento

e dos muitos nós, o despreparo
de quem tanto ficou a sós
um abraço, razoável restauro
para você e eu  formarmos nós.

domingo, 4 de setembro de 2016

Eu apaguei seu número


Eu apaguei o seu número 
da minha lista de contatos
Foi só um boicote 
de quem tem a tola mania 
de ocasionalmente se fazer perceber.

Porque não somos amigos,
e o nosso convívio é esporádico
e entro na lista 
do seu muito desejo
de nada desejar em alguém.

E eu, não mais farei parte 
desse libertino catálogo 
lista qual, certamente,
você consegue 
- facilmente - preencher.

Já que serão muitas
as que aceitarão 
- os seus restos -
sem saber que nada terão 
além desse pouco que lhe convém.