quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Às vezes, o amor...

A gente se engana muito quando acha que encontrando o amor, vai viver em calmaria.
O amor é poderoso, é sentimento completo, que tudo vê e tudo aceita (diria Osho), mas que vêm regado de outros sentimentos agregados.
O amor traz reboliço, o amor traz comichões.
Amar te condena a estar ligado, com quem você nem imaginaria que poderia querer tanto estar perto e dentro.
Só conhece o amor verdadeiro aquele que se desprende de si para se doar inteiramente. Às vezes, quebrando até regras morais, algumas sociais, com certeza. 
Prova disso é quem tem filho e condenaria a morte àquele que fizesse mal a seu rebento. Vai dizer que essa morte não seria por amor?
O amor tem isso aí. Ele nos faz quebrar regras. Faz romper dogmas e paradigmas.
Faz ficar cego. Mas não porque ele mesmo o é.
O amor te preenche tão intensamente, que faz do seu condenado prisioneiro: atado a vínculo perceptível, porém dono de outros tantos movimentos imperceptíveis.
Engana-se quem pensa que o amor navega em rio calmo. O amor é caudaloso, tem quedas altas, e nos faz remar, algumas vezes, contra a maré. 
Ele te puxa, te prende, sufoca, maltrata. Faz doer partes, faz faltar ar. Faz balbuciar palavras, faz gestos bruscos.
O amor, minha gente, vêm regado de tanta violência, que a melhor coisa a se fazer nele, é se deixar levar.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

O seu ciúme

Você sabe o que faz o seu ciúme?
Eu vou te explicar:

Você não precisaria ter ciúme, 
porque o que é teu, apenas a ti pertence.
E você tem uma parte inteira,
apesar de não conhecer nem metade.

Inexplicável é esse sentimento
de quem já esteve tão perto, de quem vive dentro
em tanta memória, tanta história
e mesmo assim se faz sofrer.

Eu te digo o que faz esse ciúme:
O seu ciúme é feito da sua escolha
de quem se fez distante
quando a vontade era largar tudo
todos os medos e melindres,
todas as cicatrizes,
e provar todos os sabores
quando sua alma gritava "tente"
e você em medo presente correu para o lado contrário
para a segurança do que já conhecia de fato.

Seu ciúme não é ciúme.
Não é posse, não é controle, despeito, disputa, egoísmo, emulação, inveja ou rivalidade.

O seu ciúme, meu amor,
é uma aflição, uma angústia, uma paranóia, um pesar.

A grande verdade, meu amor, 
é que seu ciúme é um ressentimento,
de quem foi embora,
e deixou para depois
um sentimento tão lindo que você não dominou.
Seu ciúme é só a angústia de quem tem a culpa
de deixar para trás (ou deixar para outros)
a quem você mais amou.
  

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Vício

Uma dose de você.
É tudo que preciso.
Preciso de uma dose
 pra sustentar meu vício
 nesse meu ofício em amar.
Preciso de um sorriso 
 de qualquer indício
 de que vale a pena acordar.

Tenho necessidade de qualquer mensagem
 ou qualquer lembrança sua, 
 de que o que sinto deve ser sentido
 e tem todo sentido, esperar o seu amor.
Preciso de você ao meu lado 
quando todo o mundo parece desabar.
Preciso de reciprocidade 
quando a minha necessidade
 for sentir o seu sabor.

Sou viciada,
 e não quero tratamento
 nem qualquer invento
que faça você ir embora.
Preciso de você sem demora
e que venha na mesma hora
que minha alma reclamar.
Uma dose de você
é tudo que preciso
nesse vício dolorido de amar.



domingo, 14 de setembro de 2014

Muito obrigada!

Hoje faz um ano que nasceu o blog e eu não poderia deixar de citar sobre esse passo.
Dentre tantas citações, emoções e contextos, eu hoje, em homenagem ao nascimento dele, conto mais um pouco da minha experiência vivida.

Comemoro este aniversário, em local exato que estava há um ano.
Em Arona, na Itália, cidade de veraneio de tantos italianos e pousada segura para alguns tripulantes após cruzarmos o Atlântico inteiro, saindo de São Paulo.
Como eu lembro que estava aqui? Oras, porque foi aqui, na capela de Santa Ana, qual fiz um pedido imenso e promessa dolorida de ficar seis meses sem comer nada que tivesse açúcar (veja em  Promessa/ Março 2014). Não tenho como esquecer, foi marcante demais.
Quando cheguei aqui, há um ano, estava dolorida, machucada, exaurida, com alma e coração em frangalhos. Achava que nunca sairia daquele momento, qual dor pulsava no meu ser inteiro.
Sentei-me naquela capela, fiz oração forte, fiz devoção em promessa, para pedir ao universo que trouxesse para mim aquilo que havia sido arrancado à força.
A promessa acabou, e depois dela, me dei conta que somente depois de evitar todos os dias o tal açúcar, comecei a viver melhor.
Depois de findado meu desafio próprio, perdi a necessidade de lembrar o tempo todo qual era o propósito daquilo, e passei a respirar mais aliviada, enchendo meu pulmão com mais ar.

Um ano depois, meu pedido não foi atendido, e minha vontade, como mortal, era entrar lá naquela capela e dizer em voz alta: "-Pow, Dona Santa... Qualé a sua?" 
Mas aí, me lembrei de episódio lá do começo da minha carreira como comissária, quando eu queria e fazia questão de voar em uma outra empresa.
Meu foco estava somente nela. Fiz curso preparatório, pedindo em oração para que pudesse trabalhar lá. 
Concluída primeira etapa, curso em escola de aviação e prova de conhecimento técnico no DAC( agência reguladora da aviação civil, na época), por indicação de um amigo próximo, fui chamada para os testes lá na empresa almejada.
Passei em todos os exames da tal com louvor e iniciei treinamento na turma 17, em março de 1996, feliz, alegre e contente.
Minha alegria se esvaiu em parte, quando recebi resultado da tal prova do DAC, que era corrigida `a mão mesmo, e demorava quase um mês para o resultado chegar: tinha sido reprovada em uma matéria, e precisaria refazer aquela mesma dali a cinco meses, período qual ela seria aplicada.
Apesar da decepção, não houve motivo para pânico, porque em conversa com a gerente de treinamento da empresa, assim que eu passasse na tal avaliação, voltaria para a próxima turma que iniciasse.
Prova concluída com sucesso, porém sem previsão para meu retorno: não haviam turmas iniciantes.
Mais alguns meses de espera, quando, finalmente, em março de 1997, iniciaria nova turma.
Porém, no primeiro dia, por algum equívoco, meu nome não constava na turma que se iniciava. Todos os funcionários do treinamento, que conheciam minha saga, me dirigiram para a gerente... "Tem alguma coisa errada, só pode ser" ouvi de mais de uma pessoa.
Sem rodeios, a nova gerente me informou: "- Você não está nesta turma. E não estará nas próximas, porque eu não gosto de você." A gerência havia mudado, e ela não podia ser mais clara em relação ao sentimento comigo.
Fui para casa aos prantos. Dirigia, nem sei como, gritando e chorando. 
Gritava com Deus. Somente com Ele. Urrava: "-Por quê? Por quêêêê????"
Chorei o dia inteiro. A noite inteira. Dei coices nas pessoas que me amam e que tentavam, desesperadamente, me consolar.
Devo ter fechado os olhos em sono de esgotamento lá pelas 6 da manhã do outro dia. As 8:30, minha mãe me acorda: "- Mari, tem uma mulher da TAM ao telefone.
Minha entrevista foi marcada para o dia seguinte e a sucessão de testes também tiveram resultados positivos. Ingressei na turma de treinamento número 9, formada no mês seguinte, apta para voo.

Esse breve relato, para contar o que se passa na minha cabeça no momento em que passei na frente da capela de Santa Ana hoje.
Minha vontade era chorar ou choramingar baixinho, e questionar mais uma vez: "- Por quê eu não mereço o que eu pedi?"

Me acovardei. Ainda não entrei, vou deixar para amanhã.
Mas amanhã eu vou lá. Talvez até chore. Mas será mais um choro de emoção, do que de revolta.
Aquela minha tristeza lá, do ano passado, ainda tem resquício aqui dentro. Mas, em um relance de outra memória, me dei conta de que nem sempre se perde quando a vontade não é feita.
A VASP fechou, pouco (bem pouco) tempo depois, e hoje, sou quem sou, construí o que tenho, personalidade, família, amigos, graças ao trabalho na TAM que me acolheu há 17 anos.
Edifiquei minha carreira em oportunidade dada pós catástrofe pessoal. Sou muito grata àquela gerente que não gostava de mim. 

Assim, hoje, um ano depois, só posso ser muito grata por impulso que me fez iniciar este blog. E claro, tenho que ser grata ao infortúnio que me fez sentar frente ao computador e extrair minhas emoções seja na forma que for.
Sei que minhas verdades podem servir apenas à mim, mas ainda garanto que são verdades cheias de emoção. E que são redigidas com carinho e atenção à quem as lê.
Hoje, meu projeto aumentou. Esse blog renderá frutos. Mas já aprendi a ter a paciência de aguardar o tempo certo. Nada acontece na hora errada. Ainda: a própria história da promessa me ver relembrar... às vezes, quem faz latejar a infelicidade dentro de nós, somos nós mesmos. Existem recursos para diminuir a tristeza, e um deles é não dar audiência a ela. "É melhor ser alegre que ser triste" diria Vinícius de Moraes.
Amanhã, vou lá na capela para agradecer.
Agradecer pelo meu emprego, pela saúde, família.
Agradecer pelos amigos, pelos leitores e pelo carinho que recebo através desse canal.
Agradecer pelos ganhos todos, e pelas perdas, que é certo, só me levaram para os caminhos que eu deveria seguir.





sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Aonde meus pés me levam?

Aonde meus pés me levam? Eu não sei.

Sei onde estão meus rastros 
 sei quais são meus calos, 
 e quantas vezes me calo 
em seguir caminho que optei.

Sei de cada espinho,
 sei de cada corte, 
 sei de toda sorte e
 das pedras que desviei.

Conheço toda penumbra, 
 toda esquina escura,
 da qual já atravessei.

Sei das trilhas mais lisas, 
 de ladeiras e pedregulhos
 e dos asfaltos quentes 
 dos quais pisei.

Sei das queimaduras e cicatrizes, 
 dos momentos felizes, 
 que com meus pés trilhei.

Aonde meus pés me levam,
a grande verdade é que não conheço
 caminho do qual permito
 amor em modo infinito
 ser guia de onde cheguei.





quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Após o assalto


Quando se é assaltado, fica aquela sensação de impotência.
Amargo na boca, desespero interno, adrenalina correndo por todo corpo.
Um grito preso ou talvez um grito solto, de quê nada adianta, resolve ou melhora.
Um vazio gigante, em peito apertado, um desconforto como se ficasse nu.
E o pior de todas as sensações: o martírio da culpa por você não ter se protegido, se preocupado mais ou desconfiado.

É assim quando alguém vai embora.
Aquele alguém qual você abriu mais que sua casa.
Abriu a vida, a alma... a sua verdade.
Aquela pessoa qual participou dos seus sonhos, da sua vontade.
Quem fez parte de seus projetos. Quem você investiu nos projetos.
Aquela pessoa que te leu por inteiro, sem tirar nem por.
Aquela que colocou esperanças de que tudo tem sentido: a espera, a longevidade, os caminhos sinuosos.

Aquela que parte seus desejos, expectativa e coração ao meio.

Quem vai embora e leva consigo a sua melhor parte, a parte mais bonita, a parte mais inocente.
Aquele alguém que te assalta, rouba sentimentos dos quais, você imagina, nunca mais recuperar. 
Aquela que vai embora e logo após o furto, você pensa não ser passivo de ter de volta bens tão preciosos (e em seu íntimo, promete com muita força, que se os recuperar, não os irá entregar a mais ninguém).

E você deseja, em seu sentimento puído, se preparar mais:
Mais insulfilm e blindagem.
Mais cercas, talvez até uma elétrica.
Um muro mais alto, uns cachorros grandes para latir bem forte.
Identificadores, câmeras e autorizações.
Alguns seguranças, quem sabe, até algumas armas.
E claro, não menos importante, um olho mágico... pra dar aquela última espiadinha, antes de abrir o coração.


sábado, 6 de setembro de 2014




"Sei lá, de repente, a gente não está esperando que venha calmaria.
Pode ser que, lá no fundo, de verdade, a gente queira alguém que venha bagunçar.
Que desordene nosso sono,
Que tire nosso ar,
Que deixe nosso olhar distante,
A concentração um caco,
E o coração descompassado, por tanto amor."

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Dia internacional da Ana Luisa

Somos únicos, mas cheios de influências.
Somos seres individualmente esculpidos, mas cada um de nós traz marcas e somas das individualidades daqueles que nos cercam.
Nada melhor que ter nascido perto de alguém com coração gigante.
De pessoa que se doa, que é pau pra toda obra, que não tem mau tempo. Pessoa de gargalhada fácil (aliás, com o melhor riso do mundo), que ri até dos próprios vacilos, e que está para você nos momentos de dor e de amor.
Ahhhhhh.... Como é importante ser próxima de gente assim... Que abraça, ri, chora, sem manha ou melindre. Que faz acontecer qualquer coisa, que move montanhas, que é cheia de alegria.

Hoje é dia importante. Também é legal por poder beber e comemorar um ano de vida, mas ainda pra mim, tentar descrever a sua presença na minha vida, é impossível, mesmo com alguma habilidade na escrita.
Nena, você me encanta. Seu carinho, seus cuidados, sua atenção. Você é assim com todo mundo e eu fico pasma com essa sua capacidade de fazer acontecer tudo ao mesmo tempo agora.
Você cuidar de mim, sempre foi delicioso. E nem precisa ser ao lado porque você consegue se fazer presente mesmo à distancia!!! É incrível.
Sua presença está em todos os lugares, e em todos os tempos, como minha memória externa. Vc é meu HD!!!
Mas seu coração mora um pedaço em mim, talvez seja pelo tanto de tempo que ficamos juntas lá na nossa infância, não tem cirurgia que remova... Você está  aqui dentro, crônica, e deve ser a parte de mim que eu mais amo.
Você é tudo de bom e mais um pouco. Feliz é o Ricardo que tem tudo isso aí. Com uma neurosezinha básica pra apimentar, e com risada solta, pra fazer valer até aquilo que a gente quer esconder da gente mesmo.
Tudo isso para tentar dizer o quanto você é especial. Pra mim, pros meus, pra nossa família e pra todo mundo que já te conheceu.
Parabéns para nós que temos você!
E também para acentuar o quanto sou vaidosa em herdar algumas características suas, pessoa que me moldou e me enche de orgulho!
Felicidades para você que abre portal novo hoje.
Feliz aniversário, minha priminha/amiga/irmã.
Te amo intensamente, desde que me conheço por gente!

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Mais um adeus




Então, o céu escureceu e caíram gotas grossas de uma chuva pesada.
As nuvens choravam toda a tristeza qual esculpia coração em dor latente.
A água molhava em salgado os meios fios, as ruas, os telhados.
A pena solitária, neste momento, jorrou em abundância sobre ladrilhos gastos, trazendo brilho ao que antes fora só paralelepípedos. 
A chuva escureceu ao céu, em tanto superior, clareou a anestesia de corpo dormente por cansaço, por distancia, por falta de amor.
Enquanto essas lágrimas escorriam, o silêncio se rompeu, por trovoadas que ecoam em mensagens lacradas.
Não há mais coragem, não há mais motivo.
Não há esperança de resgate, por brutalidade, por rudez. Ou por infelicidade mesmo.
Infelicidade daquelas estampadas em muitas notas, descritas em madeira e corda. Como toda dor faz nascer. Como todo dessabor faz gerar.
E tal tempestade faz com que estruturas inteiras se curvem, em saudação  à sua potência de mudança.
As árvores entortam, em suas rajadas, obedecendo à força de transformação.
O vento assovia, e leva embora o pouco que trouxe. 
Sem chance, sem mágoa e sem a magia que todo momento como esse deveria existir por obrigação.