sábado, 31 de maio de 2014

Dia do comissário de voo

É até injusto celebrar em uma única data, profissão que demanda atenção contínua e diária.
Ser comissário vai muito além de colocar um uniforme profissional, maquiar-se, fazer mala, viajar.
Aliás, o que pouco nós comissários fazemos, é viajar.

Nos preparamos desde o primeiro curso, para a primeira habilitação governamental, imaginando a hipótese de uma catástrofe.
Desde o primeiro dia de curso, tudo que nos é ensinado é sobre uma possível fatalidade, e como temos que agir sobre ela.
Aprendemos, desde partes do avião a como sobreviver em ambiente inóspito, seja selva, mar ou deserto.
Descobrimos como combater fogo, como recolher água, como fazer abrigo.
Aprendemos socorrismo, procedimentos médicos.
Nos atualizamos, anualmente, sobre tudo que é pertinente à nossa profissão: como poucas profissões exigem, como poucos profissionais são capazes de lidar.
Em nossa revalidações de informação, nos ressaltam as hipóteses possíveis de acidentes, nos informam sobre incidentes, nos mostram tragédias e nos indicam: fiquem atentos!

Nós, comissários, saímos de nossas casas, de nosso conforto, dos braços de quem amamos, para desbravar, à quilômetros de distância da terra, em ambiente confinado, a segurança de pessoas que nunca vimos em nossas vidas.
Ficamos atentos a cada passo, cada possível atitude insegura, cada movimento, barulho, odor, que possa comprometer a segurança de todos aqueles que lá dentro estão.
Ensaiamos, em nossos cursos, repetidas vezes, ações, combates, comandos, para que, se necessário for, possamos fazer com que aquele que está lá, mesmo sem o menor interesse em nossas vidas, seja a pessoa a quem possamos fazer o gesto de salvar.

Abrimos mão, em nosso trabalho, de tantas datas, tantos eventos importantes. Nos fazemos distantes de quem amamos para que pessoas estejam seguras.
Inúmeras vezes, sorrimos a pessoas que desconhecemos, com o coração sangrando, por termos deixado nossas vidas em um ponto que ficou.
Tantas, tantas vezes somos um pouco médicos, um pouco psicólogos, um pouco bombeiros, um pouco escoteiros, um pouco atendentes, um pouco maitres, um pouco ouvidos, um pouco do que o outro precisa, sendo que, nós mesmos, precisávamos daquilo tudo.

Mas é isso que nossa profissão tem de mais bonita: a maturidade em perceber que o mundo é feito por pessoas, que pessoas precisam de pessoas, e servir a alguém, um pouco do que ela precisa, nos faz mais humanos, mais completos. Faz a vida ter todo sentido.

Sobretudo, ser comissário é aprender a diagnosticar, aprender a doar, aprender a servir. Respeitando o outro como outro. Entender que o mundo precisa exatamente disso: carinho, compreensão, desempenho, amor. E disseminar esses itens.
Ser comissário é, acima de qualquer coisa: ser HUMANO.  



sexta-feira, 30 de maio de 2014

A primeira classe vai acabar

A primeira classe vai acabar

A atenção é integral.
Preparação com bem estar em tempo real, a todo momento.
Todas as ações são exclusivas.
Todos os detalhes são dedicados minuciosamente.
Sabe- se preferência de qualquer que seja o assunto: cor, música, ambiente, roupa, filme.
Dedica-se a atender a demanda daquele que a ocupa.
Existe deslocamento, seja 50, 100, 200 kilometros... O que for para satisfazer a presença ao outro.
Datas são guardadas e são comemoradas com êxito.
Percebe-se estilo, providencia-se a preferência apreciada.
Todos os movimentos são pensados para que o agrado aconteça, nem que seja dispensando ou minimizando o prazer daquele que o produz.
Distâncias são relevantes. Diferenças são relevantes.
O investimento é o maior indicador de quão valioso aquele, pode-se dizer, monarca, ocupa neste espaço.
Ações são acompanhadas, vigiadas, comemoradas.
Mais importante que estar bem consigo, é se fazer presente nas conquistas do outro.

Pois bem, chega um dia, percebe-se: o investimento não tem retorno.
Mesmo que se protele por algum tempo, o prejuízo será inevitável.
Logo, acabou-se a primeira classe.

Mas isso não será um problema, porque a maioria não sabe andar de avião. A grande maioria está acostumada a andar de ônibus.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Ela corre pra farmácia e pede por anti-inflamatório.
Desde o dia anterior não consegue nem beber água.
Culpa o tempo que deu uma virada... de uma dia para o outro, dez graus a menos. 
Culpa ter ficado mais de um hora com cabelo molhado.
Culpa os cigarros que fumou a mais.
Culpa a jaqueta fina e a garoa chata.

Só não põe a culpa em si:
Nas palavras entaladas, no engasgo da informação recebida.
Nas atitudes não temperadas, e na disposição não retribuída.
"Não compre remédios": disse a amiga: "compre um desentalador de sapos".


sábado, 24 de maio de 2014

Me parece tão estranho os que recusam sentir emoções.
Os que preferem o silêncio. Os que preferem o brando. Os que se recusam a alçar voo.
A mim é tão diferente aquele que fica recluso, o que se cala.
É tão diferente quem gosta de fórmula, quem faz cálculo.
Talvez, eu esteja errada sobre a vida, mas ainda, para mim, quem nasceu com asas, pode e deve, ensinar os outros a voar. 

domingo, 18 de maio de 2014

Se...

Se tudo o que eu fiz:
o quanto me fiz presente,
o quanto mostrei importante,
o quanto falei de amor e de valor,
não são suficientes,
eu me retiro...
em meu canto aguardo
coração apertado, impaciente,
mas convicta de não errei,
por ter sido verdadeira, emotiva,
sincera ou sofrida.
Não sou tão segura assim,
mas sou convicta que reciprocidade
é maior medida de quem se interessa.



sexta-feira, 16 de maio de 2014

Desculpem-me, mas eu preciso dizer


Desculpem-me os que não precisam ler isso, mas eu preciso dizer.
Vejo, ouço, leio gente revoltada com o país. Gente indignada com a falta de infra-estrutura, educação defasada, saúde um caos, Copa do Mundo superfaturada.
Toda essa revolta tem fundamento. O país está jogado às traças em tudo que deveria ser básico, em todos os "direitos assegurados" em Constituição (que, aliás, também já está precisando de reformas).
Em nosso país, 'abençoado por Deus e bonito por natureza', a corrupção e inescrupulosidade estão correndo soltas, livres, sem medo de serem felizes. 
Tem gente mamando deitado em nossas tetas e o máximo de jornalismo que vemos, é uma notícia ou outra sobre a verdade, encobertada com muito sensacionalismo irreal. 
Porém, as pessoas fazem questão de manisfestar revolta em rede social, como se esse fato, fosse engrandecer ou  melhorar o NOSSO país.
Não vai. Não assim, de forma solta, em palavras soltas, em movimentos soltos.
Mobilizar-se é necessário sim, porém, entender quem são aqueles que nos prejudicam, seja na cara dura, ou encobertos por protecionismo político, é mais importante do que pequenas revoltas em rede social.

Não é o caso de muitas pessoas fundamentadas que conheço. Graças a Deus, tenho amigos inteligentíssimos que usam este meio de comunicação para informar os menos interessados ou menos privilegiados a conhecer a verdade, usando dados, fatos e notícias fundamentadas: essa comunicação é correta.
Porém algumas outras, revoltadas para tudo, bravejam palavras de revolta sendo que, elas mesmas, fazem um pouco do tal "jeitinho brasileiro" para se dar bem.
Tem gente que pede dinheiro emprestado e não devolve (inventa história até o que emprestou cansar e desistir). Tem gente que suborna fiscal. Tem gente que burla o Imposto de renda. Tem gente que para na vaga para deficiente "só por um minutinho". Tem gente que suborna o policial. Tem gente que inventa doença e usa a previdência para ficar afastado do trabalho. Tem gente que faz contrabando. Tem gente que recebe troco a mais e não devolve. Tem gente que falsifica carteirinha de estudante. Tem gente que finge invalidez para aposentar. 
Tem gente pras todos os gostos, ou seriam mau gostos?

Tem gente se dando bem em tudo que pode.
E depois, vem se revoltar contra um sistema inteiro que nasceu, há 514 anos, sendo colonizado por degredados e uma monarquia mais que falida, expulsa do seu país de origem.

Se a gente quer mudar uma cultura, tem que mudar primeiro a si. Nossos valores, nossos atos, nossas premissas, nossos ideais.
Quem continua "dando um jeitinho" pode até se dar bem, mas prejudica um sistema inteiro, e depois, a pancada só vem em forma maior: mais escancarada, mais dolorida, muito, muito mais forte no meu, no seu, no nosso bolso (e em nossos direitos que estão quase entrando em extinção).

Falta segurança sim. Falta saúde sim. Falta infra-estrutura sim. Falta educação sim.
Mas falta muito mais respeito de nós para conosco e para nossos filhos. 
Falta vergonha para parar de apontar ao outro e não corrigir os "nossos pequenos erros perdoáveis" e cheios de auto desculpas.
Falta muito, muito pra termos um país perfeito, mas falta muito mais, para sermos um país correto, de pessoas idôneas.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Encontrar gente de verdade


Bom, de verdade, é encontrar gente que é de verdade.
Pessoa que tem marca, que tem cicatriz, mas não se abala com elas.
Gostoso é esbarrar por aí, no seu dia a dia, com gente sem melindre e que está afim de respirar fundo, de encher o pulmão de vida e a vida de emoção.
É delicioso encontrar gente com outras receitas, e que dividem estas fórmulas: pessoas que já viram o bolo encruar, que já viram cair da forma, que já sujaram um monte de panelas, mas mesmo assim estão dispostas a cozinhar.
É muito bom, poder dividir a vida com gente que tem a alma límpida, mesmo com as dificuldades que a vida já impôs, e tem espírito de criança: gente que se aventura, que está madura pra tudo que for novo. Gente sem medo de errar.
Pessoa que já sabe que as vezes é preciso engatinhar, mas que, mesmo em longo processo, o bom mesmo é correr, correr pra vida, a ponto de deixar o vento ensurdecer os ouvidos.
É maravilhoso encontrar com pessoas que tem o espírito jovem, independente da idade, e se permitem. E te permitem viver nelas.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Você deve morrer

Não é preciso ser poeta. É preciso entender a vida.
E entendendo a vida, em seus pormenores, acabamos por ver poesia nos acontecimentos em geral.
E toda poesia pode ter romance, pode ter drama, pode ter falha.

A vida é uma sucessão de acontecimentos ilógicos, que dizem, em algum momento, tudo fará sentido.
Talvez, esse momento seja único, seja aquele momento que alguns nos convencem, quando o filme passar à nossa frente, em velocidade gigante, quando definitivamente fecharmos os olhos para a vida em si.

Talvez nada precise ter sentido e sim só ser sentido.

Talvez, aprender a respirar com mais calma, aceitar as contradições e ter forças para seguir em frente, seja o único aprendizado, além do desapego, que é a lição maior da vida.

Quantas e quantas vezes já estivemos para alguém, e em algum momento que precisamos, nos vimos sozinhos, sem ter apoio? Esse fato definiria solidão? Esse fato conotaria revolta?
Pode ser um pouco dos dois.
Porém, em tempos diferentes, quem é que já não teve apoio de alguém que apareceu do nada, para fazer coisas que outros próximos foram incapazes de fazer?

A vida não é um banco. Aliás, nem mesmo em nossas contas bancárias onde depositamos 100 moedas, somos capazes de retirar as mesmas 100, um período depois. Existem os juros, as taxas e ao perceber, lá, naquela instituição física, onde você depositou o palpável, você não tem direito a receber de volta o que você colocou. 
Sendo assim: é muito provável que não recebamos de alguém o que já lhe demos. Pode ser que sim. Mas poder ser também que o retorno venha em outro formato, em outra configuração.
E ainda é importante estar com olhos atentos para entender, e agradecer ao Universo pelos frutos colhidos.

Parados, inertes, não recebemos nada. Onde não há doação, não há retorno. Isso é fato.
E um dos desafios da vida é aprender a seguir em frente, todos os dias, mesmo com as contradições e desapontamentos que vêm com ela.

"É preciso morrer algumas vezes antes de realmente viver": disse Charles Bukowski.

E ainda em maior proporção, é preciso aprender a renascer, mesmo quando parecer que todas as forças se esvaíram (isso sim é ledo engano). 
Não há como ter uma única força que empurre para baixo. Quando se chega ao fundo do poço, a única saída é para cima e é para lá que você deve ir.


“You have to die a few times before you can really live" Charles Bukowski - poeta, romancista (1920/1994)


segunda-feira, 12 de maio de 2014

Um dia de mãe (divorciada)



Acorda as 05:30, levanta aos tropeços, banha-se e se veste para o treino. Cuida dos gatinhos (comida e limpar caixa de areia).
Prepara o café da manha: Mesa posta com jogo americano, talheres, pratos, canecas com leite quente achocolatado, pães, manteiga, requeijão. Faz o café.
Acorda todos as 06:00. Enquanto as meninas se trocam, arruma as camas. Volta para o quarto do filho para certificar que o "aplicativo acordar e levantar" fez o download.
Penteia cabelos e ordena: os dentes!
Prepara os pães.

Enquanto todos comem, prepara o lanche da escola. Senta-se as 06:25 e toma um gole do café.
Desce as escadas e aguardam a van da escola. Beijo nas meninas.
Entra, pega mochila, mais um gole de café e lembra: vamos filho!
Desce, de novo, tira carro da garagem, leva o filho para a escola e segue para o treino.
Das 07:00 as 08:30, treina igual uma FDP, agacha igual uma vaca e corre para casa para tomar banho. Hoje é dia de depilação.
Segue para a depilação, mas antes, deixa o carro para lavar.

Depois da sessão de tortura, corre pro açougue. Do açougue para o banco. Do banco para o carro e corre para casa. Deixa as carnes e vai para a escola, pegar boletins e fazer reunião com coordenadoras (perdeu o dia da reunião de pais).
Faz pagamento da escola.
Segue para algumas lojas de pneus para fazer orçamento. Visita três lojas e está na hora de voltar porque a mais nova chega da escola.

11:00h: Prepara almoço. E volta para a escola para pegar a outra filha. Aguarda mais 10 minutos e dá carona para o filho também.
Chegam todos em casa, almoçam (ela, a mãe, com fome de mil mendigos).
Louça lavadas e ordem para banhos vespertinos: aproveitem que está quente para lavar os cabelos!

São quase duas da tarde, quando percebe que já estão atrasadas para a aula de inglês.
Ajuda a filha mais nova a secar os cabelos, enquanto escolhe a roupa para ela.
Recebe um telefonema da sua gerência: deve entregar relatório sobre assunto pendente o mais breve possível.
Pega documentos, mochilas das meninas. As deixa na escola de idiomas. A filha do meio lembra: 'amanhã tem aniversário da Carol na escola!' . "Caramba! O Presente!" 
Corre para o contador.
Espera por 30 minutos aproximados, enquanto ele imprime as guias para pagamento da funcionária.
Enquanto isso, digita o texto do relatório que havia urgência. Email no telefone... tudo que precisa para este momento.
Do contador à loja de presentes. 
Presente escolhido e embrulhado.
Vai à cidade vizinha fazer tratamento de estética.
Uma hora de agulhadas e peeling. 
Corre de volta para a escola de idiomas. Faz o pagamento. Pega as meninas.
Chega em casa com, mais ou menos, meio metro de língua para fora.
Já são 17:00, mas a mais nova precisa de ajuda na lição de casa. A do meio, na correção de exercícios.
O email faz um 'plim', indicando recebimento de alguma importância. Recebe resposta que exige mais dados importantes: procura nas suas coisas aquilo que a empresa pede. Joga todas as folhas da pasta no chão: "Ufa! Achei!".
Retifica email ainda ao telefone, enquanto corrige a pesquisa da filha via google.
'O que tem pra comer?' - pergunta o filho.
Faz um lanche para todos.
Pega uns apetrechos e dirige por 50 km, para a casa da amiga: hoje é dia de aniversário.
Ajuda nos preparativos, assim se sente útil.
Consegue se sentar por 30 minutos na festa, aproximadamente.
Quando todos começam a chegar, as 21:20, percebe que não consegue mais ficar com os olhos abertos. Pede desculpas e volta os 50 km até sua cidade, praticamente sozinha, porque todos dormiram no carro.
Chega em casa as 22:15h, prepara as camas.
Pede para seus pequenos zumbis (os filhos se arrastando de sono) escovarem os dentes.

Dá um beijo em cada um. Deseja bons sonhos.
Deita em seu travesseiro e em um susto abre os olhos: Puta que pariu! já são 05:30!!!

Conto baseado em fatos reais. Infelizmente.




sábado, 10 de maio de 2014

"Começamos a nos frustrar menos, quando entregamos a quantidade exata de ação ao outro que este outro precisa. 
Não se deve, por exemplo, incumbir um ansioso de um trabalho demorado e detalhista. 
Nem entregar ameaças a quem pede uma vida estável.
Ou ainda, dar amor a quem apenas quer sexo.
Pode ser uma visão simplista. Mas a mudança está em SUA atitude e não, no restante do mundo..." 


quinta-feira, 8 de maio de 2014

Então você não sabe o que é amar.


Quem é que nunca se viu sozinho, olhando para um telefone pedindo para ele tocar?
Quem não mandou uma mensagem, carta, telegrama, e ficou contando os minutos para receber uma resposta?
Quem não passou horas em oração, pedindo para receber uma notícia?
Quem já não viu as horas se arrastarem enquanto espera, ansioso, o momento de encontrar?
Quem já não se desfez de um compromisso e se fez segundo plano só para estar ao lado de alguém por alguns minutos?
Quem já não arriscou a própria insanidade, por algum momento de loucura, só para sentir borboletas por alguém?
Quem não mudou toda uma agenda só para poder encontrar o outro?
Quem não engoliu um sapo (ou uma saparia) só para concordar com aquele que te faz sorrir?
Quem não sentiu um gelo tão grande no estômago, seguido de um calor que adormece as pernas, quando o outro lhe mostra algum interesse?
Quem não se desfez do que gosta, refez o que pensa, recompôs o que desfez, em prol de estar ao lado?
Quem já não se torturou, por dias, aguardando reciprocidade?

Quem não aguardou por uma surpresa, um presente, uma presença, qualquer coisa que demonstre interesse também?
Quem não se viu cantando sozinho, sorrindo alegre, sem precisar de motivo ou razão?


Quem não sentiu tudo isso, me desculpe: não viveu. Não se dedicou, não aguardou, e não se surpreendeu.  E não recebeu o melhor da vida que é aprender a amar.


sábado, 3 de maio de 2014

Entre cada ruga

Inúmeros momentos. Nestes muitos momentos, fases: umas gigantes, outras nem tanto.
Pode-se dizer que as maiores fases são aquelas em que ficamos tristes, já que o tempo insiste em se arrastar quando nosso coração pulsa em agonia. 
Independente de quanto valor dados a estes momentos variados (porque sim, somos nós os únicos responsáveis pelo proporção e exaltação do sentimento qual vivemos), qualquer que tenha sido a sensação vivida, ela nos deixa marcas.
Diria uma amigo querido, escritor, Klein: "O segredo não é estar tudo bem porque nunca estará TUDO bem. Assim como nunca estará TUDO ruim. 
É verdade Klein, assim como você, outros filósofos exaltam o quanto valorizamos os momentos tristes, e diria Nietzsche: "precisamos da tristeza para entender a alegria. Não aguentaríamos a condição de sermos felizes todo o tempo."

Eu não quero contradizer Nietzsche (quem sou eu, não é?), mas tenho cá minhas dúvidas sobre não poder ser feliz em tempo integral. 
Concordo com o balanceamento: os momentos não tão fáceis, valorizam os felizes. E a contabilidade disso nos mantém firmes em nossos propósitos, seja lá qual for. 
Como nunca TUDO estará ruim, porque não sorrir sempre que puder?

O sorriso é contagiante, alivia o stress, estimula o sistema imunológico, exercita de 5 a 53 músculos faciais*. Pode ser reconhecido à distancia, abre portas, ajuda em promoções de trabalho. Praticamente uma mágica.

Entendo a dificuldade de algumas pessoas, entendo mesmo. Entendo também que algumas 'fases' não permitem que nosso sorriso seja espontâneo, verdadeiro. Porém, conheço pessoas que fazem questão de exaltar a negatividade de tudo: para esses, sempre algo está errado, são pessoas que estão em eterno velório. Parecem que vivem o próprio enterro, o que, de fato, acaba acontecendo mesmo... elas morrem a cada dia, enaltecendo a tristezas e seus pesos, os infortúnios... e fazem questão de te carregar também.

Somos responsáveis pelo valor que damos a tudo. Não adianta culpar o mundo. O mundo acaba sendo individual. Nunca estará TUDO bem.
Mas sempre, sempre haverão coisas boas. Sempre haverá um motivo, uma razão, uma condição, que seja, para conseguirmos forças para um sorriso.

Algumas pessoas (em geral, as mulheres, mas não é um preocupação exclusivamente feminina) se preocupam com as rugas que carregam no rosto. Eu também não gostaria de envelhecer. Eu também tentarei protelar (de forma saudável) o envelhecimento da minha pele... mas das rugas, eu preciso dizer... de muitas, eu tenho orgulho. 
Aquelas rugazinhas logo ao final dos olhos, aquelas que aparecem quando a gente sorri: é dessas que me orgulho.
Ouvi, há uns 17 anos, de um amigo, a seguinte frase: "Eu gosto de mulheres com rugas nos olhos, isso é sinal que elas sorriem muito". Desde então, não me esqueci. 
Mas uma certeza: entre as nossas expressões, podem haver aquelas de momentos não agradáveis. Não tem jeito, tudo se reflete. 
Porém, entre cada ruga que temos, existe a CERTEZA, dos muitos sorrisos dados: perceba-as de outra forma: existem marcas de alegria estampadas em você. 

As fases tristes passarão. Permita que as fases felizes te marquem: no coração, na memória, e nas lindas rugas que se formam em seu sorriso. 







*fonte: Mundo Curioso http://www.mundocurioso.blog.br/
 Klein blog:http://lixomania.wordpress.com/(leitura mais que recomendada)



quinta-feira, 1 de maio de 2014

Sua opinião é muito importante para nós.



Quando alguém lhe dirige a palavra, saiba: sua opinião é importante.
Não importa o grau de intimidade de vocês, quando alguém se aproxima e extravasa seu íntimo, tudo que você disser deve ser considerado.
Apesar do "nosso mundo" ser exclusivo, e poucas pessoas terem permissão de ocupar este espaço, quando alguém precisa da nossa atenção, nem sempre aquilo que nos é (ou foi) verdade, cabe ao outro também.
Nosso mundo é feito com nossa experiência. Nossa experiência é exclusiva, porque tivemos relacionamentos interpessoais. 
Tudo que aconteceu em qualquer círculo íntimo conosco, seja amizade, familiar, amoroso, não é composto apenas de nossa atitude... Mas sim, da soma daqueles que estiveram naquele círculo: ou seja, a cada relacionamento vivido, haverá a responsabilidade da sua atitude, mais a do outro, tornando-se uma terceira atitude: o que vocês são quando juntos. 
Portanto, não haverá regra para comportamentos: o outro é com você, uma soma do que você é para com ele.
Não deixando de considerar caráter e idoneidade, claro. Porém, é preciso entender que nem todo comportamento será igual, sendo que todo comportamento será uma somatória.

Tantas e tantas vezes nossas experiências servem apenas para nós. Não nos cabe dizer o que dará certo, o que será certo, o que deve ser feito.

Se alguém se aproxima com alguma vontade de externar sua intimidade, é preciso ter tato e sensibilidade.
Qualquer razão do outro pode parecer estúpida, qualquer necessidade do outro pode parecer boba. 
Mas a verdade é que você não sabe. Você não sabe as angústias e problemas ao que o outro passa. Você não sabe a força e vontade que ele faz para superar obstáculos. Você não sabe a necessidade que ele tem de externar aquilo tudo.
Infelizmente, a nós, meros mortais, não foi dada a capacidade de poder resolver os problemas daqueles que nos procuram para contá-los. 
Porém, nos foi dado a capacidade de ouvir. E muitas vezes o que o outro precisa é de ouvidos, e não de opinião.

Ser gentil neste momento, vale muito mais que muita razão.
Ser quem escuta é ato de amor, doação. Doar seu tempo pode valer mais que muita moeda.
Doar seus ouvidos e sua compreensão, e doar palavras carinhosas, é mais caridade que muita campanha é capaz de fazer.

Tantas e tantas vezes somos ouvintes de momentos tão íntimos dos outros, e nem entendemos a importância disso tudo: amor se doa em tantos gestos diferenciados. Pode ser em abraço, podem ser palavras. 
Também pode ser no silêncio da cumplicidade (na sabedoria daquele que sua experiência não ameniza o sofrimento do outro).

Sua opinião é muito importante. Não se esqueça.
Um minuto de amor, cicatriza horas do valor contrário.