sábado, 27 de junho de 2015

Exclusivamente amor.


Sou  heterossexual. 
Mas sei muito bem o que é preconceito e como se sente quem é vítima de um.
Sou a favor do amor, e ao longo da minha vida entendi que o amor tem várias formas e formatos. Não é um quadrado e nem objeto. O amor tem formato líquido ou vaporoso e preenche o espaço que o recipiente permitir.

Inicio esta crônica dizendo que sou hétero, não porque precise fortificar minha opção sexual, mas por assistir ao mundo, mais uma vez, gladiar-se com opiniões diferentes em relação ao homossexualismo e suas conquistas.
Pra começar, posso dizer que aqui citarei ao amor e ao preconceito, e não ao sexo e afins.
Preconceito ipsis litteris significa:   “Conceito ou opinião formados antes de ter os conhecimentos adequados”.* 
E quem de nós não é preconceituoso? Todos nós temos alguma opinião sobre qualquer assunto, mesmo quando não o conhecemos profundamente.

Fui vítima de preconceito em um grande amor da minha vida : Entrávamos em qualquer ambiente (leia bem: QUALQUER ambiente) e todos se viravam para nós e me fitavam com olhar estranho, principalmente os homens. Eu quase lia seus pensamentos. 
Um dia, percebendo meu desconforto grande, ele se virou para mim e disse: “ -Nani, você terá que parar com isso. Eu sempre serei mais baixo, mais velho e mais feio. As pessoas julgarão de qualquer forma. Quem tem que mudar é você”.
Engoli minha vaidade melindrosa a seco e entendi que a mudança começava por mim. 
Até hoje, quando vejo casais com diferença de idade, e alguém comenta ao lado o mesmo pensamento malicioso que eu lia nos outros “Olha só o que o dinheiro faz” ou “Duvido que isso seja amor”, eu sinto um pouco de revolta, mas tento exemplificar com esta grande paixão que o amor existe em muitos formatos e que não cabe a nós entender como ele começou. 

Fico contente em entender que um grande Estado, em todo seu território legalize o casamento entre pessoas do mesmo sexo: o amor está em todos os corpos, e é uma semente: basta terreno sadio para crescer. Conceitos pré concebidos minguam a possibilidade de amar, deixam essa terra infértil. 

Não permita que sua cabeça ordene mais que o seu coração. Sabe muito bem o que é o amor e as maravilhas que este faz em nossos corpos, apenas aquele que já o provou. 
Pergunte a um pai homofóbico o que ele sente pelo filho homem. A resposta não será amor? O amor pleno em integridade e perfeição?
É nesse amor que precisamos nos apoiar. Na existência dele.


Você quem decide aonde você colocará amor. Seja em uma pessoa do mesmo sexo, uma pessoa de sexo diferente, uma pessoa que saiu de dentro de você ou de outro alguém. Alguém mais velho ou  mais novo (quantos exemplos não vemos de pessoas famosas que se relacionam com gente mais jovem e todos ficam perplexos?)… 
Dê amor a seus filhos, seus pais, seus amigos, seus vizinhos, seu cônjuge. Conceda mais amor.

Não importa a quem você doará esse amor, desde que o doe: o amor é intrínseco e uma das poucas grandezas que o homem é capaz de alcançar completamente.

Precisamos aprender a jogar essas sementes e ainda, tão importante quanto, aprender a colher o fruto delas no mundo.
Precisamos deixar nossos pré conceitos de lado e olhar com mais carinho ao bem que o amor faz. 
Precisamos olhar para dentro e começar por nós as mudanças que queremos para o todo: a primeira grande conquista é individual.

Aplaudamos em pé as conquistas que incentivam ao amor, porque o mundo está cheio de seres vivos que sofrem com a falta dele.

O amor não tem formato. E é exclusivamente amor. Ele preenche o espaço que você, apenas VOCE,  for capaz de suster.


* Fonte: Dicionário Michaelis

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Juízes em tela fria

Somos todos juízes, e julgamos: 
o mundo está cheio de maluquices. E de malucos. 
Mas também cheio de gente boa, de bons costumes e de boa índole.
Em qual dos perfis você está?

Seja qual lado você pertença, para o perfil contrário, você estará errado e será o avesso ou o oposto. E de uns tempos para cá, não que antes não acontecesse, mas, em um período curto tornou-se comum o ataque à opinião ou atitude oposta.
Estamos todos com acesso a todo tipo de informação: temos em tempo real os acontecimentos desde o Japão até da casa geminada à nossa... fotos, fatos e pareceres, permitindo que possamos entrar num comitê julgador onde, de dentro de nosso conforto, e com nossa visão limitada, exercemos a vez de juízes da vida alheia, qual (em verdade absoluta) nada nos cabe.
O acesso à informação e ainda, a chance de opinar protegidos por uma tela, tornou o homem um ser que luta contra a própria espécie.
As opiniões e pareceres são jogados ao mundo de forma agressiva, narradas com desbravamento. Pessoas incitam, fomentam, instigam discórdia como se elas mesmas não fossem responsáveis pelo mal estar geral que domina o mundo que habitamos.
Pareceres e teorias são escritas em tela fria, como que gritadas para todos, e a tradução dessa imagem seria alguém dando socos no ar, gritando consigo, mostrando rebeldia e ira… que nada mais faz além de repelir a quem está perto ou afastar quem poderia se aproximar.
Não seríamos então todos malucos ao imaginarmos que quando proferimos certas opiniões seremos exatamente essa imagem descrita acima, de uma pessoa rodopiando em volta de si, esbravejando e gritando, gastando energia à toa, assustando quem passa?
As telas nos protegem de sermos classificados como malucos quando afirmamos teses ou opinões contrárias a de outrem?
E as nossas opiniões? O que formam? Nos tornam antagonistas daqueles que queremos bem ou por perto? Nos fazem hostis perante uma sociedade ou um grupo?

Seja qual for a resposta ou a desculpa que tivermos para nossas declarações, uma grande verdade é que percebemos do mundo apenas aquilo que conseguimos entender. Que muitas vezes, estamos limitados a perceber mais do que somos, vivemos ou vivenciamos. 

Talvez o mundo fosse populado por menos malucos se todos nós guardássemos nossas opiniões em uma caixinha secreta, e tentássemos viver em harmonia com o nosso mundo individual. 
Ou se percebêssemos que nossa avaliação sobre o outro reflete mais de nós mesmos do que do outro em si. 






sábado, 20 de junho de 2015

O que ela tem de diferente?

Sabe o que ela tem de diferente? Muito. Quase tudo. Quase tudo nela, você nunca tinha visto em alguém. Não assim: não em conjunto, tudo junto e misturado, numa combinação deliciosa de se ver (e viver). A começar pelo seu coração que vibra. Porque o coração dela está a frente de qualquer ação que ela tome. Da mais convencional, até a mais intelectual. Ela é sensível, percebe tudo ao redor. Ela sorri quando uma rufada de vento toca seu rosto. E fecha os olhos... Ela é capaz de carregar em si aquela brisa fresca que nos acolhe num dia de calor. Mas também sabe ser aquela ventania que leva todas as folhas secas embora. Ela vê beleza em pequenas coisas, em tudo que participa. Um raio de sol a inspira, como o luar também. O orvalho, a tempestade: quem faz seu dia bonito é sua energia própria. Ela tem luz. Luz que irradia e ilumina. Ela faz qualquer ambiente mais feliz. E quando está triste, ela consegue suspirar e encher o pulmão de esperança até quando este está raso por alguma dor. Ela chora, chora sempre. Porque a emoção é sempre maior. E ela extravasa em um líquido salgado e quente. Combinação tão interessante quanto a intensidade do seu sofrer. Ela já viveu tristezas. Tristezas gigantes devido ao seu envolvimento com tudo. Ela já viveu tristezas alheias. Mas a diferença, é que nela, as marcas são como degraus: servem para alcançar patamar de conhecimento. São cicatrizes bem fechadas, quase invisíveis. Ela dança... dança sozinha, dança livre... Ela tem tanta graça em si: quando caminha é como se dançasse para o mundo. E as pessoas percebem quando ela passa. Canta também. Onde pode. Sempre que pode e tem vontade. Mas a ela, encanta ver aos outros cantar: ela sabe que quando alguém canta é porque a felicidade está plena, e ela se sente feliz também. Em sua alma vivem fadas: fadas que voam libertas quando ela dá aquele seu grande sorriso. Quando gargalha, ela exorciza todos seus medos, e fica nova como que renascida. Ela fala com plantas. Conversa com animais. E eles respondem: conseguem entender a alegria que existe dentro dela. Ela consegue voar, em seus sonhos e nos dos outros, com a mesma facilidade que mantém os pés no chão quando é necessário. Ela é forte dentro de toda fragilidade feminina: ela é pau pra toda obra. Ela aceita desafios. Ela participa. Se precisar, ela te puxa. Se precisar, ela te alcança: se você bobear ela te passa. Ela sabe renascer, refazer histórias, recomeçar de qualquer ponto. Está sempre pronta para escrever um novo livro. Ela é encantadora na forma de falar. É flexível. Ela é sensível e charmosa. Ao mesmo tempo, debochada e de opinião firme. Sensata e sensitiva. Ela ri da própria desgraça. E toca em frente. Pensa rápido e tem todas as respostas. Ela é sabia, mas não se considera: está em busca de conhecimento vorazmente. Ela tem monstros e luta contra eles, com ânsia de quem compete contra a vida, contra o tempo: porque ela não pode perder tempo de jeito algum. Ela tem muito de diferente. Ela é única e exclusiva, porque tem todas as mulheres em uma mulher só.

segunda-feira, 8 de junho de 2015


Em algum momento da vida, você percebe, um dia você irá morrer. É inevitável não chegar neste momento. E então, você tem duas escolhas: viver aos poucos ou morrer aos poucos.
Eu escolho viver.
E escolho dividir minhas alegrias.
Entendo que não existe perfeição em ser humano, mas quando dividimos nossas escolhas, somamos aos outro o pouco de melhor que temos e colhemos do outro o melhor dele também. É o mais perto que chegamos da felicidade suprema: compartilhar alma e coração.
Desnudo um pouco mais da minha alma agora, porque o amor escorre em canção.




https://www.youtube.com/watch?v=KBmuwo90nzE

terça-feira, 2 de junho de 2015

(E mais) pérolas

E aí vai mais um texto, das minhas pérolas.
Não quero deixar passar nada, mas é impossível com a quantidade de piadas que acontece em casa. Quando me lembro, corro pro celular anotar o que foi falado. Mas deixo passar um monte.
Seria um bom reality show, se fossemos filmados.


...

Comprei pastéis e ficamos no carro fechado, esperando o Léo sair do curso.
Ele entra no carro e sente o cheiro da fritura:
Leo: Nossa!!! Que cheiro de... cheiro de...
Julia: De celulite!

...

Eu preparo o café da manhã quando estou em casa, com algumas frescuras. Gosto de deixar a mesa bonita, para abrir o apetite (afinal dizem, comemos primeiro com os olhos, não?)
Peço pra Mel para que faça a enquete no dia anterior, à noite, sobre qual o desejo de todos pro café da manhã.
Mel: Todo mundo quer ovo, mãe. Aquele rebuliço.
Eu: Chama-se ovos mexidos, Mel. Coloco o quê? Queijo? Tomate?
Mel: Não coloca nada, não. Deixa ovo sabor pintinho, mesmo.

...

Mais uma abordagem masculina. E eu informo ao Léo.
Leo: Você vai sair com ele, mãe?
Eu: Não sei, acho que não.
Léo: Fala pra ele que se ele me der um PS4, eu deixo você sair.
Eu: Ahhh tá!!! Agora está exigente??? Com o 'fulano' um Big Mac bastava!
Léo: Eu sou um cara coerente, mãe. O 'fulano' era pobre. Esse não é.

...

A Mel sentia dores abdominais intensas e passamos a tarde no hospital investigando.
Ficamos eu, a Mel e a Julia esperando pelo resultado do ultrassom abdominal total.
Resultado em mãos, a Mel olha as imagens:
Mel: Nossa, aqui tem um rinoceronte de boca aberta, aqui um jabuti de cabeça pra baixo. Olha aqui tem um bebê fumando...
Julia: 'Tá' explicado porque você sente tanta dor! Tem um rinoceronte e um jabuti na barriga!!!!

...

Todo mundo comendo e rindo e falando besteira. Era uma atrás da outra.
Eu: Nossa, essa família tem problema.
Léo: Tem sim, chama DNA

...

E por último, peço licença para minha amiga Thais. Essa foi da filha dela, a Thayla, fofa, minha sobrinha de coração. A Thayla tem quase 2 anos.
E estava irritadiça. Já era tarde e nós, em três amigas, batendo papo. Chamei a Thayla para mexer na minha bolsa, se distrair. A cada coisa que ela tirava perguntava: 'Qué ixo'? E eu explicava: uma escova... um batom... um espelho.
Thayla pegou um absorvente diário, daqueles pequeninos bem fininhos: 'Qué ixo'?
Eu: Um absorvente. Pra pôr na calcinha... pra não sujar.
Thayla: Falda????


(continua... Se Deus quiser...)